CAMINHOS DA INDUÇÃO MENTAL
Há uma ocorrência muito
interessante constante no capítulo IV do livro Sexo e Destino,
ditado pelo Espírito André Luiz aos médiuns Francisco Cândido Xavier
e Waldo Vieira, em edição da Federação Espírita Brasileira (1). O
livro integra a chamada Série André Luiz. Tal ocorrência
leva-nos a refletir sobre o poder e o alcance da indução mental.
Induzir significa causar,
inspirar, deduzir, instigar, entre
outros conceitos.
A indução, por sua vez, é ação ou efeito de induzir,
conseqüência tirada dos fatos que se examinam (grifos deste
autor).
No capítulo acima
citado, do importante livro, o autor espiritual comenta o caso de
uma mulher de nome Beatriz, com doença terminal. O Espírito André
Luiz está acompanhado do Espírito Pedro Neves, que fora pai da
personagem Beatriz. Ocorre que Nemésio, marido de Beatriz e
portanto, genro de Neves (já desencarnado), convidou Marina (colega
de trabalho, com quem mantém caso extraconjugal clandestino) para
cuidar da esposa Beatriz. Nemésio aguarda ansioso a desencarnação da
esposa para ficar com Marina, livrando-se dos processos burocráticos
do divórcio.
E é neste ponto que
entra nossa reflexão. Num momento de visita à enferma, após
avaliação do quadro clínico, Marina e o marido de Beatriz retiram-se
para cômodo ao lado e a simples suposição do que poderia acontecer
ao casal ou eles poderiam fazer sem conhecimento da esposa doente,
faz com que o casal registre situações maliciosas, mentalmente.
André e Neves, este abatido com a traição sofrida pela esposa
encarnada, percebem desapontados, que ajudaram a induzir aqueles
pensamentos.
Transcrevemos
parcialmente os trechos específicos do capítulo em questão:
“(...) Ele e ela
comunicavam-se, entre si, as mais ternas expansões de encantamento
recíproco, sem ser dissoluto, e pareciam aderir, automaticamente, às
impressões que esboçávamos, de vez que acompanhávamos os mínimos
gestos dos dois, com aguçada observação, prejulgando-lhes os
desígnios com o fundo de nossas próprias experiências inferiores já
superadas. (...) vimo-nos obrigados a reconhecer que a nossa
expectativa maliciosa, aliada ao espírito de censura, estabelecia
correntes mentais estimulantes da turvação psíquica de que ambos se
viam acometidos, correntes essas que, partindo de nós na direção
deles, como que lhes agravava o apetite sensual. (...)”
A observação de André
constata também que Neves (o pai desencarnado da enferma Beatriz),
contrariado com a atitude do genro infiel, “(...) se me
afigurava agora um homem positivamente vulgar da Terra, que a
revolta azedava. Sobrecenho crispado alterava-lhe a feição no
desequilíbrio vitorioso que precede as grandes crises de violência.
(...)”.
Porém, a chegada
inesperada de um benfeitor espiritual alterou o quadro e novamente
se fez notar a questão da indução mental. Félix, o amigo
recém-chegado, causou uma alteração expressiva no quadro do casal
que se envolvia nos braços da paixão descontrolada. Deixemos que a
transcrição parcial do livro nos faça tirar as lições que o tema nos
proporciona:
“(...) Nemésio e
Marina transferiram-se, de repente, a novo campo de espírito.
Confirmei a impressão de que a nossa curiosidade enfermiça e a
revolta que dominava Neves até então haviam funcionado ali por
estímulos ao magnetismo animal a que se ajustavam os dois
enamorados, que nem de leve desconfiavam da minuciosa observação a
que se viam sujeitos, porquanto bastou que o irmão Félix lhes
dirigisse compassivo olhar para que se modificassem, incontinenti. A
visão de Beatriz enferma cortou-lhes o espaço mental, à feição de um
raio. Esmoreceram-se-lhes os estos de paixão. (...) E não era
só isso. Não podia auscultar o mundo íntimo de Neves; contudo, de
minha parte, súbita compreensão me inundou a alma. ‘E seu eu
estivesse no lugar de Nemésio? Estaria agindo melhor?’ (...)
Fitei o atribulado chefe da casa, possuído de novos sentimentos,
percebendo nele um verdadeiro irmão que me cabia entender e
respeitar. Embora confessando a mim mesmo, com indisfarçável
remorso, a impropriedade da”. atitude que assumira, momentos antes,
prossegui estudando a metamorfose espiritual que se processava.
(...)”.
Observamos, pois,
dois casos de indução mental. A primeira que conduziu ao apetite
sensual, pelas conclusões mentais prévias dos espíritos André e
Neves, que observavam o casal e a segunda alterando completamente o
quadro vivido pelo casal com a indução superior que recordou a
enferma necessitada de cuidados. Repetimos a frase do livro: A
visão de Beatriz enferma cortou-lhes o espaço mental, à feição de um
raio. Esmoreceram-se-lhes os estos de paixão.
A direção, pois, do
pensamento, é de grande poder e alcance. Tanto para os prejuízos e
benefícios internos próprios do
autor, como para mentes invigilantes que se deixam conduzir.
O assunto é
abrangente e pode ser pesquisado especialmente através das questões
459, 460, 467, 469, 470 e 472 de O Livro dos Espíritos. A
primeira delas, sempre muito citada, na resposta dos espíritos,
informa que os espíritos influem a tal ponto, que, de ordinário,
são eles que vos dirigem (na questão da influência sobre nossos
atos e pensamentos). Já a questão 467 há a preciosa informação de
que tais espíritos (refere-se aos que procuram arrastar ao
mal) só se apegam aos que, pelos seus desejos, os chamam, ou aos
que, pelos seus pensamentos, os atraem.
Porém, é na questão
472, que os espíritos (indagados se as circunstâncias são criadas ou
se delas se aproveitam para atrair-nos ao mal) informam que “Aproveitam
as circunstâncias correntes, mas também costumam criá-las,
impelindo-vos, mau grado vosso, para aquilo que cobiçais
(...)”.
O desafio está, pois,
na direção do pensamento que nos permitimos levar. Muitos
pensamentos são sugeridos, outros captados das ondas mentais que nos
envolvem e muitos outros advém, é óbvio, dos sentimentos que nós
mesmos alimentamos.
Na observação e
análises, verbais ou mentais, de fatos e circunstâncias que
presenciamos ou não, tenhamos igualmente o cuidado da direção de
nossas conclusões e induções que instigamos, pois igualmente aí
está presente a responsabilidade dos próprios caminhos e a lei de
causa e efeito.
Nossas palavras e
pensamentos podem gerar aflições e autênticas tragédias; igualmente
podem estimular progresso e felicidade. Depende da direção que
imprimimos. E como o foco da presente abordagem é a indução mental,
a lição trazida por André Luiz sugere pensar seriamente na questão.
plena mente feliz!
A um tempo atráz tinha uma frase que uma amiga minha usava pra brincar, mas que fala a mais pura verdade.
no final de tudo ... "O importante e ser feliz"
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