terça-feira, 16 de março de 2010

Acidentes com moto matam mais..

Acidentes com moto matam mais


100410.jpgPor ser muito vulnerável e oferecer pouca ou quase nenhuma proteção, as motocicletas são alvo fácil dos acidentes de trânsito envolvendo vítimas fatais.
Dados levantados pela Polícia Militar Rodoviária de Gaspar revelam que somente em 2008, as rodovias Ivo Silveira e Jorge Lacerda registraram 84 acidentes envolvendo motocicletas.

10049.jpgCarlos Alexandre Meis, 23 anos, pilotava sua moto na rua Arnoldo Schramm quando foi surpreendido por um veículo que cortou sua frente e colidiu com a motocicleta. Com o impacto, Carlos foi jogado para frente, bateu em uma placa, perdeu o capacete e bateu com a cabeça no meio fio. O jovem entrou em coma e passou 100 dias na UTI até que veio a falecer, no último domingo, 8.

Carlos é a mais recente vítima fatal de um acidente envolvendo motocicleta em Gaspar. Sua família sofreu uma indescritível agonia nestes cem dias em que o jovem esteve na UTI. Agonia esta que ficará guardada para sempre na memória de seus pais, familiares e amigos.

Assim como a família de Carlos, muitos outros gasparenses já sofreram a perda de familiares ou amigos que perderam a vida em acidentes de moto.

Acidentes
Por ser muito vulnerável e oferecer pouca ou quase nenhuma proteção, as motocicletas são alvo fácil dos acidentes de trânsito envolvendo vítimas fatais.

Dados levantados pela Polícia Militar Rodoviária de Gaspar revelam que somente em 2008, as rodovias Ivo Silveira e Jorge Lacerda registraram 84 acidentes envolvendo motocicletas. O capitão Clayton Marafiotti, da Polícia Militar da cidade, revela que um levantamento feito pela PM aponta o trecho urbanizado da rodovia Jorge Lacerda, entre o Ginásio João dos Santos e a empresa Circulo, como o trecho com maior incidência de acidentes de trânsito.

Além das rodovias, as ruas da cidade também são palco freqüentes de acidentes envolvendo motocicletas. Somente em 2008 a Polícia Militar atendeu 35 acidentes leves, que não envolveram vítimas.

O número de acidentes envolvendo vítimas não pôde ser levantado pela equipe da Polícia Civil, que é a responsável pelos boletins no caso de acidentes com vítimas, sejam elas fatais ou não. Porém, dados levantados pela equipe do Corpo de Bombeiros revelam que nos últimos três meses 118 pessoas foram atendidas pela equipe de socorro, vítimas de acidentes envolvendo motocicletas nas ruas da cidade.

Mutilações mudam vidas

100410.jpgUm acidente envolvendo uma motocicleta e uma retro-escavadeira mudou para sempre a vida de Ivandro da Silva, morador do bairro Barracão.

O acidente aconteceu há sete anos, mas ficará guardado para sempre na memória de Ivandro, que na época tinha 29 anos. Ele pilotava sua moto na rodovia Ivo Silveira, em direção ao município de Brusque, quando foi surpreendido por uma retro-escavadeira, que passou por cima da sua perna direita.

A perna de Ivandro ficou completamente destruída e teve que ser amputada no mesmo dia. "Eu estava bem, tinha minha perna e de repente, no mesmo dia, me vi sem uma perna. Foi um choque", conta o jovem, que hoje está bem e leva uma vida normal. Ivandro agora tem um carro e, com algumas adaptações, pode até dirigir. Ele não arrumou nenhum emprego desde então, está encostado por invalidez, e até hoje ainda luta na justiça por uma indenização por parte da empresa responsável pela retro-escavadeira.

Para Ivandro, a culpa do alto número de ocorrência de trânsito envolvendo motocicletas é dos motociclistas e também dos motoristas. "Tanto um como outro são muito imprudentes no trâ nsito. É preciso ter muito cuidado e atenção e é preciso ter consciência dos perigos que a moto oferece", opina.

Susto
Diego Ubiratan Batista tem 25 anos e há dois sofreu um acidente de moto, também na rodovia Ivo Silveira. O acidente aconteceu em frente ao Supermercado Zoni e o jovem estava de carona com um amigo. Diego não precisou amputar nenhum membro do corpo, mas devido à fratura que sofreu na perna, o jovem sofreu uma grave cirurgia e depois, no momento da recuperação, descobriu que havia sofrido uma embolia gordurosa pulmonar. A gordura do osso havia ido para o pulmão e Diego passou 13 dias na UTI, em recuperação.

Após o acidente Diego ficou quase dois anos em recuperação e só voltou a trabalhar há alguns meses. "Todo cuidado no trãnsito é pouco. É importante que o motociclista fique sempre atento, nosso acidente aconteceu por falta de atenção. Além disso, acho importante usar a buzina sempre que for ultrapassar", alerta o jovem.

Música ajudou na superação
A música tornou-se a principal companheira de Ricardo Alexandre Machado, 31 anos, desde que sofreu um grave acidente de moto, há 15 anos.

O acidente aconteceu em frente ao Dietrich Materiais de Construção, na rodovia Ivo Silveira. Ricardo estava na carona da moto de um amigo quando ambos foram surpreendidos por um veículo que cortou a frente da moto. A perna esquerda de Ricardo ficou presa em baixo do carro. O motorista tentou fugir do local e não percebeu que Ricardo estava preso ao veículo. Na fuga, o veículo arrancou a perna esquerda de Ricardo, que na época tinha apenas 16anos. "Eu desmaiei na hora. Fiquei muito ferido e eu não sentia nada. Depois deste acidente minha vida deu um giro de 180 graus", conta.

Depois da recuperação começaram as lutas e até hoje Ricardo ainda não recebeu nenhuma indenização do acidente. Ele nunca tirou carteira de motorista e desde então nunca mais andou em uma moto. "Depois do acidente eu pensava: e agora? O que vou fazer da minha vida?", lembra.

Hoje Ricardo reside no Poço Grande e trabalha como músico - toca teclado - em festas de casamento e eventos em geral.

Para o músico, todo cuidado é pouco na hora de pilotar pelas ruas e rodovias. "É importante que o motociclista fique atento em todo momento e cuide não só de seus movimentos, mas também do que os outros condutores fazem. A velocidade também deve ser ponderada, para evitar os fortes impactos", recomenda Ricardo.

Número de motos cresce
O alto número de acidentes envolvendo motocicletas pode ser justificado pelo aumento do número de motos que circulam pelas ruas da cidade.

Segundo o Departamento Estadual de Trânsito, o Detran, nos últimos sete anos o número de motocicletas triplicou em Gaspar. Em 2002 apenas 2.732 motocicletas circulavam pela cidade. Até março deste ano o órgão já registrava 6.563 motocicletas emplacadas em Gaspar. Somadas às motos da cidade, estão as motocicletas de outras cidades, que trafegam por Gaspar para se dirigir às demais cidades do Vale do Itajaí ou do litoral.

O aumento no número de motos se explica pelo fato da popularização do veículo, que nos últimos anos ganhou diversas facilidades na venda, atraindo cada vez mais compradores. Segundo especialistas da área, os preços baixos e as facilidades de parcelamento - hoje é possível comprar uma moto sem dar nada de entrada e pagá-la em parcelas inferiores a R$200 por mês - incentivaram o aumento do número de motocicletas em todo o país. Além disso, o veículo passou a ser mais utilizado por mulheres e novas profissões como moto-boy e moto-taxi surgiram nos últimos anos, aumentando o número de motocicletas nas ruas.

Ano - número de motos
2002 2.732
2003 3.168
2004 3.614
2005 4.464
2006 5.514
2007 6.423
2008 (até março) 6.563

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