quinta-feira, 18 de março de 2010

A responsabilidade e amor ao idoso.




A responsabilidade e amor ao idoso.

Como é difícil alguém cuidar com carinho e amor do pai ou mãe idosa. Somos quatro filhos e há dias em que sinto como filha única. Minha mãe aos 90 anos vive comigo, ela não é complicada no convívio, mas cansa você ter de enfrentar essa responsabilidade sozinha.

Em janeiro, férias da minha empregada, sinto que estou enclausurada. Sair de casa torna-se quase impossível, a maioria dos irmãos e sobrinhos estão viajando, quando consigo meu filho para ficar com ela, torna-se um favor.

Durante o ano, não posso contar com meus irmãos sempre, eles levam a vida deles, eu que me arranje. Era filha e tornei-me mãe. Quando você cuida de seu filho pode agir com com dureza e correção, com mãe não, tem que ouvir, calar e concordar, se não quiser iniciar uma guerra. Um grande benefício meus filhos tiveram, aprenderam a conviver e respeitar o idoso.

Temos que cuidar deles como fomos cuidados, colocando-os como prioridade e não dedicando apenas o tempo que não está ocupado. Ver com amor e não obrigação o que fazemos por eles pois não sabemos até quando os teremos, depois não adianta chorar e lastimar no velório.

O presente não é um passado em potência, ele é o momento da escolha e da ação.

O amor na idade madura


O amor tem sido um tema que vem ocupando as mentes e os corações de milhões de pessoas em todos os tempos. É ele que move a maioria dos romances, dos poemas, das peças teatrais, dos filmes, das músicas e porque não dizer a vida de todos nós.

Vivemos desde a nossa infância sonhando em encontrar o verdadeiro amor, aquela pessoa especial que realizará o nosso sonho de amar e ser amado. É um projeto simples e talvez, um dos mais difíceis de realizarmos. Não que seja difícil amar ou encontrar o objeto de amor mas, muitas coisas podem acontecer que dificultam, adiam ou até, impedem os nossos desejos se realizarem. Todos os adultos poderão lembrar das inúmeras paixões que tiveram ao longo de suas vidas e, como tudo que parecia tão perfeito se desfez ou virou um grande pesadelo.

Fica-se muito triste quando um amor é frustrado e precisamos esquecer de alguém. Para isto usamos inúmeros artifícios. Começamos a colocar muitos defeitos no ex-amado(a), procuramos substituí-lo(a), fazemos canções tipo "dor de cotovelo" ou pensamos em nunca mais voltar a amar.

Se a perda ou a conquista de um grande amor acontece durante a nossa juventude tudo parece, pelo menos ao olhar da comunidade em que vivemos como algo muito natural. Se os protagonistas são, no entanto, pessoas idosas as coisas parecem se complicar. O preconceito em relação ao amor entre os idosos ou entre um idoso(a) e um jovem é ainda uma realidade no Brasil. É raro sabermos deste tipo de relação amorosa sem fazermos algum comentário maldoso, do tipo "eles estão namorando porque ele é muito rico" ou ela está com ele porque "ele está carente e procura uma figura de mãe".

Amar na maturidade ou depois dos 60 anos, 65 anos em diante é um grande desafio para quem quer ainda namorar ou para aqueles poucos, que conseguiram ou gostariam de manter uma relação estável e mais duradoura. Afinal, porque as coisa são tão mais difíceis na velhice. Os próprios idosos, na verdade, já não contam mais com esta possibilidade. Sentem - se "fora do mercado" dos namoros. Acham que dificilmente encontrarão alguém para amar e evitam pensar nisto e, quando pensam ficam tristes. Procuram relembrar os amores do passado os bons e belos momentos que viveram e acham, na maioria, que nunca mais terão a oportunidade de namorar novamente.

O que é possível para os idosos que gostariam ainda de encontrar alguém para amar? Vale a pena investirem e apostarem em uma nova possibilidade de relacionamento? Devem desistir e cuidarem apenas de viverem a suas rotinas de pessoas que já "se aposentaram para o amor"?

Infelizmente, não existe uma resposta geral que satisfaça a todas as pessoas e, que abranja todas as possibilidades dos relacionamentos amorosos.O que sabemos é que o amor e uma companhia carinhosa é uma coisa muito boa, também na velhice. Temos a certeza que é muito difícil viver uma nova experiência afetiva na velhice. No entanto, é impossível não lembrarmos da frase de Fernando Pessoa: - Tudo vale a pena quando a alma não é pequena.



Terceira Idade "...a gente não quer só comer,
a gente quer comer, quer fazer amor..."

Repórter: Ana Maria Reis
23/10/2000

Certamente você já ouviu alguém dizer que a vida começa aos 40. Mas será que ela pára aos 60? Para os 2.800 inscritos no programa Pró-Idoso da Associação Municipal de Apoio Comunitário (Amac), a resposta a esta pergunta é negativa. Nos bailes, eles se revelam, namoram, trocam de namorado e os que têm a chance de encontrar pela segunda, terceira ou quarta vez sua alma gêmea nesta vida acabam se casando.


Com a palavra, os velhinhos:

Onice de Souza Cezário Franco, 76 anos
Geraldo Neves Costa, 76 anos

Eles enviuvaram e tomaram rumos diferentes. Ela ficou em casa, cuidando da família e esperando um novo amor. Ele foi tentar, entre um namorico e outro, esquecer a solidão. Foi em um dos bailes promovidos pelo Pró-Idoso que se conheceram. "Disse a uma amiga que gostaria de me casar novamente e ela me respondeu que me apresentaria a um viúvo supimpa." Dito e feito. Onice e Geraldo namoraram 1 ano e estão casados há 3.
"Foi o casamento dos meus sonhos, entrei na Igreja de longo cor-de-rosa, chapéu e a festa foi maravilhosa. Temos como recordação um álbum com 300 fotografias." Eles se derretem em elogios, acreditando terem nascido um para o outro. "Fomos muito felizes em nosso primeiro casamento. Mas a vida continua...", fala Geraldo que não tinha filhos até encontrar uma vida familiar com Onice e apoio nos seus 5 filhos.

Maria da Conceição Pereira, 73 anos

"Não sou de namoro", freia, literalmente, os velhinhos mais saidinhos do Pró-Idoso. A declaração é da viúva Maria da Conceição que, apesar do pudor, é uma das mais animadas. Se por um lado não quer saber de novos parceiros (ela se casou duas vezes e teve 5 filhos), não recusa um convite para dançar. "Alguém para me conquistar tem que ser muito do meu agrado. Não aconteceu ainda", argumenta a pé-de-valsa, que diz ser muito assediada. "Durante as paqueras, eles falam que sou muito bonita e simpática."

A vida não pode parar

Mas não é só de festa que vivem estes velhinhos, eles suam a camisa para se manterem em forma (fazem ginástica adaptada diariamente pela manhã) e encontram no trabalho voluntário uma forma prazerosa de se sentir útil.

"Todas as atividades têm como objetivo a elevação da auto-estima destes idosos, que durante uma vida inteira sofreram com a repressão e tornaram-se pessoas passivas. Freqüentando as reuniões, bailes e palestras, eles desenvolvem sua postura crítica. Esta ousadia pode estar contribuindo para que estes idosos se encontrem abertos a novos relacionamentos", relata a assistente social do Pró-Idoso, Magda Cristina Ferreira.

Sexo ainda após seis décadas de vida

E em um relacionamento de terceira idade, onde se encaixa o componente sexual? Viagra à parte, o desejo mantém-se vivo após seis, sete, oito décadas de vida, se isto, logicamente, for imprescindível à pessoa. "A sexualidade é um termômetro da forma de ser. Se alguém é aberto para o sexo, também será para outros aspectos da vida", atesta o sexólogo e psicoterapeuta Octávio Viscardi Filho.

Assim, a vida sexual de um casal na terceira idade pode ser plena e feliz se eles conseguirem encarar a velhice e o ato sexual com a mesma traqüilidade.

O que muda no organismo

Certas diferenças físicas influenciam a vida sexual a partir dos 50 anos. Vasos sangüíneos, nervos, musculatura vão sendo afetados. Perdem a elasticidade e a circulação do sangue no organismo não flui tão naturalmente.

Tudo isto vem afirmar que não é o desejo que acaba e, sim, a vontade de procurar o sexo. "Nos homens, o período refratário (espaço de tempo entre uma ereção e outra) tende a aumentar significativamente. Nas mulheres, a diminuição da elasticidade e o processo de ressecamento da vagina tornam a penetração incômoda", avalia o sexólogo Octávio Viscarde Filho.

Terapia sexual

Durante as últimas décadas, a ciência confirmou a suspeita fisiológica de que sexo faz bem. Uma boa resposta sexual favorece todas as outras áreas de atuação humana, como o trabalho, relacionamento familiar e com os amigos, além da criatividade. E isto continua vigorando entre os que têm mais de 50.

Se o idoso entrou na terceira idade, ciente das modificações orgânicas que ele sofrerá, ele tem pouco com o que se preocupar. Embora o fôlego não seja o mesmo, de acordo com o sexólogo Octávio Viscardi, o desejo depende mais da saúde mental, fantasia e alegria de viver, que da musculatura enrijecida.

Durante as sessões de terapia que buscam o prazer na terceira idade, os medicamentos costumam ser coadjuvantes. "O orgasmo está numa dimensão cerebral, por isto o mais importante é fazer com que o corpo desenvolva o seu potencial de toque e de ser tocado", comenta Viscardi.

No entanto, remédios como o Viagra para os homens e a reposição hormonal para as mulheres são estratégias bem vindas.

PRECONCEITO PARA COM O AMOR ENTRE IDOSOS


Há preconceito da sociedade para com relacionamentos afetivos e sexuais na 3a e 4a Idades, como se ao envelhecer, deixássemos de ser homem e mulher. Compartilhamos com você este recente julgado polêmico que trata de ambos os temas: velhice e sexualidade. Esperamos sua opinião.


O TJRS publicou na sexta-feira (27/03/09) o acórdão da 8ª Câmara Cível que, por maioria, reconheceu a união estável para homem e mulher que têm, cada um, quase 80 anos de idade. O pedido judicial feito pela mulher, foi negado em primeiro grau, mas reformado pelo colegiado, por maioria. O homem atualmente é considerado incapaz para os atos da vida civil e é representado na ação por uma vizinha advogada.

O caso é oriundo da comarca de Lajeado (RS). A sentença de primeiro grau - que concluiu pela improcedência do pedido - é do juiz André Luis de Moraes Pinto.O relator no TJ gaúcho, desembargador Claudir Fidelis Faccenda destacou que o requerido nega a existência do relacionamento nos moldes anunciados na inicial, sustentando que "o idoso apenas mantinha uma relação de amizade com a autora, tendo em vista que a mesma residia no casebre existente no mesmo terreno, ao lado da sua casa".O voto de Faccenda lembra os requisitos para o reconhecimento da união estável, de acordo com o disposto na Lei nº 9.278/96: "dualidade de sexo, a publicidade, a continuidade do relacionamento, e o caráter subjetivo, qual seja, o intuito de constituir família". O relator não encontrou a presença desses elementos, ao analisar a prova colhida.

Ao abrir a divergência, o desembargador Rui Portanova - que foi acompanhado pela desembargadora Walda Maria Pierro - iniciou discorrendo sobre o amor entre idosos. Em seguida salientou que "para melhor espantar o preconceito", pedia fosse permitido relatar uma piada que chegou ao seu conhecimento, pela Internet.O magistrado também discorre sobre "o amor entre idosos", porque o primeiro ponto que lhe chamou a atenção "foi a idade avançada de ambos; eles são de 1929 e só isso já seria requisito para se olhar de forma diferente o caso que está diante de nós, fazendo com que nos perguntemos se é possível que pessoas já octogenárias possam postular o reconhecimento de união estável?"Portanova fala de "uma ótica inconsciente e – porque não dizer preconceituosa - contra a qual temos que lutar para não cometer a injustiça da discriminação". Nesse rumo, o desembargador perguntou a seus colegas de Câmara e ao representanre do Ministério Público: "será que nos permitimos imaginar a figura deles fazendo sexo?". Contra o julgado cabe o recurso de embargos infringentes. (Proc. nº 70027012988). O desembargador Portanova disse "esperar que a leitura da piada na corte ajudasse a perceber e a deixar de lado aqueles preconceitos escondidos no inconsciente na hora de julgar".
A Piada usada por Portanova
O atendente da farmácia recebe a cliente, quase octogenária, com uma lista na mão. Ela pergunta: - Moço, o senhor tem aí fraldas geriátricas?- Tenho, minha senhora.- E fixador de dentadura?- Tenho também.- E remédio para pressão?- Sim.- E remédio para reumatismo, osteoporose, inflamação?...- Tenho minha senhora, isso aqui, afinal de contas, é uma farmácia.- Ah bom. Então posso deixar aqui a minha lista de noivas bem sossegada...”



O amor entre idosos e a lista de noivas





Hoje posto um artigo que copiei do site do colega gaúcho Marco Birnfeld. A matéria relata fato real e mesmo transcreve o acordão do Tribunal de Justiça do RGS, estado onde nasci.

A meu ver, o colegiado julgou corretamente. É do interesse de todos batalharmos contra preconceitos de qualquer espécie.

Lembro que a ONU considera idosa toda a criatura a partir dos 65 anos...
E há muitas pessoas que, a essa idade, trabalham tanto ou mais que muito jovem - mormente se forem intelectuais. Estes estão com sua capacidade intelectual enriquecida pela vivência - que só se adquire no perpassar dos anos.

E mais: o amor não tem idade. Esta pode mesmo aprimorá-lo. Se com saúde e existir amor - sentem desejo sexual... porque, então , o juiz de primeira instância baseou-se apenas na fria letra da lei e não inspirou-se na Lei de Introdução ao Código Civil?

Ressalto que não me cabe "julgar o juiz"... apenas externo minha opinião . A defesa de Portanova, por seu lado, não poderia ter sido melhor. Que todos advogados soubessem defender as causas como o colega gaúcho.

Mirna Cavalcanti de Albuquerque Pinto da Cunha.
OAB/RJ 004762

O TJRS publicou na sexta-feira (27) o acórdão da 8ª Câmara Cível que, por maioria, reconheceu a união estável para homem e mulher que têm, cada um, quase 80 anos de idade. O pedido judicial feito pela mulher foi negado em primeiro grau, mas reformado pelo colegiado, por maioria. O homem atualmente é considerado incapaz para os atos da vida civil e é representado na ação por uma vizinha advogada. O caso é oriundo da comarca de Lajeado (RS).

A sentença de primeiro grau - que concluiu pela improcedência do pedido - é do juiz André Luis de Moraes Pinto.

O relator no TJ gaúcho, desembargador Claudir Fidelis Faccenda, destacou que o requerido nega a existência do relacionamento nos moldes anunciados na inicial, sustentando que "o idoso apenas mantinha uma relação de amizade com a autora, tendo em vista que a mesma residia no casebre existente no mesmo terreno, ao lado da sua casa".

O voto de Faccenda lembra os requisitos para o reconhecimento da união estável, de acordo com o disposto na Lei nº 9.278/96: "dualidade de sexo, a publicidade, a continuidade do relacionamento, e o caráter subjetivo, qual seja, o intuito de constituir família". O relator não encontrou a presença desses elementos, ao analisar a prova colhida.

Ao abrir a divergência, o desembargador Rui Portanova - que foi acompanhado pela desembargadora Walda Maria Pierro - iniciou discorrendo sobre o amor entre idosos. Em seguida salientou que "para melhor espantar o preconceito", pedia fosse permitido relatar uma piada que chegou ao seu conhecimento, pela Internet (veja a matéria seguinte).

O magistrado também discorre sobre "o amor entre idosos", porque o primeiro ponto que lhe chamou a atenção "foi a idade avançada de ambos; eles são de 1929 e só isso já seria requisito para se olhar de forma diferente o caso que está diante de nós, fazendo com que nos perguntemos se é possível que pessoas já octogenárias possam postular o reconhecimento de união estável?"

Portanova fala de "uma ótica inconsciente e - porque não dizer preconceituosa - contra a qual temos que lutar para não cometer a injustiça da discriminação". Nesse rumo, o desembargador perguntou a seus colegas de Câmara e ao representanre do Ministério Público: "será que nos permitimos imaginar a figura deles fazendo sexo?".

Contra o julgado cabe o recurso de embargos infringentes. (Proc. nº 70027012988).

A piada usada no acórdão

O desembargador Portanova disse "esperar que a leitura desta piada na corte ajudasse a perceber e a deixar de lado aqueles preconceitos escondidos no inconsciente na hora de julgar".

A lista de noivas

O atendente da farmácia recebe a cliente, quase octogenária, com uma lista na mão. Ela pergunta:

- Moço, o senhor tem aí fraldas geriátricas?
- Tenho, minha senhora.
- E fixador de dentadura?
- Tenho também.
- E remédio para pressão?
- Sim.
- E remédio para reumatismo, osteoporose, inflamação?...
- Tenho minha senhora, isso aqui, afinal de contas, é uma farmácia.
- Ah bom. Então posso deixar aqui a minha lista de noivas bem sossegada..."


Acórdão do TJRS
"A idade avançada das partes, a vida em comum e a ajuda mútua - tanto em termos emocionais como financeiros - é suficiente para se reconhecer a união estável em que viviam".



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