terça-feira, 13 de abril de 2010

'É impossível curar um psicopata',

'É impossível curar um psicopata', diz psiquiatra forense Guido Palomba

Pedreiro confessou ter matado seis jovens em Luziânia.
Antes de cometer os crimes, ele tinha sido condenado por abuso sexual.



O assassinato de seis jovens cometido por um ex-detento, em Luziânia (GO), que cumpria pena por crime sexual, revelou uma possível falha na forma como se deve condenar um psicopata. Segundo o psiquiatra forense Guido Palomba, a pena ideal para um criminoso com diagnóstico de psicopatia é levá-lo para acompanhamento nas casas de custódia e tratamento, os antigos manicômios judiciários.

O pedreiro Adimar Jesus da Silva, 40 anos, foi preso, no sábado (10), após confessar ter matado seis jovens que estavam desaparecidos desde dezembro de 2009. Ele ainda indicou à polícia onde os corpos das vítimas estavam escondidos.

  • Aspas

    Se um psicopata pode ter acesso ao sistema de progressão de pena, a legislação deve ser alterada. Se isso não for possível, ele deve receber monitoramento eletrônico que o impeça de se aproximar de crianças."

"É impossível curar um psicopata. O melhor é mantê-lo afastado da sociedade. O erro mais comum é condenar um criminoso com esse diagnóstico a penas corporais, como a detenção. O mais sensato é a medida de segurança, que permite tratamento e estabilização do quadro diagnosticado", disse Palomba.

Segundo ele, "a diferença é que a pena de reclusão permite a progressão da pena e o sentenciado vai para a rua, volta para a casa e ao convívio social. A medida de segurança pode ser para a vida toda do criminoso. Por não haver cura para a psicopatia, ele não deixará a Casa de Custódia e Tratamento", disse o psiquiatra forense.

Foto: Divulgação/Polícia Civil de Goiás

A partir do alto, à esquerda, Flávio Augusto Fernandes, 14 anos; Paulo Vitor de Azevedo Lima, 16 anos; Márcio Luiz Souza Lopes, 19; Diego Alves Rodrigues, 13 anos; Divino Luiz Lopes, 16 anos; George Rabelo dos Santos, 17 anos (Foto: Divulgação/Polícia Civil de Goiás)

Mudança na legislação

O delegado Josemar Vaz de Oliveira, chefe do Departamento de Polícia Judiciária de Goiás, disse que a legislação penal deve ser alterada de forma que o psicopata não volte ao convívio social.

"Se um psicopata pode ter acesso ao sistema de progressão de pena, a legislação deve ser alterada de imediato. Se isso não for possível, o condenado deve sair da prisão, mas receber monitoramento psiquiátrico e algum tipo de equipamento eletrônico que o impeça de se aproximar de crianças."

O pedreiro cumpriu cerca de quatro anos da pena por atentado violento ao pudor cometido contra duas crianças, em Águas Claras (DF), em 2005. De acordo com o Tribunal de Justiça do Distrito Federal, ele foi condenado, em primeira instância, ao cumprimento de pena de 15 anos de reclusão.

A pena foi reduzida, após recurso da defesa, para dez anos e dez meses de reclusão, em regime inicialmente fechado. Após o cumprimento de 1/6 da pena, ele recebeu o benefício de concluir a condenação no regime semiaberto, a partir de 23 de dezembro de 2009.



Ressocialização de um psicopata

"O tratamento do psicopata é a administração do comportamento dele. O que mais assusta os promotores é que a medida de segurança inicial máxima é de três anos, só que isso não significa que o condenado irá ficar apenas esse período. Terminada a pena, ele terá de passar por uma perícia psiquiátrica, que dificilmente irá atestar que o condenado tem condições de voltar à sociedade", afirmou Guido Palomba.

O delegado informou que, após a conclusão do inquérito policial, um pedido de exame de sanidade mental será feito para a Justiça. "Só assim saberemos a maneira como ele será condenado. Pelos que ouvimos dele até agora, nos três depoimentos, não poderemos usar muita coisa. Só podemos afirmar que ele tem caracaterísticas de psicopata", disse Oliveira.

Realidade penitenciária

O risco neste caso, ficaria por conta da inexistência de psiquiatras forenses em todos os municípios do país e com qualificação profissional suficiente para fazer perícia psiquiátrica; "É diferente um psiquiatra clínico atuar como perito em um caso criminal, por exemplo. Tecnicamente, isso seria o ideal, mas a realidade do país é outra e posso dizer que não há profissionais suficientes no país para a atender a demanda de análises e nem de unidades de casas de custódia e tratamento", disse Palomba.

Sadismo psicopatológico

A Justiça tinha laudos que identificaram “sinais de sadismo” e de “transtornos psicopatológicos” em um exame criminológico realizado em 28 de maio de 2008, conforme nota divulgada pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal.

O Ministério Público pediu, em junho de 2008, a progressão da pena para o regime semiaberto, sem os benefícios da saída da carceragem. O documento ainda indicou o acompanhamento psicossocial ao pedreiro. Em 2009, houve nova determinação da Justiça para acompanhamento psicológico na rede pública de saúde e avaliação psiquiátrica.

Ainda de acordo com nota do TJ/DF, o pedreiro passou por dois atendimentos psicológicos em maio de 2009. Em um deles, ele teria apresentado coerência de pensamento e demonstrou crítica acerca dos comportamentos a ele atribuídos. No outro, o exame informou que o pedreiro não possuía doença mental, nem necessitava de medicação controlada.


Tipos de personalidades psicopáticas:

Instáveis emocionais

Apresentam-se visivelmente imaturos e mesmo sob evidências não assumem as conseqüências de seus atos e escolhas. Portadores de humor lábil (caracteriza-se por englobar oscilações entre períodos de euforia e ansiedade), desajustam-se com extrema facilidade e rapidez, transitam das carícias à agressão velozmente e por motivos fúteis. Pobres de afetividade vivem às "turras" com suas próprias emoções e com os objetos do seu amor. A aceleração das experiências do momento atual, tanto em volume quanto em intensidade, faz com que muitas personalidades psicopáticas desse tipo que estavam meio que enrustidas coloquem-se á mostra assustando os incautos que com elas conviviam. Na casa espírita: "Nossa o que aconteceu com fulano? Manda ele passar numa entrevista e começar já um tratamento de desobsessão", dizem os entendidos. Mas, o que em outros hospícios, onde se usam terapias diferentes, dizem que é mais cruel ainda; nem vale a pena comentar (covardia?).

Personalidade passiva


A eterna vítima pode ser identificada já na infância: aquela criança que vive com o "bocão" aberto e que nada sabe pedir nem reclamar sem usar o expediente do choro. Os que se enquadram nessa tipologia de presente ou de passado tendem sempre a tornarem-se dependentes, dominados, explorados. Na casa espírita assumem uma postura com "cara" de coitados de fazer dó para que todo mundo sinta-se na obrigação de orar por eles.

Personalidade agressiva

Explosivos, excessivamente auto-afirmados, mandões, autoritários e às vezes líderes, quando são relativamente inteligentes. Atuam melhor em grupos, em bandos, em “tribos”, em quadrilhas. A cada dia que passa terão mais dificuldade para conter a agressividade e os ímpetos para a violência em virtude do número de estímulos simultâneos a que estamos hoje submetidos. Enquanto conseguem conter-se quebram objetos, chutam portas, maltratam animais, xingam, gritam, maldizem – porém quando se descuidam: socam, esfaqueiam, atiram... O tipo mais enrustido é o que acalenta desejos de vingança e quando perde o controle passa à execução e mesmo na casa espírita manda Moisés, Jesus, Buda... "às favas". Mas, embora doidos, nem tanto, controlam-se até o limite extremo; pois temem a camisa de força mais usado na casa espírita: a geladeira enquanto está em tratamento de desobsessão – nada de tarefas, nada de bancar o salvador da pátria dos assistidos como um super homem espiritual.

Personalidade compulsiva

energia_humanaA preguiça de pensar faz com que cedam a seus impulsos mais primários. Costumam falar e agir para depois pensar. Excedem-se em tudo, especialmente nas coisas negativas e nos comportamentos inadequados: mentira, suborno, prevaricação, etc. Apresentam pequenas manias que logo evoluem para o TOC (transtorno obsessivo compulsivo).

Personalidade compulsiva obsessiva

Os avisos de TOC – transtorno obsessivo compulsivo - surgem um após o outro todos os dias, mas poucos prestam atenção. Como exemplos comuns: a turma que sempre está preocupada em andar na moda. Os meticulosamente arrumados. Os doentios em suas preocupações de ordem e trabalho, buscam uma limpeza doentia. Os glutões. Viciados em qualquer coisa: sexo, games, TV, gastar... Como identificar o TOC na casa espírita? Observe a compulsão para colocar na caixinha de vibrações o nome da família inteira, dia após dia mesmo que tudo esteja razoavelmente tranqüilo, o esforço para manter uma cara de compenetrado. As palavras mais do que medidas levando quase que à mudez, etc.

Personalidade anti-social
A turma do contra sem razão e sem bandeira. Vivem em conflitos constantes com a sociedade e suas normas. Exemplos: os que se comprazem em afrontar ou tatuam-se, machucam-se com "penduricalhos", sujam com grafite bens alheios, etc. Não confundi-los com idealistas revolucionários nem índigos – embora boa parte desses sejam também personalidades psicopáticas.Na casa espirita? O anti-social no auge da sua importância chega sempre atrasado, não olha para ninguém, nem cumprimenta, executa mal e mal suas tarefas e sai apressado como se tivesse que tirar alguém da forca.

Desvios de comportamento social

São incontáveis e variáveis o maior grupo é o dos homossexuais. E na casa espírita como esse distúrbio pode ser considerado? A Doutrina é bem sintética: somos espíritos que evoluímos tanto num sexo quanto noutro pois teremos de armazenar todos os aprendizados que esta fase de polaridades comporta – tarefas masculinas e femininas são diferentes e complementares; ocorre que quando um espírito que aprendia numa das polaridades “pisa na bola”; às vezes é obrigado a reencarnar para aprender na outra. Imaginemos a confusão: um espírito com psiquismo predominante feminino despertando na existência como homem, quase sempre essa confusão acaba em alterações de postura e de comportamento frente aos outros que se acham normais. Como exercício, apenas como exercício de reflexão, vale a pena observar esses distúrbios na interpretação de conceitos tanto do Evangelho quanto das colocações das obras básicas no dia-a-dia das casas espíritas, dependendo da postura de quem está no comando. Prestem atenção, pois é muito instrutivo.

Alcoolismo, toxicomania, gula

Nestes três grupos a intensidade é variável com o grau de intoxicação e lesão adquiridos. Os dois primeiros grupos nem merecem comentários, mas no terreno da gula um grave exemplo cada vez mais comum: os que são obrigados a mutilações de redução de estômago. Mas vale um alerta: quem bebe um copinho de qualquer coisa para relaxar chegando em casa depois de um dia estafante de trabalho é um alcoólatra; já os que exageram (mas o que é exagerar?) são "bebuns". Há diferença – claro que há – mas qual é?
Chega-se a conclusão que existe problemas psiquiátricos - ou são espirituais? O que fazer? Quais as perspectivas para a cura?
Especialmente em época de final dos tempos, a situação do indivíduo fixado na personalidade psicopática é relativamente grave. Pois só é capaz de evoluir passivamente, e, ao que tudo indica, a transferência do planeta para outro mais primata é inevitável, porque ele precisa de muitos choques de retorno da lei de causa e efeito para voltar à condição de neurose, e então, conseguir iniciar o processo de evolução ativa reformulando seu pensar/sentir/agir, já que a pessoa que se encontra nessa situação é incapaz de movimentar os recursos disponíveis no inconsciente pela reflexão, em especial, pela falta de percepção clara de sua própria situação.
Onde buscar ajuda? No hospício! Na casa Espirita!

Tratamento


As fronteiras das doenças mentais são imprecisas, portanto podemos ser ajudados a transpô-las por meio de recursos vários: medicamentos químicos, terapias alternativas e em especial pelo mecanismo da intercessão espiritual capaz de nos estimular a aprender e a nos modificarmos. Qual o melhor e mais eficaz tratamento? Todos são bons de acordo com a evolução e a necessidade da pessoa no momento. Podemos nos beneficiar de qualquer tratamento já conhecido para nos capacitarmos a reverter um quadro de personalidade psicopática atual sem que soframos muito, caso mudemos nosso pensar/sentir/agir ao nos voltarmos para a aplicação sistemática das leis naturais da evolução,(ação e reação) buscando aprender e servir como nos ensinou o Espírito da Verdade: “Amai-vos e instruí-vos” – treinando sem cessar dia e noite para aprender a servir com amor e inteligência. No amor e no serviço ao próximo está a cura definitiva de todos os males que afligem o ser humano. Um porém a ser considerado é que, a pessoa que está numa fase da sua evolução como personalidade psicopática não acredita nem se esforça para fazer sua reforma íntima. Adora sim meter o "bedelho" na reforma íntima do próximo, principalmente dos mais próximos. Claro que essa criatura necessitará inevitavelmente de ajuda externa para chegar à neurose, para daí então, iniciar a evolução ativa.
Todos os que já estão assumidamente em fase de franca reforma íntima são neuróticos (Graças a Deus). Portanto, quem tem à sua volta alguém nas condições de personalidade psicopática pode beneficiá-la muito: oferecendo-lhe amor, atenção, enviando-lhe constantemente pensamentos de reforma e força de vontade, motivando-a para a vida e exemplificando o amor ao próximo, sinalizando-lhe o caminho futuro para quando essa pessoa já estiver neurótica.
Como explicação posso dizer que ao tomar contato com essas verdades identifiquei-me como "cautelosa" – talvez o pior de todos - e descobri que precisava de inteiração. Confesso que fui ajudada por amigos espirituais a encontrar o melhor grupo para me inteirar e achei a Doutrina dos Espíritos. Está dando resultado, claro,(tudo a seu tempo). Realmente não há hospital mais efetivo e eficaz do que as casas espíritas mesmo que conduzidas por personalidades tão necessitadas, neuróticas às vezes, psicopáticas.




Quando o mal triunfa


Crianças assassinadas, abandonadas, torturadas – as notícias que têm chocado o Brasil lembram que o lado monstruoso do homem pode até ser contido, mas jamais será definitivamente domado

Jerônimo Teixeira

A morte de uma menina de 5 anos aparentemente jogada da janela do 6º andar já seria por si só brutal – mas o caso é tanto mais chocante porque o pai da garotinha aparece como suspeito do crime. Os brasileiros que se comoveram com o assassinato de Isabella Oliveira Nardoni acabavam de ser expostos a outra crônica de horrores: a empresária Sílvia Calabresi Lima, de Goiânia, torturava cotidianamente uma menina de 12 anos em sua área de serviço. Ao lado desses casos tenebrosos, outras barbaridades despontam no noticiário: a garota que pulou da janela do 4º andar para fugir do pai agressor, as crianças que ganharam bolo envenenado da vizinha, o bebê jogado no lago. Essa sucessão de fatos macabros traz a incômoda lembrança de uma constante da história humana: a maldade. O mal está presente em toda parte. Na grande arena da política internacional pode-se divisá-lo no genocídio de Darfur, na repressão política em Cuba e no Tibete, no terrorismo da Al Qaeda e das Farc, na leniência do governo americano com práticas de tortura. Esse tipo de mal é mais assimilável, pois se esconde atrás de razões de estado e de pretensas causas nobres.

Mas como metabolizar na alma o mal doméstico, que vem nu, sem disfarces, sem o véu de sofismas que poderiam desculpá-lo e torná-lo suportável pela racionalização de sua origem? Como entender que o sorriso lindo e angelical de Isabella possa ter sido substituído pela máscara da morte no frescor de seus 5 anos de vida? Esse tipo de mal não cabe sequer na aceitação de que coisas ruins podem acontecer a pessoas boas. Esse tipo de mal parece ser uma zona de sombra que aprisiona a alma humana. Esse tipo de mal simplesmente existe. Isso é o que o torna mais assustador.

Desde os primórdios da humanidade essas situações-limite, insuportáveis, lançaram a razão humana em tortuosos exercícios mentais. "É desígnio dos deuses, e a única coisa a fazer é resignar-se" – foi essa desde sempre a saída mais humana para evitar a loucura da dor insuperável provocada pelo mal do mundo. O filósofo grego Xenófanes de Cólofon (560-478 a.C.) foi talvez o primeiro a se insurgir contra os deuses e suas maquinações. Xenófanes concluiu simplesmente que o mal perpassa todo o universo e da sua força nem os deuses escapam. Pelos séculos afora teólogos e filósofos tentaram ajudar a humanidade a conviver com o mal. Mais recentemente as explicações desceram do plano metafísico para se tornar objeto de estudo da sociologia, da psicologia e das ciências biológicas. Nenhuma teoria, porém, é capaz de abarcá-lo, de amainar o choque que ele provoca no corpo e na alma ou a destruição que causa no seio das famílias e no julgamento que fazemos de nós mesmos ao deparar com seres humanos agindo como bestas. Talvez a única certeza sobre o mal seja esta: ele é incontornável.

A palavra "mal" tende a levantar objeções dos céticos. Não será uma superstição religiosa que a modernidade superou? Não, não é. Na semana passada, veio à luz o caso de um menino de 9 anos que, por capricho de dois trabalhadores de uma fazenda em Aurilândia, em Goiás, teve o corpo queimado com um ferro de marcar gado. Não existe qualificação mais precisa para o ato de queimar um garoto por diversão: trata-se de maldade. E o adjetivo "mau" também serve com total propriedade para caracterizar as ações de Sílvia Calabresi Lima, presa em flagrante por tortura, em Goiânia. Sua vítima, L., de 12 anos, apresenta marcas de ferro quente na pele e necrose embaixo das unhas das mãos, entre outros ferimentos.

A hipótese de uma psicopatia é forte no caso de Sílvia. O psicopata entende intelectualmente a diferença entre o bem e o mal, mas é desprovido de piedade, empatia, remorso – emoções que estão na base do senso moral das pessoas. Contrariando as ilusões de certo humanismo que acredita na possibilidade de reeducar qualquer criminoso, indivíduos assim são irrecuperáveis. Com recurso a técnicas recentes como a ressonância magnética funcional, a ciência tem se dedicado a mapear as áreas do cérebro responsáveis pelas decisões morais – áreas que apresentam atividade reduzida nos casos de psicopatia. As causas do distúrbio, porém, ainda não são compreendidas. O problema do mal dificilmente será resolvido nos laboratórios de neurociência. "O mal é um conceito humano, social. A neurociência não pode dizer o que é ou não mau", diz o neurocientista Jorge Moll Neto, do Instituto de Pesquisa da Rede Labs-D’Or, no Rio de Janeiro.

Seria cômodo imaginar que todo mal vem de uma falha neuroquímica, mas não é assim. A psicopatia, afinal, é um distúrbio raro. Não explica o mal em grande escala – genocídios como os que ocorreram na Bósnia ou em Ruanda nos anos 90, por exemplo. A psicologia social tem iluminado alguns mecanismos que atuam na disposição das massas para colaborar em projetos monstruosos. O que esses estudos revelam não é lisonjeiro para a natureza humana: a tendência das pessoas de se conformar à pressão do grupo social pode levá-las, com relativa facilidade, a atos criminosos. O exemplo clássico desse mecanismo foi exposto no chamado Experimento da Prisão de Stanford, em 1971. Uma falsa prisão foi improvisada em um corredor da Universidade Stanford, nos Estados Unidos, e estudantes que se voluntariaram para a pesquisa foram divididos aleatoriamente em dois grupos, um de guardas, o outro de prisioneiros. Eram todos jovens normais, sem nenhuma tendência notável para a violência. Mas as humilhações a que os prisioneiros foram submetidos – revistas sem roupa, exercícios forçados, cela solitária – tornaram-se tão intensas que o estudo, programado para durar duas semanas, teve de ser interrompido no sexto dia. "Nem todos os guardas agiram mal. Os guardas ‘bonzinhos’, contudo, não fizeram nada para deter os abusos dos violentos", lembra Philip Zimbardo, psicólogo que conduziu a pesquisa – e que, desde então, vem analisando casos de crueldade praticados ao abrigo de instituições (já esteve até no Brasil, entrevistando policiais que torturaram durante a ditadura militar).

Os guardas, argumenta Zimbardo, sentiam-se autorizados a agir com brutalidade pela cobertura institucional da universidade. A ação em grupo diluía a responsabilidade individual. E os prisioneiros passaram por um processo de desumanização – eram chamados por um número, não pelo nome –, o que tornava mais "aceitáveis" os maus-tratos. Esses três elementos – respaldo de uma organização, ação em grupo e desumanização do outro – estão quase sempre presentes em situações nas quais prisioneiros de guerra são humilhados ou torturados, como no infame caso de tortura em Abu Ghraib, em 2003. Os maiores crimes políticos do século XX foram cometidos por regimes que demonstraram pleno entendimento desses mecanismos da psicologia de grupo – e que os levaram a extremos. A lógica de rebanho que às vezes rege a psicologia das massas, porém, não exime os que participam de genocídios e massacres. A responsabilidade individual é inescapável. O Tribunal de Nuremberg, que julgou líderes nazistas, não aceitava a obediência a "ordens superiores" como justificativa para crimes de guerra.

A perspectiva religiosa sobre o mal tende a enfatizar as escolhas individuais. O cristianismo vê o mal como fruto do orgulho humano (ou angélico, se pensarmos em Lúcifer, o anjo que cai da graça divina por sua soberba). É por imaginar a si mesmo como auto-suficiente, como uma espécie de divindade, que o homem se sente no direito de humilhar, ferir, matar o próximo. Mas a natureza cega do mal – especialmente do mal da natureza, os terremotos, enchentes, incêndios e outras catástrofes – coloca um problema para os religiosos: se Deus é bom, por que coisas más acontecem até mesmo aos justos? Que sentido pode ter, por exemplo, o drama de Madeleine McCann, a menina inglesa que sumiu de seu quarto de hotel em Portugal, em maio de 2007, e nunca foi reencontrada? Os grandes pensadores do cristianismo tentaram resolver esses dilemas. Santo Agostinho, por exemplo, dizia que, se bons e maus sofrem igualmente, é para que os primeiros possam provar sua virtude. Assim como o fogo "transforma a palha em cinza e faz brilhar o ouro", o infortúnio purifica os virtuosos e destrói os perversos, diz Agostinho em A Cidade de Deus.

Na história do pensamento ocidental, foi o cristianismo que aprofundou a noção de mal. Os filósofos gregos não se dedicaram tanto ao tema. O estoicismo, escola de pensamento grega e latina que pregava a aceitação serena do mundo, praticamente recusava a noção. "A natureza do mal não existe no mundo, pois não se concebe um fim destinado a não se realizar", dizia Epicteto, um dos mestres estóicos (talvez não seja por acaso que o imperador romano Marco Aurélio, outro clássico do estoicismo, mandava crucificar cristãos). A filosofia por muito tempo desconfiou da concepção de mal – seria um problema do domínio da teologia. Mas pensadores como Kant se esforçaram para dar uma dimensão laica ao mal. O mal é um conceito difícil, sem dúvida, mas hoje está bem estabelecido que se pode defini-lo sem recurso à fé. "O mal é toda ação voltada para eliminar as condições de uma existência racional", diz o filósofo Denis Lerrer Rosenfield, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, autor de Retratos do Mal. Nesse conceito cabem, por exemplo, da violência contra uma criança ao atentado de 11 de setembro – todas ações que atentam contra a racionalidade.

O mal também é um grande tema da arte e da literatura, que testa os limites da racionalidade social por meio da ficção. Basta pensar na galeria de vilões de Shakespeare e em particular no insidioso Iago, de Otelo, que parece exercer sua ruindade apenas pelo prazer de ser ruim. Já se notou que o inferno de Dante é mais interessante do que seu paraíso, e que o grande personagem de Paraíso Perdido, de Milton, é satanás, e não Deus. Thomas De Quincey, escritor inglês da virada do século XVIII para o XIX, observou que a experiência estética coloca nossa moral em suspensão. Ele lembra o momento de Macbeth, de Shakespeare, em que o personagem-título acaba de matar o rei Duncan – e então alguém bate nos portões do castelo. Por um momento, o espectador se angustia com a possibilidade de Macbeth ser flagrado em seu crime. Shakespeare nos faz torcer pelo monstro e, com a maestria do gênio, revela o monstro que habita em cada um de nós e que precisa ser sempre vigiado.

As pessoas não torcem pelo monstro quando ele aparece no noticiário batendo em crianças com um martelo. Mas o fato de essas notícias produzirem tanto interesse atesta o fascínio do mal. Esses casos tenebrosos lembram que ele segue presente. A história ocidental conheceu progressos. Práticas bárbaras que já foram tomadas como normais por sociedades antigas – o sacrifício humano, o canibalismo, o assassinato de bebês com defeitos físicos – hoje são inaceitáveis. Mas será ingênuo pensar que esse progresso possa domar a besta humana. "A razão não explica tudo. Há uma dimensão monstruosa no ser humano que parece não fazer sentido. E é preciso respeitá-la", diz o filósofo e teólogo Luiz Felipe Pondé. Respeito, nesse caso, não se confunde com amor: é a distância que se guarda em relação àquilo que pode nos aniquilar.

Matéria publicada em Veja.com, em 9 de abril de 2008.


Sergio Rodrigues* comenta

A matéria em questão refere-se a exemplos de violência explícita, ocorridos em diferentes localidades, mas que se identificam pelo desrespeito à pessoa humana, pela tortura física e moral impingida a um semelhante. Tomando como ponto de partida esses lamentáveis acontecimentos, o autor faz uma análise sobre o mal e a sua origem, abordando o tema sob diferentes óticas, incluindo a visão das religiões a respeito da origem do mal. Vamos refletir sobre como o Espiritismo trata a questão do mal que ainda predomina no seio da humanidade terrena e que é a origem dos lamentáveis acontecimentos que embasam a matéria comentada.

Muitos atribuem a Deus a sua origem. No entanto, sendo Deus a bondade e a justiça em seu grau infinito, tudo o que dele procede há que conter essas características, não podendo, assim, o mal ter nele a sua origem. A origem do mal, na verdade, está nos vícios que o homem ainda sustenta, como o orgulho, o egoísmo e a ambição. Esses vícios são que originam os excessos que o homem ainda pratica. E Deus permite que aconteçam em respeito ao livre-arbítrio de que somos dotados desde a nossa criação como espíritos imortais. Sendo a destinação do planeta submeter a provas e a expiações os espíritos a ele vinculados, essas ocorrências não são inúteis, pois contribuem para o aprimoramento dos espíritos nela envolvidos na condição de vítimas. Como explica Kardec, os males a que se acha o homem exposto na Terra servem como "um estimulante para o exercício da sua inteligência, de todas as suas faculdades físicas e morais, incitando-o a procurar os meios de evitá-los. Se ele nada houvesse de temer, nenhuma necessidade o induziria a procurar o melhor; o espírito se lhe entorpeceria na inatividade; nada inventaria, nem descobriria. A dor é o aguilhão que o impele para a frente, na senda do progresso" (A Gênese, cap. III).

O mal com o qual o homem ainda tem que conviver guarda relação direta com o seu grau de adiantamento. À medida que se adianta, porém, seu senso moral aumenta, até que, aproximando-se da perfeição a que está destinado, seus atos e pensamentos tornar-se-ão exclusivamente morais. Aí, então, acontecimentos como os mencionados na matéria não mais encontrarão espaço no noticiário, pois não mais farão parte da nossa realidade.


Psicopatia compulsiva X ciúmes obsessivo:
(crianças no plano espiritual)

Freqüentemente, a obsessão é confundida com a simples influência de Espíritos sofredores ou com as influenciações negativas que todo ser humano recebe e isso se torna um obstáculo para sua cura, devido à dificuldade que se tem para identificá-la. Mas alguém pode estar alterado emocionalmente, influenciado por um espírito sofredor, sem com isso estar obsediado. A obsessão é uma doença de fundo moral que deve ser tratada por métodos lógicos e racionais ensinados pela Doutrina Espírita.
Os sintomas que caracterizam a obsessão variam de caso para caso, desde simples efeitos morais, passando por manias, fobias, alterações emocionais acentuadas, mudanças na estrutura psíquica, subjugação do corpo físico, até a completa desagregação da normalidade psicológica, produzindo a loucura. Mas nem toda obsessão é loucura.
Temos que diferenciar um distúrbio mediúnico, espiritual, de um distúrbio psiquiátrico propriamente dito. Allan Kardec dizia: “Há loucura que não é loucura, é apenas obsessão. Mas há loucura que não passa de um transtorno eminentemente psiquiátrico”. Mas caso um distúrbio mediúnico se prolongue por muito tempo, pode ocasionar um dano no cérebro e provocar a loucura psiquiátrica. Vale ressaltar que a maioria das pessoas que estão em clinicas psiquiátricas não são loucos no sentido da palavra e sim pessoas obsediadas.

Somos via de regra pessoas desajustadas cujos corpos sutis estão desalinhados, pois pensamos uma coisa, dizemos outra e agimos completamente diferente. Enfim: “Necessitados”.
Embora as fronteiras entre os vários distúrbios psicológicos sejam mais ou menos imaginárias e conceituais, há entre eles graduações de gravidade que são relativamente perceptíveis. Para diagnosticar basta ter olhos de ver e ouvidos de ouvir, nada de conhecimentos muito técnicos nem mirabolantes...
Neste texto falaremos sobre algumas das características das personalidades psicopáticas que encontramos em grande número nas casas espíritas na sociedade e em todos os outros lugares onde se concentram pessoas problemáticas e necessitadas. Os que se encontram nessa situação ultrapassaram as fronteiras da neurose. No neurótico, ainda não há desajustes importantes no “eu”, ele ainda consegue interagir com as dificuldades do outro seja ele mineral, vegetal, animal ou hominal - apenas tem dificuldades na relação com o ambiente, especialmente no terreno da competição. Já as pessoas portadoras de personalidade psicopática, são “devedoras” da sua fase de neurose (tudo vale e é lícito para sobrepujar o outro) – são contumazes devedoras de si mesmas. Devem, mas não reconhecem as dívidas que se recusam à aceitar e à reparar. Dia após dia já se reflete nelas o desajuste do “eu” por meio de comportamentos perigosos para sua própria evolução e a das outras pessoas. Apesar de que, nas manifestações da terceira dimensão, ainda consigam aparentar segurança à sua própria maneira, embora tenham profundos desvios de personalidade, podem até exercer funções com aparente normalidade. Como exemplos: pela natural exposição pela mídia são facilmente identificáveis na vida pública onde até ocupam cargos de relevância,no trabalho, na vida, no dia a dia, nos centros espíritas não é raro observá-los no comando, na chefia de atividades ou como brilhantes expositores; nas lides espirituais adoram colocar os outros na condição de assistidos ou necessitados sejam eles encarnados ou defuntos. Porém dia menos dia, seja onde for, as máscaras caem sob certos estímulos. Como quando seus interesses sejam contrariados, pois logo apresentam alterações parciais de conduta desajustando-se com facilidade com o meio, ofendem-se, melindram-se e breve tendem a extremos de comportamento psicótico. Como de fato não costumam avaliar os efeitos de suas atitudes não se acham anormais e sempre põem no ambiente ou nos outros a culpa por suas dificuldades – quando espíritas costumam jogar toda a culpa nos obsessores desencarnados ou encarnados (companheiros do ideal de difusão da Doutrina dos Espíritos). Essa é a marca registrada da pessoa portadora de personalidade psicopática.
As variedades desse distúrbio são muitas, resumiremos algumas, fazendo um auto-diagnóstico podemos nos achar em vários subgrupos e em quantos mais estivermos maiores serão nossas dificuldades.



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