sábado, 10 de julho de 2010

Conhecendo


Conhecendo

O SUÍCIDIO NÃO RESOLVE NADA

Os jornais anuciam a dolora notícia de que mais de mil criaturas por dia, em todo o mundo, praticaram o crime do suicído.

Sem dúvida, trata-se de uma trágica estatística.

Criaturas atravessando as densas sombras da morte através de uma violência contra o próprio organismo físico. E tudo isso fruto do total desconhecimento das leis de Deus! Só mesmo uma criatura que ignore inteiramente a justa e misericórdiosa mecânica do Universo é que poderá atirar-se ao negro mar da autodestruição, a falaz ilusão de que aniquilado o corpo somático aniquilada estaria também a causa maior de seus sofrimentos.

Não, amigos, por Deus, não é bem assim que resolveremos os nosso problemas angustiantes. O suicídio nunca os resolverá. Muito ao contrário, apenas os complica mais e mais sob todos os pontos-de-vista. Não reside no corpo a razão de nossos infortúnios. Até mesmo nos amargos casos de moléstias incuráveis, não está na carne a raiz de nossas desventuras. Por isso, lesado mortalmente o corpo, persistirá por mais tempo ainda a nossa angústia, o nosso desespero, agravando-se muito a violência da morte premeditada!

Sim, meu amigo e meu irmão, eu sei, há momentos em que tudo parece andar para trás. Nossos mais queridos sonhos se transformam em dolorosos pesadelos. Nossas mais ansiosas esperanças se reduzem a cinzas mortas levadas pelo vento da dor. E sentimos a solidão na velhice, suportamos o aguilhão da enfermidade crônica, encaramos o azedume da desilusão, notamos a nosso lado a presença da revolta, somos envolvidos pelo abraço traiçoeiro do desânimo!

Eu sei disto tudo, meu irmão! Tudo sugere a deserção, a fuga, o desejo de mergulhar no nada e no esquecimento. Eu sei disto tudo muito bem.

Entretanto, a maior surpresa que o suicida tem, do outro lado, é perceber que ainda arrasta as mesmas dores, verte as mesmas lágrimas, ainda está sob o jugo dos mesmos sofrimentos. Quis morrer para esquecer e vê claramente que não morreu, que de nada se esqueceu, que da dor ainda não se libertou. Ao contrário, está sua situação espiritual bem mais agravada com o seu gesto tresloucado.

Portanto, se você que me lê, pensa que irá ser exceção, pode ir desde já pensando no que acaba de ler acima. Nossas dificuldades, todas elas, têm um fundo espiritual.

Já que não se mata o Espírito, nã se pode matar, desta maneira, as referidas dificuldades. Importa volver os olhos para dentro de nós mesmos. Para o nosso íntimo. Para o nosso coração. E com coragem, com desassombro, com humildade e com fé em Deus — reconhecer em nossos refolhos mais ocultos as causas de nosso padecimento. O orgulho, a vaidade, a presunção, a impulsividade, o ódio, a preguiça, o egoísmo, tudo isso que tanto infelicita a família humana — também é a raiz de nossos males interiores.

Após este acurado exame, elevemos nosso pensamento até Deus suplicando-lhe alento necessário para ir levando de vencida a nossa cruz, feita por nós mesmos com o madeiro pesado de nossas imperfeições.

Orando com fervor e sinceridade, estaremos angariando a simpatia e a proteção do Grande Além. Sem demora, estaremos rodeados de amigos invisíveis interessados em nossa vitória nos caminhos difíceis da vida na Terra. Importante desintoxicar a atmosfera emocional inclusive para afastar a perniciosa sugestão de suicídio da parte de entidades sofredoras que nos querem ver derrotados também.

E assim, com persistente vontade de acertar — haveremos de vencer, embora a cair aqui e ali, pois ainda estamos todos cobertos de mazelas morais. Mas haveremos de vencer, haveremos de andar no caminho certo, para a frente e para o alto, expiando com galhardia as faltas por nós cometidas no passados.

Amigos, milhares de criaturas estariam em situações melhores se tivessem este conhecimento espiritista.

Por não terem estas noções, fugiram da vida corporal pela porta falsa do suicídio, o que, ao invés de resolver suas angústias, simplesmente as agravou em mil por cento.

Não embarquemos nessa canoa furada: o suicídio não resolve as angústias de ninguém. E você não seria exceção!

OS VÍCIOS

O grave problema social deste século é, sem dúvida, o dos tóxicos.

Jovens que eram a esperança de seus lares, surgem como vultos tristes e escuros, caminhando pelas estradas dos vícios. Vidas cheias de perspectivas promissoras, quedam, estagnadas, perdidas nos descaminhos dos erros.

O que os leva a essa tentativa inútil de fuga?

Vários são os problemas que induzem os jovens aos desregramentos de toda espécie. O primeiro, é claro, a falta de bom senso que os tornam permeáveis aos problemas do mundo.

Mas, justamente por serem assim é que precisam do apoio dos pais e dos educadores. Enquanto alguns possuem a força moral para resistir às provocações do mundo a grande maioria sucumbe.

Todos os livros que tratam dos problemas dos jovens, principalmente o que dizem respeito às drogas, reconhecem que o maior fator da viciação é a falta de amor. Pais que vivem preocupados com o bem estar dos filhos, e que esquecem a arma poderosa do diálogo, não os auxiliam tanto quanto deviam. Os jovens sentem-se abandonados, e procuram na rua o apoio que não encontram em casa.

Os pais devem explicar aos jovens quanto os amam, e como sentem não poderem dedicar mais tempo aos filhos. Explicar-lhes que assim procedem para lhes dar o conforto necessário. Devem, ainda, aguardar os fins de semana para as conversas indispensáveis com os filhos.

Outro problema que atinge os jovens é a falta de aceitação de certos pais. Amamos só os que nos amam, os que nos causam orgulho, os que correspondem ao arquétipo social existente. Não amamos as pessoas difíceis, carentes ou necessitadas. A grande maioria despreza o filho excepcional abaixo da média. Não entendemos Jesus quando disse: "Se não amais senão os que vos amam, que merecimento tereis?" Contou, ainda a parábola do filho pródigo, aquele que havia errado muito e que foi recebido pelo pai com todo o amor. Jesus nos exortou a estendermos nosso amor a todos os que necessitam e que aparecem na feição de um viciado em drogas, de um alcoólico, de um desajustado sexual. Não vamos ser sócio de seus erros, nem apóia-los em seus desajustes. Vamos, sim, faze-lo sentir que os amamos. E, se sentirem que confiamos neles, estarão mais perto da cura. o amor cobre uma multidão de erros. O amor cura, ajusta, equilibra.

Heloisa Pires, do livro "Educação Espírita", capítulo 14.

CONFLITOS DOMÉSTICOS

Um dos mais graves problemas humanos está na dificuldade de convivência no lar. Pessoas que enfrentam desajustes físicos e psíquicos tem, não raro, uma história de incompatibilidade familiar, marcada por freqüentes conflitos.

Há quem os resolva de forma sumária: o marido que desaparece, a esposa que pede divórcio, o filho que opta por morar distante.

Justificando-se em face das tempestades domésticas alguns espíritas utilizam o conhecimento doutrinário para curiosas racionalizações:

— Minha mulher é o meu carma: neurótica, agressiva, desequilibrada. Que fiz de errado no passado, meu deus, para merecer esse "trem"?

— Só o Espiritismo para me fazer tolerar meu marido. Agüento hoje para me livrar depois. Se o deixar agora terei que voltar a seu lado em nova encarnação. Deus me livre! Resgatando meu débito não quero vê-lo nunca mais!

Conversávamos com idosa confreira que teve conturbada convivência com o esposo, falecido há alguns anos. e lhe dizíamos, brincando:

— A senhora vai ficar feliz quando desencarnar. Reencontraá seu querido. Ele a espera...

A resposta veio pronta, incisiva:

— Isso nunca! Prefiro ir para o inferno!

Um pai nos dizia:

— Certamente há um grave problema entre mim e meu filho, relacionado com o passado. Em certas ocasiões sinto vontade de esganá-lo. Ele me desafia, olha-me com ódio. Preciso controlar-me muito para não perder a cabeça.
realmente, nesses relacionamento explosivos que ocorrem em muitos lares há o que poderíamos definir como "compromisso cármico". Espíritos que se prejudicaram uns aos outros e que, não raro, foram inimigos ferozes, reencontram-se no reduto doméstico.

Unidos não por afetividade, nem por afinidade, e sim por imperativos de reconciliação, no cumprimento das leis divinas, enfrentam inegáveis dificuldades para a harmonização, mesmo porque conservam, inconscientemente, a mágoa do passado.

Daí as desavenças fáceis que conturbam a vida familiar. Naturalmente situações assim não interessam à nossa economia física e psíquica e acabam por nos desajustar.

Imperioso considerar, todavia, que esses desencontros são decorrentes muito mais de nosso comportamento no presente do que dos compromissos do pretérito. Não seria razoável Deus nos reunir no lar para nos agredirmos e magoarmos uns aos outros.

"Deus espera que nos amemos e não que nos amassemos".

Richard Simonetti, do livro "Uma Razão para Viver".

O ABORTO NA VISÃO ESPÍRITA

A doutrina espírita trata clara e objetivamente a respeito do abortamento, na questão 358 de sua obra básica "O Livro dos Espíritos", de Allan Kardec:

"Pergunta - Constitui crime a provocação do aborto, em qualquer período da gestação?"

"Resposta - Há crime sempre que transgredis a lei de deus. A mãe, ou quem quer que seja, cometerá crime sempre que tirar a vida a uma criança antes do seu nascimento, por isso que impede uma alma de passar pelas provas a que serviria de instrumento o corpo que se estava formando."

Sobre os direitos do ser humano, foi categórica a resposta dos Espíritos Superiores a Allan kardec na questão 880 de "O Livro dos Espíritos":

"Pergunta - Qual o primeiro de todos os direitos naturais do homem?"

"Resposta - O de viver. Por isso é que ninguém tem o de atentar contra a vida de seu semelhante, nem de fazer o que quer que possa comprometer-lhe a existência corporal."

Para a doutrina espírita, está claramente definida a ocasião em que o ser espiritual se insere na estrutura celular, iniciando a vida biológica com todas as suas conseqüências. Na questão 344 de "O Livro dos Espíritos", Allan Kardec indaga aos Espíritos Superiores:

"Pergunta - Em que momento a alma se une ao corpo?"

"Resposta - A união começa na concepção, mas só é completa por ocasião do nascimento. Desde o instante da concepção, o Espírito designado para habitar certo corpo a este se liga por um laço fluídico, que cada vez mais se vai apertando até o instante em que a criança vê a luz. O grito que o recém-nascido solta, anuncia que ela se conta no mundo dos vivos e dos servos de Deus."

As ciências contemporâneas, por meio de diversas contribuições, vêm confirmando a visão espírita acerca do momento em que a vida humana se inicia. A doutrina espírita firma essa certeza definitiva, estabelecendo uma ponte entre o mundo físico e o mundo espiritual, quando oferece registros de que o ser é preexistente á concepção, bem como sobrevivente à morte biológica.

A tese da reencarnação que o Espiritismo apresenta como eixo fundamental para se compreender a vida e o homem em toda sua amplitude, hoje é objeto de estudo de outras disciplinas do conhecimento humano que, através de evidências científicas, confirmam a síntese filosófica do Espiritismo: "Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sempre, tal é a lei."

Autores Diversos, do livro "O Que Dizem os Espíritos sobre o Aborto".

CAUSAS ATUAIS DAS AFLIÇÕES

4. As vicissitudes da vida são de duas espécies, ou, se quisermos, têm duas origens bem diversas, que importa distinguir: umas têm sua causa na vida presente; outras, fora desta vida.

Remontando à fonte dos males terrenos, reconhece-se que muitos são a consequência natural do caráter e da conduta daqueles que os sofrem. Quantos homens caem por sua própria culpa! Quantos são vítimas de sua imprevidência, de seu orgulho e de sua ambição! Quantas pessoas arruinadas pro falta de ordem, de perseverança, por mau comportamento ou por terem limitado os seus desejos!

Quantas uniões infelizes,porque resultaram dos cálculos do interesse ou da vaidade, nada tendo com isso o coração! Que de dissenções de disputas funestas, poderiam ser evitadas com mais moderação e menos suscetibilidade! Quantas doenças e aleijões são o efeito da intemperança e dos excessos de toda ordem!

Quantos pais infelizes com os filhos, por não terem combatido as suas más tendências desde o princípio, Por fraqueza ou indiferença, deixaram que se desenvolvessem neles os germes do orgulho, do egoísmo e da tola vaidade, que ressecam o coração. Mais tarde, colhendo o que semearam, admiram-se e afligem-se coma sua falta de respeito e a sua ingratidão.

Que todos os que têm o coração ferido pelas vicissitudes e as decepções da vida, interroguem friamente a própria consciência. Que remontem passo a passo a passo à fonte dos males que os afligem, e verão se, na maioria das vezes, não podem dizer: "Se eu tivesse ou não tivesse feito tal coisa, não estaria nesta situação".

A quem, portanto, devem todas essas aflições, senão a si mesmos? O homeme é, assim, num grande número de casos, o autor de seus prórpios infortúnios. Mas, em vez de reconhecê-los, acha mais simples, e menos humilhante para a sua vaidade acusar a sorte, a Providência, a falta de oportunidade, sua má estrela, enquanto, na verdade, sua má estrela é a sua própria incúria.

Os males dessa espécie constituem, seguramente, um número considerável das vicissitudes da vida. O homem os evitará, quando trabalhar para o seu adiantamento moral e intelectual.

5. A lei humana alcança certas faltas e as pune. O condenado pode então dizer que sofreu a conseqüência do que praticou. Mas a lei não alcança nem pode alcançar a todas as faltas. Ela castiga especialmente as que causam prejuízos à sociedade, e não as que prejudicam apenas os que as cometem. Mas Deus vê o progresso de todas as criaturas. Eis por que não deixa impune nenhum desvio do caminho reto. Não há uma só falta, por mais leve que seja, uma única infração à sua lei, que não tenha conseqüências forçosas e inevitáveis, mais ou menos desagradáveis. Dode se segue que, nas pequenas como nas grandes coisas, o homem é sempre punido naquilo em que pecou. Os sofrimentos conseqüentes são então uma davertência de que ele andou mal. Dão-lhe a expeiência e os fzem sentir a diferença entre o bem e o mal, bem como a necessidade de se melhorar, para evitar no futuro o que já foi para ele uma causa de mágoas. Sem isso, ele não teria nenhum motivo para se emendar,e confiante na impunidade, retardaria o seu adiantamento, e portanto a sua felicidade futura.

Mas a experiência chega, algumas vezes, um pouco tarde; e quando a vida já foi desperdiçada e perturbada, gastas as forças, eo mal é irremediável, então o homem se surpeende a dizer: "Se no começo da vida eu soubesse o que hoje sei, quantas faltas teria evitado; se tivesse de recomeçar, eu me portaria de maneira inteiramente outra; mas já não há mais tempo!" Como o trabalhador preguiçoso que diz: "Perdi o meu dia", ele também diz: "Perdi a minha vida". Mas, assim como para o trabalhador o sol nasce no dia seguinte, e começa uma nova jornada, em que pode recuperar o tempo perdido, para ele também brilhará o sol de uma vida nova, após a noite do túmulo, e na qual poderá aproveitar a experiência do passado e pôr em execução suas boas resoluções para o futuro.

Allan Kardec, de O Evangelho Sobre o Espiritismo, Capítulo V, itens 4 e 5

O AMOR

O amor, como comumente se entende na Terra, é um sentimento, um impulso do ser, que o leva para outro ser com o desejo de unir-se a ele. Mas, na realidade, o amor reveste formas infinitas, desde as mais vulgares até as mais sublimes. Princípio da vida universal, proporciona à alma, em suas manifestações mais elevadas e puras, a intensidade de radiação que aquece e vivifica tudo em roda de si; é por ele que ela se sente estreitamente ligada ao Poder Divino, foco ardente de toda a vida, de todo o amor.

Acima de tudo, Deus é amor. Por amor, criou os seres para associá-los às suas alegrias, à sua obra. O amor é um sacrifício; Deus hauriu nele a vida para dá-la às almas. Ao mesmo tempo que a efusão vital, elas receberiam o princípio afetivo destinado a germinar e expandir-se pela provação dos séculos, até que tenham aprendido a dar-se por sua vez, isto é, a dedicar-se, a sacrificar-se pelas outras. Com este sacrifício, em vez de se amesquinharem, mais se engrandecem, enobrecem e aproximam do Foco Supremo.

O amor é uma força inexaurível, renova-se sem essar e enriquece ao mesmo tempo aquele que dá e aquele que recebe. É pelo amor, sol das almas, que Deus mais eficazmente atua no mundo. Por ele atrai para si todos os pobres eres retardados nos antros da paixão, os Espíritos cativos na matéria; eleva-os e arrasta-os na espiral da ascensão infinita para os esplendores da luz e da liberdade.

O amor conjugal, o amor materno, o amor filial ou fraterno, o amor da pátria, da raça, da Humanidade, são refrações, raios refratados do amor divino, que abrange, penetra todos os seres, e, difundindo-se neles, faz rebentar e desabrochar mil formas variadas, mil esplêndidas florescências de amor.

Até às profundidades do abismo de vida, infiltram-se as radiações do amor divino e vão acender nos seres rudimentares, pela afeição à companheira e aos filhos, as primeiras claridades que, nesse meio de goísmo feroz, serã como a aurora indecisa e a promessa de uma vida mais elevada.

É o apelo do ser ao ser, é o amor que provocará, no fundo das almas embrionárias, os primeiros rebentos do altruísmo, da piedade, da bondade. Mais acima, na escala evolutiva, entreverá o ser humano, nas primeiras felicidades, nas únicas sensações de ventura perfeita que lhe é dado gozar na Terra, sensações mais fortes e suaves que todas as alegrias físicas e conhecidas somente das almas que sabem verdadeiramente amar.

Assim, de grau em grau, sob a influência e irradiação do amor, alma desenvolver-se-á e engrandecerá, verá alargar-se o círculo de suas sensações. Lentamente, o que nela não era senão paixão, desejo carnal, ir-se-á depurando, transformando num sentimento nobre e desinteressado; a afeição a um só ou a alguns converter-se-á na afeição a todos, à família, à pátria, à Humanidade. E a alma adquirirá a plenitude de seu desenvolvimento quando for cpaz de compreender a vida celeste, que é toda amor, e a participar dela.

Léon Denis, de O problema do ser, do destino e da dor, Capítulo V

JUSTIÇA DA REENCARNAÇÃO

171. Sobre o que se funda o dogma da reencarnação?
— Sobre a justiça de Deus e a revelação, pois não nos cansamos de repetir: um bom pai deixa sempre aos filhos uma porta aberta ao arrependimento. Arazão não diz que seria injusto privar para sempre da felicidade eterna aqueles cujo melhoramento não dependeu deles mesmos? Todos os homens não são filhos de Deus? Somente entre os homens egoístas é que se encontram a iniqüidade, o ódio implacável e os castigos sem perdão.

Todos os Espíritos tendem à perfeição, e Deus lhes proporciona os meios de conseguí-la com as provas da vida corpórea. Mas, na sua justiça, permite-lhes realizar, em novas existências, aquilo que não puderam fazer ou acabar numa primeira prova.

Não estaria de acordo coma eqüidade, nem segundo a bondade de Deus, castigar para sempre aqueles que encontraram obstáculos ao seu melhoramento, independentemente de sua vontade, no próprio meio em que foram colocados. Se a sorte do homem fosse irrevogavelmente fixada após a sua morte, Deus não teria pesado as acões de todos na mesma balança e não os teria tratado com imparcialidade.

A doutrina da reencarnação, que consiste em admitir para o homem muitas existências sucessivas, é a única que corresponde à idéia da justiça de Deus com respeito aos homens de condição moral inferior; a única que pode explicar o nosso futuro e fundamentar as nossas esperanças, pois oferece-nos o meio de resgatarmos os nossos erros através de novas provas. A razão assim nos diz, e é o que os Espíritos nos ensinam.

O homem que tem a consciência da sua inferioridade encontra na doutrina da reencarnação uma consoladora esperança. Se crê na justiça de Deus, não pode esperar que, por todfa a eternidade, haja de ser igual aos que agiram melhor do que ele. O pensamento de que essa inferioridade não o deserdará para sempre do bem supremo, e de que ele poderá conquistá-lo através de novos esforços, o ampara e lhe reanima a coragem. Qual é aquele que, no fim da sua carreira, não lamenta ter adquirido demasiado tarde uma experiência que já não pode aproveitar? Pois esta experiência tardia não estraá perdida: ele a aproveitará numa nova existência.

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