quarta-feira, 17 de março de 2010

Família


Família

Família: o lugar onde somos tratados melhor e onde se resmunga mais.
(J. Garland Polard)

O reduto familiar na Terra foi um dos primeiros ambientes formados, para que se reunissem as almas em adestramento na prisão do corpo físico. Viver em conjunto é a maior necessidade dos seres humanos, para a conquista da compreensão, dando início ao amor e à oportunidade da reencarnação.
Passaram-se épocas incontáveis, mas a família continuou crescendo, criando novas necessidades e ampliando seus deveres frente ao seu despertamento espiritual. As leis cada vez mais passaram a amparar a linhagem familiar, resguardando sua força em defesa da moral, supostamente dissolvida pelo progresso.
A família é, pois, a célula da sociedade, de onde nasce a segurança para a própria criatura, porque nela as leis fazem encontrar as inimizades que se tornam amizades pelo passar do tempo na luz de Deus.
Ninguém destrói a família; ela avança, mesmo depois do túmulo, buscando o crescimento do amor e glorificando a lei da justiça.
A fraternidade é gerada com mais intensidade no agrupamento; no entanto, é onde mais se resmunga, por causa dos encontros dos endividados com a lei, que buscam se entender, uns com os outros, em várias das suas reencarnações. O tronco familiar se faz uma bênção de Deus; é um ninho aconchegante de oportunidades, destinado a compreender o objetivo da própria vida espiritual.
Já assinalamos que a vida na Terra principiou em agrupamentos, sem esquecer todos os reinos, que podem ser observados com facilidade, na natureza: as pedras, as árvores, os animais e, enfim, os homens, e vão muito além, os Espíritos desencarnados. Veja os mundos e as próprias galáxias! Todos se movem juntos, ligados por fluidos que partem do “coração” de Deus.
Jesus surgiu também em um grupo familiar, para dar exemplo do Seu valor. Vamos aprender a amar a família, para que esse amor se estenda à família universal, como a toda a criação. Tudo que existe é nosso próximo, por nada existir desligado, dentro da casa do Senhor.
O pensamento de Deus circula na intimidade de toda a criação, inspirando e fazendo crescer todas as coisas, na mostra do progresso universal. Estamos nos aproximando de novos acontecimentos que vão nos dar a impressão de destruição da família e dos povos, sendo isso, entretanto, somente nas aparências; é para unificar os povos e solidificar as famílias em todas as nações. Não há o que temer, em relação às convulsões morais que se aproximam, nem mesmo às guerras que poderão surgir, pela ignorância dos homens, pois, no somar das confusões, as bênçãos do Criador reúnem todos pela sintonia, dando a cada um, a cada grupo, o salário a que fizeram jus, na pauta do tempo e no desenrolar da vida.
Como diz o pensamento em que nos inspiramos, é no lugar onde se resmunga mais. Vamos deixar de resmungar, amando aos que nos cercam.

Família

A família consangüínea, entre os homens, pode ser apreciada como o centro essencial de nossos reflexos. Reflexos agradáveis ou desagradáveis que o pretérito nos devolve.

Certo, não incluímos aqui os Espíritos pioneiros da evolução que, trazidos ao ambiente comum, superam-no, de imediato, criando o clima mental que lhes é peculiar, atendendo à renovação de que se fazem intérpretes.

Comentamos a nossa posição no campo vulgar da luta.

Cada criatura está provisoriamente ajustada ao raio de ação que é capaz de desenvolver ou, mais claramente, cada um de nós apenas, pouco a pouco, ultrapassará o horizonte a que já estenda os reflexos que lhe digam respeito.

O homem primitivo não se afasta, de improviso, da própria taba, mas aí renasce múltiplas vezes, e o homem relativamente civilizado demora-se longo tempo no plano racial em que se assimila as experiências de que carece, até que a soma de suas aquisições o recomende a diferentes realizações.

É assim que na esfera do grupo consangüíneo o Espírito reencarnado segue ao encontro dos laços que entreteceu para si próprio, na linha mental em que se lhe caracterizam as tendências.

A chamada hereditariedade psicológica é, por isso, de algum modo, a natural aglutinação dos espíritos que se afinam nas mesmas atividades e inclinações.

Um grande artista ou um herói preeminente podem nascer em esfera estranha aos sentimentos nos quais se avultam. É a manifestação do gênio pacientemente elaborado no bojo dos milênios, impondo os reflexos da sua individualidade em gigantesco trabalho criativo.

Todavia, na senda habitual, o templo doméstico reúne aqueles que se retratam uns nos outros.

Uma família de músicos terá mais facilidade para recolher companheiros da arte divina em sua descendência, porque, muitas vezes, os espíritos que assumem a posição de filhos na reencarnação, junto deles, são os mesmos amigos que lhes incentivam a formação musical, desde o reino do espírito, refletindo-se reciprocamente na continuidade da ação em que se empenham através de séculos numerosos.

É ainda assim que escultores e poetas, políticos e médicos, comerciante e agricultores quase sempre se dão as mãos, no culto dos melhores valores afetivos, continuando-se, mutuamente, nos genes familiares, preservando para si mesmos, mediante o trabalho em comum e segundo a lei do renascimento, o patrimônio evolutivo em que se exprimem no espaço e mo tempo. Também é aí, de conformidade com o mesmo princípio de sintonia, que vemos dipsômanos e cleptomaníacos, tanto quanto delinqüentes e enfermos de ordem moral, nascendo daqueles que lhes comungam espiritualmente as deficiências e as provas, porquanto muitas inteligências transviadas se ajustam ao campo genético daqueles que lhes atraem a companhia, por força dos sentimentos menos dignos ou das ações deploráveis com que se oneram perante a Lei.

A vida familiar, por esse motivo, é a resultante da conjunção de débitos, situando-nos no plano genético enfermiço que merecemos, à face dos nossos compromissos com o mundo e com a vida. Dessa forma, somos impelidos a padecer o retorno dos nossos reflexos tóxicos através de pessoas de nossa parentela, que no-los devolvem por aflitivos processos de sofrimento.

Temos assim, no grupo doméstico, os laços de elevação e alegria que já conseguimos tecer, por intermédio do amor louvavelmente vivido, mas também as algemas de constrangimento e aversão, nas quais recolhemos, de volta, os clichês inquietantes que nós mesmos plasmamos na memória do destino e que necessitamos desfazer, à custa de trabalho e sacrifício, paciência e humildade, recursos novos com que faremos nova produção de reflexos espirituais, suscetíveis de anular os efeitos de nossa conduta anterior, conturbada e infeliz.

Família: Espaço de Conveniência

A história das relações familiais sempre esteve atrelada à história do conhecimento humano. Na Idade Primitiva, quando o conhecimento do uso da força era vital para estabelecer a sobrevivência, as relações familiares também mantinham essa base, onde o mais forte comandava o grupo, levando o homem ao poder e a mulher à submissão. O contato com a natureza e a realização dos mitos para explicar seus diversos fenômenos também se refletem na família, como no caso da gestação, tornada um símbolo e comemorada em rituais sagrados, mitificando o poder masculino na fecundação. Com o avanço do conhecimento e o progresso social, complexificando o mundo das relações humanas, o grupo social inicia a procura de uma estabilização, aparecendo a figura do casal - um pertence ao outro - e os frutos desse envolvimento, os filhos. A família pode então ser definida como sendo o grupo formado por pai, mãe e filhos.
Os cultos religiosos, de uma maneira geral, serviram para ajustar esse perfil, na procura de conceitos éticos para o viver humano. Gregos e romanos, através das leis, procuraram manter a família, determinando direitos e deveres. Mas as guerras, a predominância de um conhecimento mitológico e a prevalência do uso da força continuariam a manter a submissão feminina no trato doméstico, e mesmo a submissão dos filhos às ordens paternas (internas) e oficiais (externas).
Com o advento do cristianismo há uma retomada da discussão de ordem moral sobre a família, logo depois ofuscada de falso moralismo e preconceitos diversos. Entretanto, a verdade é que Jesus, para escândalo de muitos, protegeu a mulher e as crianças, exaltou suas virtudes e conclamou a família para uma união legítima com base na fraternidade. É o que hoje consagramos como "direitos iguais". O grande erro cometido por seus seguidores, e entenda-se aqui os teólogos da Igreja Católica, arrogando-se uma outorga divina absolutamente questionável, foi declarar que a mulher não possuía alma. Cometeram, na entrada do período chamado Idade Média, não apenas uma grave injustiça, mas uma aberração doutrinária frontalmente contrária ao conhecimento já então estabelecido.
A família, enquadrada em numerosos conceitos sem razão, perdeu a espiritualidade para fixar-se no imediato materialista.
Somente a partir do século XVII, com as relações sociais mais estáveis e a crítica científica sobre a religião estabelecida, a família retoma os conceitos éticos de sua formação, estabelecendo o padrão mais conhecido: pai, mãe, filhos, avós, tios, sobrinhos, o que prevalece até à metade do século XX, quando a corrida pelo conhecimento, o domínio tecnológico, as filosofias libertárias e a ânsia do não compromisso bilateral, esfacelam as relações familiares. Hoje, redefinimos a família numa visão mais ampla e mais dinâmica, e concentramos as discussões sobre as questões do relacionamento familiar. Isso porque a desestrutura moral caracterizada pelo adultério, sexo livre, aborto, consumo de drogas, separações, violência doméstica é de tal magnitude, que já não nos interessa simplesmente definir família, mas entendê-la enquanto espaço de convivência de seres humanos. Quais as suas finalidades? Quais são seus objetivos? E sua influência na estrutura social? Qual seu papel na formação da personalidade de seus componentes? Como deve ser compreendida do ponto de vista das relações ético-morais? Responder essas perguntas pode tornar-se um exercício exaustivo, pois a profundidade do conhecimento humano oferta-nos teorias e mais teorias, caminhos e mais caminhos.
Vamos estabelecer, como princípio básico do nosso raciocínio, que as relações familiais são acima de tudo, de ordem moral. Como prova dessa afirmação aí estão as pesquisas, estatísticas, noticiários, tão fartas que páginas e mais páginas não dariam conta de seu conteúdo. E podemos chamar a nosso testemunho o cotidiano das famílias que conhecemos, inclusive a nossa, quando percebemos nelas um desgaste emocional acentuado e uma intrincada rede de dissabores morais
Sendo as relações familiais de ordem moral, fica claro que as questões empregatícias, salariais, orçamentárias, culturais, de lazer, etc., ficam subordinadas aos padrões éticos estabelecidos para a convivência.
Na família antiga encontramos um espaço de convivência maior entre seus membros, embora aqui não estejamos discutindo sua qualidade. Na família atual, pelo contrário, e apesar das facilidades tecnológicas, encontramos um espaço de convivência menor. A própria tecnologia é responsável indireta por isso, pois ocupamos espaços vitais para assistir televisão, ouvir música, navegar na rede mundial de computadores - a Internet - e assim por diante. Diante disso, somos forçados a declarar, em reconhecimento, que a família atual necessita de suporte para encontrar seu equilíbrio moral.
A família deve participar de grupos sócio-educativos que proporcionem a ela uma retomada do seu papel e permitam uma discussão dela mesma enquanto espaço de convivência de seres humanos.
Deve o leitor estar se perguntando: e o Espiritismo? Quando o autor deste artigo vai citar a Doutrina? Mas já a citamos. Estamos com ela desde o princípio. Pois nosso pensamento está todo assentado nos princípios espíritas.
Quem nos diz que a família é espaço de convivência são os Espíritos ao responderem à questão 714 de "O Livro dos Espíritos": "Os liames sociais são necessários ao progresso e os laços de família resumem os liames sociais: eis porque eles constituem uma lei natural. Deus quis que os homens, assim, aprendessem a amar-se como irmãos."
Para aprender a amar seus irmãos, é preciso conviver com eles, estar com eles, relacionar-se com eles, descobrir-se com eles, nas alegrias e tristezas, construindo-se ao mesmo tempo em que ajuda o outro a construir-se e recebe auxílio daquele que está com você. A família é esse lugar, esse espaço de convivência, reunindo Espíritos através dos laços de afinidade, dos débitos passados, das promessas futuras, sempre proporcionando oportunidades de progresso no campo moral.
Cabe ao Centro Espírita dimensionar os serviços de suporte à família atual, mas não de forma isolada. Deve o Centro Espírita integrar suas ações com outras instituições, tanto de caráter religioso como social, na busca da melhor qualidade do atendimento individual e coletivo, naturalmente sem perder sua identidade doutrinária, mas objetivando o resgate da ordem moral que deve alicerçar a família como espaço de convivência.
Entre os serviços de apoio à família, destacamos os cursos de formação para os pais. Allan Kardec, em artigo publicado na "Revista Espírita" de fevereiro de 1864, assim se pronuncia, enaltecendo o Espiritismo como doutrina capacitada para fomentar a educação moral:
"Os novos horizontes que abre o Espiritismo fazem ver as coisas de outra maneira; sendo o seu objetivo o progresso moral da humanidade, forçosamente deverá iluminar o grave problema da educação moral, primeira fonte da moralização das massas. Um dia compreender-se-á que esse ramo da educação tem seus princípios, suas regras, como a educação intelectual, numa palavra, que é uma verdadeira ciência; talvez um dia, também, será imposta a toda mãe de família a obrigação de possuir esses conhecimentos, como se impõe ao advogado a de conhecer o Direito."
O conhecimento moral deve ser propiciado aos pais pelo Centro Espírita, que é a instituição capacitada para trabalhar a família do ponto de vista da reencarnação e de sua finalidade, como espaço de convivência de Espíritos que trabalham seu progresso moral.


Familiares Problema

Desposaste alguém que não mais te parece a criatura ideal que conheceste. A convivência te arrancou aos olhos as cores diferentes com que o noivado te resguardava o futuro que hoje se fez presente.

Em torno, provações, encargos renascentes, familiares que te pedem apoio, obstáculos por vencer. E sofres.

Entretanto, recorda que antes da união falavas de amor e te mostravas na firme disposição em que assumiste os deveres que te assinalam agora os dias, e não recues da frente de trabalho a que o mundo te conduziu.

Se a criatura que te compartilha transitoriamente o destino não é aquela que imaginaste e sim alguém que te impõe difícil tarefa a realizar, observa que a união de ambos não se efetuaria sem fins justos e dá de ti quanto possível para que essa mesma criatura venha a ser como desejas.

Diante de filhos ou parentes outros que se valem de títulos domésticos para menosprezar-te ou ferir-te, nem por isso deixes de amá-los. São eles, presentemente na Terra, quais os fizemos em outras épocas, e os defeitos que mostrem não passam de resultados das lesões espirituais causadas por nós mesmos, em tempos outros, quando lhes orientávamos a existência nas trilhas da evolução.

É provável tenhamos dado um passo à frente. Talvez o contato deles agora nos desagrade pela tisna de sombra que já deixamos de ter ou de ser. Isso, porém, é motivação para auxílio, não para fuga.

Atentos ao princípio de livre arbítrio que nos rege a vida espiritual, é claro que ninguém te impede de cortar laços, sustar realizações, agravar dívidas ou delongar compromissos.

Divórcio é medida perfeitamente compreensível e humana, toda vez que os cônjuges se confessam à beira da delinqüência, conquanto se erija em moratória de débito para resgate em novo nível. E o afastamento de certas ligações é recurso necessário em determinadas circunstâncias, a fim de que possamos voltar a elas, algum dia, com o proveito preciso.

Reflete, porém, que a existência na Terra é um estágio educativo ou reeducativo e tão só pelo amor com que amamos, mas não pelo amor com que esperamos ser amados, ser-nos-á possível trabalhar para redimir e, por vezes, saber perder para realmente vencer.


Familiares

Enquanto aguardava o médico, Tia Eunice, em determinado instante, avisou-me de que iria ao interior buscar os familiares, e saiu, deixando-me entregue aos pensamentos novos que me invadiam a cabeça.

Decorridos alguns minutos, abriu-se a porta e nossa tia chegou acompanhada por outras pessoas.

A princípio, julguei que fossem muitas, mas eram duas apenas – vovó Adélia e primo Antoninho.

Vovó prendeu-me atenção ,mais fortemente. Não estava trêmula, nem curvada. Pareceu-me muito mais moça, alegre e forte. Seus olhos, serenos e lúcidos, irradiavam aquela mesma bondade de outros tempos.

A surpresa de vê-la, junto de mim, enchia-me de encantamento e satisfação.

Que alívio!

Lembra-se de quando vovó se retirou da residência, muito mal, para casa de saúde?

Desde então, jamais a vimos.

Mamãe anunciou-nos então a morte da santa velhinha, sem permitir que a seguíssemos, na grande viagem que a levou a efeito para a derradeira visita.

Freqüentemente, ambos comentávamos as grandes saudades que nos deixara vovó. Ela sempre nos assistira com excessiva ternura. Dominava-nos com amor e bondade. Perdoava-nos todas as faltas. Poderá você aliviar a alegria que senti, vendo-a aproximar-se?

Ao lado dela, estava Antoninho, que reconheci, de pronto. Nosso primo havia igualmente “morrido”, em hospital distante de nós. Pousou os olhos afetuosos e doces em mim, tranqüilizando-me o coração...

Verdadeira torrente de perguntas atravesso-me o cérebro naqueles momentos rápidos.

Muitas vezes ouvira dizer, aí na Terra, que após a morte do corpo seríamos conduzidos ao Céu ou ao Inferno. O que eu via, porém, era a continuação da paisagem familiar, querida e confortadora. Vovó, Tia Eunice e Antoninho estavam ali, mais vivos que nunca, diante de mim, desfazendo nosso velho engano de que houvessem desaparecido para sempre na morte.

Nossa carinhosa velhinha e o primo abraçaram-me, sorridentes.

Vovó chorou de alegria ao beijar-me, aconchegando-me ao colo, como antigamente.

Perguntou-me por todos. Lamentou não ter podido acompanhar minha vinda, no que foi substituída por Tia Eunice, e declarou que visitaria mamãe na primeira oportunidade. Indagou, bondosa, se você e eu ainda éramos aqueles mesmos pequenos endiabrados que lhe escondiam os óculos para ganhar brinquedos e merendas.

Amparando-me nos braços de vovó, tão carinhosa e tão boa, senti muitas saudades de mamãe e chorei bastante.

Nossa querida velhinha, porém, consolou-me, explicando que, um dia, mamãe e vocês virão também para o nosso novo lar.

Famílias Espíritas

O dia decorria com naturalidade e normalidade, numa tarde soalheira de Verão, quando uma adolescente nos pergunta com a rapidez e frontalidade características da sua faixa etária:
As famílias espíritas são diferentes? Pensei que eram diferentes, que todos se dessem muito bem e que nunca tivessem problemas, afinal, são como as outras... no entanto a minha família está muito melhor desde que conheceu o espiritismo. É assim?
Depois da surpresa da pergunta, quando o pensamento estava bem longe, talvez nos motivos do Verão, como a praia ou outro assunto com ele relacionado, não pudemos deixar de verificar a pertinência de tão arguta observação por parte de uma adolescente.
Aproveitando a oportunidade lá lhe explicámos que as famílias espíritas são pessoas que apenas adoptaram o espiritismo (ou doutrina espírita) como filosofia de vida, mas que continuam a ser pessoas, com as suas virtudes e defeitos, com os seus problemas existenciais como toda a gente, bem como que em muitas famílias acontece inclusive que um dos cônjuges é espírita e o outro não, sem que isso signifique qualquer motivo de problema no lar.
O espiritismo, ou doutrina espírita explica-nos que somos seres imortais que estamos temporariamente num corpo carnal, objectivando o nosso crescimento pessoal nesta existência corpórea (reencarnação). Assim sendo, somos espíritos que caminhamos de reencarnação em reencarnação buscando novas experiências, nova aprendizagem, objectivando um dia sermos espíritos puros.
Os espíritos agrupam-se em famílias espirituais, isto é, grupos de espíritos mais ou menos numerosos que se encontram na mesma faixa evolutiva. São os chamados espíritos simpáticos, ou espíritos que simpatizam entre si, que sentem afinidade entre si, derivada da sintonia vibratória em que se encontram, na mesma faixa evolutiva.
Quando voltam à Terra, esses espíritos pertencentes a uma determinada família espiritual podem estar reencarnados em vários locais, cidades, países. Podem por vezes encontrar alguns desses companheiros na sua própria família carnal, outras vezes encontram-nos mais facilmente fora da mesma.
A família carnal funciona como que um pequeno laboratório onde se transmutam os sentimentos, objectivando a paz interior, a tranquilidade íntima, onde podemos encontrar seres amigos ou inimigos provenientes do nossa passado. Nesse sentido, as famílias carnais são passageiras, mudam de acordo com a necessidade evolutiva de cada um, podendo numa próxima reencarnação voltarmos juntos de novo ou não. O verdadeiro laço familiar é pois o laço pelo espírito, pelos sentimentos e não o laço do sangue.
Nesse sentido a família afigura-se como abençoada escola onde se encontram amigos do passado para se apoiarem mutuamente e em conjunto aprenderem, e inimigos do passado para através dos laços de sangue aos poucos irem diluindo as clivagens que criaram em vidas anteriores. Assim surgem as simpatias naturais com este ou aquele familiar e as antipatias naturais com um ou outro membro da família.
Curiosamente a jovem amiga já nos tinha dado a resposta na sua oportuna intervenção, ao dizer que desde que conhecem o espiritismo, o ambiente familiar está muito melhor, os pais já nãos discutem tanto, notando-se uma franca melhoria no relacionamento interpessoal familiar.
Esse é o objectivo da doutrina espírita, que não sendo mais uma religião nem mais uma seita, afigura-se como uma doutrina que fornece ao homem conceitos lógicos e pesquisáveis sobre a existência humana neste planeta, fornecendo-lhe pistas fundamentadas sobre quem é, de onde vem e para onde vai no concerto da vida eterna, no universo. Nesse sentido a doutrina espírita leva o homem a interrogar-se, e a modificar-se interiormente no sentido de ter uma postura ética, favorecendo assim a paz, o relacionamento saudável entre todos, a harmonia social.

Família

Tremenda surpresa ocorre em nossa mente no momento da morte. A despeito de nossas próprias opiniões anteriores, continuamos vivos. O corpo retorna ao reino inorgânico, sujeito que está à mutação universal, enquanto reconhecemos que a morte é renascimento. A forma se dissolve, mas a alma é a mesma. O espírito levanta-se do cérebro desertado e assim se torna um novo ser. Durante essa transformação, as sensações físicas nos chamam de volta; enquanto isso acontece, a consciência desperta. Temos de rever as nossas contas. Muitas vezes , deparamos com inúmeros débitos que têm de ser pagos. Nem sempre damos conta dos nossos enganos, mas a lei cármica sabe de tudo e esses débitos são transportados para a existência seguinte: por causa deles, voltaremos em novo nascimento.

Geralmente, nascemos outra vez entre aqueles que são nossos inimigos de passadas vidas, a fim de enfrenta-los e superar antigas ofensas. Às vezes, eles ressurgem num lar sob diferentes formas e são chamados pai e mãe, filho ou filha, marido ou mulher, amigos ou vizinhos.

A possibilidade de reequilíbrio é restaurada. A prática do amor abre as portas da compreensão.

Se erros foram cometidos ontem, precisamos corrigi-los hoje.

A reencarnação traz esclarecimentos acerca das aversões e das súbitas hostilidades nos círculos familiares que, aparentemente, não têm sentido. Por essa razão, temos em nosso lar terreno uma escola de redenção, na qual o sofrimento atinge a sua finalidade.

Os obstáculos, numa família, podem ser a maneira pela qual o amor encaminha uma existência melhor, pois que paciência gera força.

Não apenas a disciplina numa família é essencial, mas o lar exige que você se torne altruísta e tenha consideração pelos outros. Isto não pode ser alcançado com promessas e ostentações. Essa conquista é realizada no silêncio da alma, no seu ensejo de assegurar a felicidade aos seus próprios parentes.

Esteja atento à caridade no seu próprio lar. Faça bom emprego das vantagens do momento que passa. Quase sempre, você se encontrará numa família com a finalidade de trabalhar pela sua própria purificação. Não a retarde. Você terá de prestar contas à vida. A oportunidade lhe está ao alcance. Procure a,mar e esquecer no lar, mais e mais; se está fazendo isso, você poderá dizer: Venci!

Feliz

Não digas: “não sou feliz”
Ante a dor que te acrisola;
A Terra é uma sublime escola,
Lembrando imenso jardim;

Fita o quadro que te cerca:

Do mar as mínimas fontes,
Do abismo ao topo dos montes,
Tudo é vida aos Céus sem fim.















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