terça-feira, 13 de setembro de 2011

IDOSOS SÃO ROUBADOS PELOS PARENTES


Oitenta por cento das ocorrências registradas pelos idosos na Delegacia Especializada de Proteção ao Idoso (Depi) são de desvios de proventos (quando alguém apropria-se indevidamente de dinheiro, bens e imóveis dos idosos), de acordo com o agente policial Eduardo Bezerra Peixoto, que foi chefe de investigação da Depi. A delegacia foi criada em outubro de 2009 e já registrou 137 boletins de ocorrência, número considerado alto, mas que está longe do número real de delitos cometidos contra idosos no RN.

Logo em seguida, vêm as queixas de agressão. Na maioria dos casos, os maiores infratores são os familiares, o que contribui para a subnotificação da violência. "O idoso tem medo de denunciar e prejudicar a família. Às vezes, o vizinho vem aqui, denuncia a agressão, mas o idoso não quer registrar a queixa. Nestes casos, o processo não é levado adiante e a gente fica de mãos atadas", explica. Se a violência doméstica praticada contra idosos no RN fosse registrada, os números apresentados pela Depi seriam bem maiores, avalia Eduardo.

Até bem pouco tempo atrás, a queixa mais frequente na delegacia eram os abusos cometidos contra os idosos no transporte público. Na maioria das vezes, o agressor era o próprio motorista que "queimava" paradas ou acelerava quando o idoso estava entrando no veículo. Segundo Eduardo, o quadro está mudando. Nenhum idoso prestou queixa contra motoristas de ônibus em julho. Quando o atendimento ao idoso era realizado pela Delegacia Especializada de Costumes (Dec-Al), os idosos iam até a delegacia, registravam queixa, mas depois voltavam atrás e pediam para o processo não ser levado adiante. Isso porque, segundo Eduardo, os idosos têm receio de denunciar o infrator, que na maioria dos casos, é o filho, a filha ou o neto.

Antes de se tornar chefe de investigação da Depi, Eduardo foi chefe de investigação da Dec-Al e explica que a unidade também era responsável por suporte na investigação de delitos contra os idosos. Mas devido à falta de infraestrutura, a Dec atendia apenas ocorrências de desvio de proventos. Com a criação da Depi, o idoso passou a ter uma delegacia especializada. Na avaliação de Eduardo, seria necessário construir uma rampa de acesso. A delegacia funciona na Central do Cidadão, na Avenida Rio Branco. Para chegar à sala, os idosos precisam subir dois lances de escada.

Atualmente, a Depi tem oito agentes, um escrivão e um delegado. Como o delegado e o escrivão precisam estar presentes em todas as audiências com vítimas e agressores, o número reduzido gera sobrecarga de trabalho. Para atender a demanda, na avaliação de Eduardo, seria necessário convocar mais um delegado e um escrivão. Para agosto, foram agendadas 82 audiências. Em setembro, só vai ter vaga após o dia 28. Quando a demanda é alta, delegado e escrivão chegam a realizar até cinco audiências por dia.


Esta reportagem retirada do Jornal Diário de Natal, Edição de quarta feira, 4 de agosto de 2010, mostra a fragilidade da vida dos idosos, não só no Rio Grande do Norte, mas em todo o país. Estou postando como forma de alerta para todos. As vezes você tem casos parecidos na família ou vizinho e ainda não se alertou para o mal que estão fazendo com aqueles que ajudaram a construir o seu viver e hoje estão sendo maltratados por quem acha que nunca chegará à velhice. Isso é desumano.

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