segunda-feira, 12 de setembro de 2011

CONFLITO DE GERAÇÕES


CONFLITO DE GERAÇÕES

Frequentemente penso sobre a natureza desse fenômeno da psicologia social designado por conflito de gerações . Ele sempre existiu e existirá, pelo menos enquanto o ser humano for imperfeito, pois atesta a diferenciação evolutiva dos homens, necessária ao seu aprendizado e à descoberta do outro como seu semelhante.

A questão agora abordada, em sua causalidade profunda, cumpre compreendermos, consiste em examinar a natureza disso que, amiudadamente se constata, seja no recinto dos lares quando observamos as manifestações de precocidade dos filhos ou em fenômenos mais complexos como a genialidade dos homens que revolucionaram os conhecimentos ainda na mocidade quando, era de esperar-se, fizessem-no ou continuassem a fazê-lo na madureza.

A primeira categoria das manifestações aqui descritas e, tão corriqueiras são, dizem sobre elas psicólogos e cientistas sociais, tratar-se da explosão de personalidade dos jovens ansiosos por afirmarem-se no mundo em que recém ingressaram, desejosos de libertarem-se da limitada compreensão infantil e das peias das disciplinas educacionais a que foram submetidos e as quais começam a rejeitar para afirmarem-se como personalidades, num certo sentido, autônomas neste mundo. Não negamos que, de um modo geral, tal mecanismo dá-nos uma explicação aceitável para o que se constata. Seria então, perguntamo-nos, apenas isto o que revelam tais registros? Socorremo-nos, para o melhor deslindamento do tema, de certas observações que homens e mulheres em todas as épocas sempre fizeram, tal como nós próprios o fazemos ainda hoje e, diríamos, agora com muito maior pasmo, face à velocidade com que se expandem os conhecimentos científico e tecnológico nestes dias.

Para começar, quem, adulto maduro, não se surpreendeu com a vivacidade infantil e, mais que esta, com a facilidade com que as crianças nos dão lições a respeito de técnicas recém desenvolvidas e ante as quais temos, muitas vezes, desenpemhos pífios? Dizemos ou ouvimos, a tal respeito, o que os humanos de cada época sempre repetiram: parece que essa criança nasceu sabendo! Cremos que, nestes momentos em especial, com tal exclamação erra-se duplamente : no uso de verbo inadequado e no tempo verbal em que o conjugamos! O correto seria dizermos ; essa criança nasceu sabendo ! , isto é, veio ao mundo e, portanto, nele reencarnou, não apenas com o conhecimento que a nós surpreende e para ela, entretanto, é normal, como, igualmente, trazem em seus registros subconscientes uma maior soma de saberes que vão além das conquistas do momento. É este o mecanismo principal do açodamento dos que, pressurosos, querem queimar etapas para realizarem o que lhes compete.

Nossos filhos e todas as gerações vêem para transformar o mundo, modificá-lo no que seus pais não foram capazes de fazer e, ainda mais, têm pressa em cumprirem as missões de que estão incumbidos. Não sabem, entretanto, no alvorecer da mocidade, como realizarem o que lhes foi destinado ou aquilo a que se propuseram sob os auspícios dos eternos princípios evolutivos. Exceções se façam, quanto a isto, aos espíritos de gênio que, tantas vezes como se comprova, dão-se a conhecer precocemente pelo inatismo diferenciado de suas manifestações. Evidentemente que, a esse respeito, misturam-se a busca da realização de seus destinos com a natural rebeldia a contrapor-se aos costumes que os afetam, sobretudo pela rigidez da autoridade a que estão submetidos os jovens sem se darem conta de que não é de todo má a imposição do processo educativo que, no fundo, está a dizer-lhes que não devem precipitar-se. Interessante lembrarmos, em apoio ao exposto, o que sempre ocorreu no mundo da ciência em particular e, da cultura, em geral. Referimo-nos ao que é mais do que conhecido : as maiores contribuições ao avanço do conhecimento, as mais revolucionárias sobretudo, dão-se, com frequência elevada, na juventude! Isto, por certo, contraria a lógica real que espera maior poder de criação na maturidade, até mesmo face ao acúmulo de saber que o tempo proporciona nesta existência. Por que assim é? É porque, não há outra razão plausível, trazem os espíritos, ao reencarnarem, as missões de fazer avançar o conhecimento, de implantar as mudanças corretivas que a geração de seus pais já não pode ou não quer promover. Eles, compreendamos bem, antes de para aqui virem, espíritos préexistentes que são, estavam a observar-nos e a prepararem-se para, pelas portas das reencarnações, promoverem as mudanças que configuram o progresso a que tudo está submetido pela Lei de Deus! Nada mais representa, tal processo, senão a manifestação da natureza dialética da evolução em que a nova geração encarna a síntese do confronto entre a tese representativa das leis eternas a que todos são convidados a submeterem-se e a antítese representada pela ação da geração velha que a nova deve render.

É assim que o mundo avança e, avançaria muito mais e mais velozmente o faria, se abandonássemos aquilo que, falsamente, temos como verdade em detrimento do que efetivamente o é. A realidade do espírito imortal, pré-existente à vida, diretor do processo embriogênico é inquestionável. Nele imprime as mutações que lhe convêm ao cumprimento de sua missão e, ainda mais, sobrevivente à morte, tão comprovadamente atestada por um sem número de fenômenos anímicos e mediúnicos sobre os quais fazemos vista grossa ou acusamos de má fé os que, atentos que são e, sobretudo, desprovidos de preconceitos, têm a coragem de afirmarem sua inquestionável positividade.

Somos submetidos, por lei natural, a lei da evolução anímica, ao contínuo ir e vir em busca da perfeição espiritual que, certamente, um dia todos alcançaremos.

Jorge de Souza

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