sábado, 2 de junho de 2012

O egipcio


Não sabia porque na vida atual sentia saudcivilizacao_egitoade e nostalgia do Egito, afinal nunca havia estado lá, mas agora estava descobrindo de onde isso vinha, era uma sensação clara. Logo que me ví novamente naquela época foi como se eu houvesse entrado numa máquina do tempo e voltado àquela época; quando entrei no meu personagem procurei imediatamente desfrutar de todas as sensações que pude naquela hora, senti a areia sob meus pés, o sol intenso sobre minha pele, os aromas do deserto que me chegavam. Perto de mim havia uma palmeira da qual me aproximei e coloquei a mão para sentir seu tronco áspero, a cada impressão e toque meu espírito deleitava-se, era como se uma saudade milenar estivesse sendo saciada finalmente.
Após essas impressões iniciais me localizei e ví que estava num canteiro de obras, minha perspectiva mudou e passei a me ver de fora, eu era um capataz de obras, enérgico com meus subordinados e muito eficiente no trabalho.
Percebi meu corpo, um corpo jovem, forte, robusto, um tanto atarracado, de pele morena, vestia um pequeno saiote e um arranjo de cabeça, ambos de linho, típicos dos egípcios do antigo reino, usava sandálias de couro e tinha o torso estava nu, com mais ou menos 28 anos eu olhava o deserto.
Sentia muito orgulho e satisfação pelo que fazia, construia templos, era obcecado pelo trabalho, que me dava respeito e uma vida confortável.
Me veio à mente que vivia apenas para satisfazer minhas necessidades e não cultivava vínculos nem afetividade; tinha mulher e filhos apenas por convencionalismo social, mas vivia praticamente para o trabalho e dividia os poucos momentos de prazer com os amigos e uma amante.

Interessante é que pude me lembrar de cenas e sensações do cotidiano enquanto estava regredido, as cenas passavam rápido na minha mente: numa casa pública bebendo com os amigos, na casa da amante em seus braços, andando nas ruas de barro batido em meio à casas e tendas simples, tudo isso me ocorreu como mum filme.
Não sei precisar que época era aquela da história egípcia, mas vivi aproximadamente 60 anos, o que era muito naquela época, e morri de velhice, desgastado, no momento da minha morte ví que estava muito envelhecido, completamente careca, magro, deitado em uma mesa de pedra em minha casa. Era noite, no aposento apenas uma luz fraca, minha mulher e filho estavam comigo, tristes e abatidos, tudo muito silencioso.
Naqueles momentos, avaliando tudo o que havia feito, pensei que deveria ter feito mais pela minha família, senti culpa por não ter cuidado melhor e dado mais amor a eles; sentí também um vazio na alma por ter passado a vida apenas pensando em mim, me achei egoísta. Poderia ter olhado mais os outros…
Após a morte meu espírito pensou que não devia ter passado a vida cuidando só das minhas necessidades, na próxima vez ( ou vida) iria olhar com mais carinho os outros.
Meu espírito decidiu, após tudo isso, que em outra oportunidade (outra vida) não seria mais egoísta”.

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