quinta-feira, 25 de março de 2010

Desafio Cartão Vermelho




Meu amigo FABIO ANDRADE me desafiou para esta brincadeira. Adorei a ideia. Vamos ver quais são as regras: Cada um deve fazer uma listinha com 10 escolhidos para dar o cartão vermelho. Pode ser uma pessoa, uma atitude, enfim, tudo aquilo que, de alguma forma, nos incomoda - se quiser e precisar, dê uma justificativa breve. Após fazer isso, passe a bola para mais cinco blogueiros e vamos ver no que dá…

Eu acredito que se cada um de nós melhorarmos nos aspectos que seguem, o mundo será muito melhor de viver e conviver. Eu não enumerei de modo classificatório porque sei que todos nós temos um pouco de cada em graus diferentes, então optei pela ordem alfabética...


1- EGOÍSMO



2- INDIFERENÇA



3- INTOLERÂNCIA



4 - INVEJA



5 - IRA



6 - LUXÚRIA



7 - ORGULHO



8 - PRECONCEITO



9 - PREGUIÇA



10 - VAIDADE



Nós somos frutos de uma criação perfeita e estar neste planeta não pode ser só a passeio. Há uma finalidade superior e temos a responsabilidade de buscá-la. Usemos o livre-arbítrio com amor e bom senso, porque a verdade é relativa.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Divino Humano

Amor


Dor Profunda



Inocência



Saudades



Dor



Solidão



Compaixão



Respeito


Parceria

Sintonia Perfeita


Reconhecer a Alma Gêmea


Salvando Vidas


Amizade Verdadeira


Simplesmente Divino


"A vida não é esperar que as tempestades passem... é aprender a dançar na chuva."

Domingo de Páscoa



Na reunião da noite de 23 para 24 de Março de 2008, domingo de Páscoa, após a leitura de um trecho do Evangelho, manifestou-se uma entidade que emprestava à sua comunicação um tom clerical e solene. Ouvimo-la sem interromper. Tratava-se de um antigo padre católico muito arreigado às exterioridades da sua religião. Recusava-se a aceitar a reencarnação, o conhecimento de vidas anteriores, ao qual opôs cerrado bloqueio. Fuga certamente relacionada com traumas e/ou vivências menos dignas por que passou. Como aliás todos nós, afinal.

No término da reunião, manifestou-se um amigo espiritual que conduziu os trabalhos, do qual, pelo facto de ter vivido à época de Jesus e ser conhecido dos Evangelhos, não indicaremos o nome, embora tal não nos tenha sido solicitado.

Entidade - (...) Vimos convidar-vos ao regresso aos bons costumes, às tradições, à palavra de Jesus, ao respeito por Deus, Nosso Senhor. Deveis cumprir as tradições, meus filhos, deveis comungar, deveis beber o sangue de Cristo, confessar os vossos pecados, afastar-vos do mal, não invocar os mortos, deixai os mortos em paz, eles precisam de sossego. Jesus está entre nós. É a Jesus que devemos dirigir os nossos pensamentos, as nossas palavras de arrependimento.

Não devemos incomodar quem Deus já chamou para si, meus filhos. Esses estão no descanso. Isso é um pecado condenado pela Igreja. Deveis respeitar esta época sagrada, a época da Páscoa. Da morte e da ressurreição de Jesus. Devíeis estar a festejar a ressurreição.

Orai, meus filhos. Orai com fé. E afastai-vos do mal, destas práticas que não são aprovadas por Deus, que são condenáveis aos olhos de Deus. Porque se Deus quisesse que elas existissem, Jesus não teria criado a sua Igreja para que todos os fiéis a pudessem seguir. Lede a bíblia, meus filhos, esse livro sagrado, onde se inscrevem há 2000 anos as palavras de Jesus. Aprendei as orações. Aprendei a comungar. Aprendei a confessar-vos. Para que não volteis a cair nos mesmos erros.

Doutrinador - Obrigado, querido amigo. Quereis dizer o vosso nome?

Entidade - O meu nome pouco importa. Eu vim aqui como servo de Cristo, humildemente dirigir-me a vocês que estão a ir por maus caminhos. São ovelhas tresmalhadas.

Doutrinador - Querido amigo, vós sois padre, não é verdade?

Entidade - Eu sou apenas um servo de Jesus. Claro que eu sou padre e sigo as normas da Igreja, as palavras do Cristo. E venho convocar-vos a segui-las também. A respeitar a sua Igreja, a ir à missa, ouvir as palavras de Jesus. Conhecer o Livro Sagrado, respeitar as normas da Santa Madre Igreja. Conviver com todos os fiéis que a frequentam. Confraternizar.

Doutrinador - Quereis dizer que essa é a melhor forma de alcançarmos o Céu, não é verdade?

Entidade - Assim o disse Jesus. Assim o diz a Igreja.

Doutrinador - E vós estais no Céu, não é verdade?

(pausa)

Entidade - Chamemos-lhe assim... é um Céu onde continuo o meu trabalho, com todos os meus fiéis, sempre, sempre, sem falhar. Temos muitos, muitos, muitos, muitos fiéis nas nossas igrejas e eu trabalho numa delas.

Doutrinador - E eles vieram até aqui convosco?

Entidade - Alguns sim. Alguns que quiseram vir e quiseram acompanhar-me. Eu venho em paz.

Doutrinador - Com certeza. Nós estamos todos aqui em paz. E reunidos em nome de Nosso Mestre, Jesus.

Entidade - Mas em práticas pouco adequadas, em práticas condenáveis pela Igreja. Não deveis chamar ninguém. Isolar-vos. Aqui não é um local adequado para uma missa. Não está aqui nenhum padre. Juntais-vos uns com os outros isolados e tentais falar com os mortos. Ora isso, meus amigos, meus irmãos, não é o mais adequado. Deveis seguir as regras.

Doutrinador - Mas nós não invocámos os ‘mortos’ meu irmão.

Entidade - Invocais os mortos. Porque há quem o diga. Isto são práticas espíritas.

Doutrinador - E quereis dizer que ajudar um irmão em sofrimento está errado?

Entidade - Seguindo as regras não está errado. É esse o meu trabalho. É ajudar. É chamá-los para Deus. É mostrar-lhes a Verdade. Mostrar-lhes que têm que se transformar por dentro. Tudo isso está muito certo. As regras é que não são as adequadas.

Doutrinador - Quereis dizer que fostes padre aqui nesta cidade?

Entidade - Os homens e vocês, espíritas, querem conhecer tudo, querem saber tudo. Querem localizar exactamente tudo. Não fui padre nesta cidade. O mundo é muito maior do que esta cidade. Sou um humílimo servidor de Jesus.

Doutrinador - Com certeza, querido amigo. E ouvimos com atenção as tuas palavras.

Entidade - E espero que elas se repercutam dentro de vós. Que possais ouvir as palavras de Jesus. O chamamento de Deus para a oração na Sua Casa.

Doutrinador - E antes de teres sido padre na última encarnação lembrai-vos...

Entidade - Isso é outra ideia errada. Não há reencarnações. Nós vimos e vivemos uma vida. Vivemos uma vida só, que é muito passageira. E continuamos do lado de lá a trabalhar. Para vocês é do lado de lá. Para nós, é do nosso lado. Continuamos a trabalhar.

Doutrinador - E, com certeza, para vós, Deus é infinitamente justo, não é verdade?

Entidade - Deus é infinitamente justo. Deus é perfeito.

Doutrinador - Como explicais que à nascença haja crianças, umas inteligentes, outras atrasadas...

Entidade - Porque todos somos diferentes. Cada qual traz as suas provas. E o que interessa não é que sejam diferentes. O que interessa é que perante cada prova esse ser humano consiga vencê-la. É isso que lhe dá créditos.

Doutrinador - Mas então porquê, então, uns nascerem na abundância e outros na miséria?

Entidade - Deus assim o destina.

Doutrinador - Então Deus não é justo.

Entidade - Deus é justo porque o trabalho continua. Porque todos temos que nos ajudar uns aos outros. Quem veio na abundância tem que ajudar os pobres.

Doutrinador - Quereis dizer que a vida é só uma. Então experimenta lá a recuar no tempo, querido amigo. Vamos lá a recuar no tempo.

[O doutrinador ora com fé o Pai Nosso e pede a Deus a permissão para que este nosso companheiro possa ver, visualizar existências anteriores]. Vá, querido irmão. Observa.

Entidade - Eu não vejo nada. Isso são as vossas práticas. Vocês querem, a toda a força convencer que a Bíblia está errada. Que Jesus está errado. Que as coisas funcionam à vossa maneira. Mas nada disso é adequado, meus filhos. Tendes de mudar. Vós é que tendes de mudar.

Doutrinador - Observa, querido amigo, a tua existência anterior.

Entidade - Eu não tive existência anterior. Não há existências anteriores.

Doutrinador - Não podes apagar da memória, querido amigo. Observa.

(Pausa...). Na reunião todos continuam em oração.

Entidade - Eu já ouvi falar de práticas em que põem no cérebro das pessoas imagens para que elas pensem que são reais. Eu não vim aqui em luta. Vim aqui em paz convocar-vos ao bem, às boas práticas.

Doutrinador - Observa, querido amigo. Nós também não estamos em luta, mas sim em esclarecimento.

Entidade - Mas estão a pôr-me imagens na minha memória. Não sei o que é isso.

Doutrinador - Observa essas imagens e talvez te reconheças.

Entidade - Vejo uma criança a pastar ovelhas em campos verdejantes. Mas não sei porque é que me estão a fazer ver essa imagem. Nem sei em que é que isso contribui para aquilo que aqui vim fazer. Que foi trazer-vos a palavra de Jesus.

(Pausa...)

Estou com muita dor de cabeça. Não sei o que é que estais fazendo, mas não me estou sentindo bem.

(Pausa longa...)

Isso é uma alegoria, quase... Uma criança a apascentar ovelhas, como eu apascento as minhas ovelhas. Já o resto é uma história muito forçada. (Pausa...)

[Este nosso irmão foi, em seguida, retirado adormecido e conduzido para plano espiritual adequado ao seu estado].

O doutrinador ora em agradecimento a Deus a ajuda recebida por este companheiro.

Após alguns minutos manifesta-se o Espírito orientador dos trabalhos...

“Boa noite, meus amigos.

Que a Paz do Senhor fique connosco.

Trouxemos hoje aqui este nosso irmão como exemplificação das palavras do Evangelho.

Nada é fácil. A natureza e os seus fenómenos sucederão de forma dolorosa, ainda que bela, da semente à flor.

Este amigo está em processo da sua transformação individual, a caminho de mais um degrau no reconhecimento das palavras de Jesus. Para isso, muito tem contribuído toda a sua boa intenção de auxiliar o próximo, ainda que de forma transversa, em fuga constante de si mesmo, pois cada uma das mudanças que temos que proceder em nós mesmos, ainda que muito pequenina nos causa profunda dor

É preciso muitas vivências, muito sofrimento, muitas desilusões, muito desespero, para que possamos convencer-nos de que é preciso mudar.

Daí, que as palavras que nos parecem tão fáceis de entendimento, ainda que muitas delas alegóricas, devido aos tempos em que foram pronunciadas pelo Mestre, não as consigamos cumprir. Conseguimos reproduzi-las, conseguimos situá-las no seu contexto, imaginando situações concretas de aplicação de suas palavras. O que não conseguimos é proceder a essa mudança, coincidente com a nossa compreensão. Isso, quando já compreendemos.

Há por isso muitos lugares, muitas moradas na casa do Pai infinitamente bom e infinitamente justo, guardando um lugar adequado para cada um de nós, permitindo que possamos crescer, quer em entendimento, quer em transformação, difícil, com certeza. Mas Deus não tem pressa e todos chegaremos, cada qual pelo seu caminho, cada qual agindo e reflectindo e escolhendo de acordo com o seu espírito. Mas todos, terminando esse processo, desabrocharemos em lindas cores, abrilhantando os céus, muito distantes da primeira semente tosca, latente de vida, que foi lançada à Terra por Deus.

Que a Paz fique convosco, meus irmãos, e que estas lições vos possam fazer crescer a todos em entendimento, mas, sobretudo, em acções diárias perante vós mesmos e perante vossos semelhantes, pois não há saltos na natureza e a tolerância para com os erros dos outros terá que ser o nosso lema, porfiando por nossa transformação. Essa sim a nossa missão principal: o crescimento em direcção a Deus, palmilhando a estrada do Mestre Jesus.

Ficai em Paz.”

O doutrinador pergunta sobre o destino da entidade espiritual que foi auxiliada esta noite.

“Este nosso companheiro foi conduzido adormecido, pois terá muito que esperar até conseguir mudar de vida, refazendo os seus planos, saindo de suas rotinas. O que mais vicia o Homem é a rotina a que se entrega, pois essa é a melhor fuga que o homem descobriu algum dia.”

O doutrinador pergunta a identidade deste Espírito Amigo orientador dos trabalhos. Após alguns segundos identificou-se parcialmente, sendo, posteriormente, a identidade completa confirmada pela médium, através da qual chegou, psicofonicamente, a comunicação. Pela razão que indicámos no início, não revelaremos o seu nome.

O doutrinador termina, agradecendo a Deus a oportunidade concedida.

Manuel

Núcleo Espírita ‘Amigo Amen’

Santa Maria


Mensagem Mediúnica




"Ela vem aí

Veste de branco

e cobre-se de rosas

caminha grácil

e bela progride


O seu sorriso brilha

no firmamento encantado

A alegria dá-lhe o braço

E a bondade é-lhe companheira

inseparável amiga


Nos seus olhos sábios

promessas de amor

e dádivas infinitas

A compreensão e o pão

brotando-lhe do regaço.


Ela vem aí

Veste de branco

e abraça o Mundo

Caminha radiosa e bela

e na minha alma

seca o pranto


Ela é Caridade

A Palavra de Jesus




Na noite de 2 para 3 de Março de 2008, após a leitura de um trecho do Capítulo ‘Que a mão esquerda não saiba o que faz a direita’, de ‘O Evangelho Segundo O Espiritismo’, manifestou-se o Amigo Amen, guia espiritual deste humilde grupo.

Não houve manifestação de espíritos em sofrimento, como costuma ser hábito, o que não significa que não tenham sido auxiliados alguns irmãos no plano espiritual. Contrariamente ao que é habitual quando se manifesta este nosso amigo, desta vez não sentimos as fortes emoções que antecedem a sua manifestação. Isso deveu-se ao facto de nos termos irritado antes, por razões diversas, impedindo, assim, de irmos para a reunião tranquilos e serenos - condições necessárias para o bom decurso da mesma.

O conteúdo da comunicação tem, de facto, grande alcance – exige, no fundo, que sejamos cristãos, na verdadeira acepção da palavra. E ser cristão é, como diz o amigo Amen, ser humilde, perdoar, esquecer as ofensas e ver naquele que nos ofendeu e/ou prejudicou um irmão, porventura muito necessitado e muito infeliz. E dizer como o Apóstolo Paulo: ‘não é o mal que me fazem que me faz mal, mas o mal que eu faço’.

O desprendimento de nós mesmos, a consciência de que esta vida é passageira, de que o nosso corpo é matéria transitória, de que aqueles que abusam do poder um dia terão que responder perante o tribunal da própria consciência, não ficando impunes perante os desatinos que agora cometem - a certeza na Justiça Divina – é, para nós, motivo de consolação que nos desvia de todo o desejo de revide e nos orienta para o perdão.

Lembremo-nos de que toda a agressão, vexame, humilhação, sofrimento de que somos vítimas não são obra do acaso. E de que também todo o bem que fizermos em prol de nosso semelhante resulta em nosso próprio proveito. ‘O Amor cobre uma multidão de pecados’. Façamos então como o nosso amigo Amen nos recomenda. Procuremos deixar de ser profanos ou místicos. Procuremos ser ‘crísticos’.

“Caridade, meus filhos, anda associada à humildade e à entrega de si próprio ao outro, àquele que sofre, qualquer que seja o lugar, qualquer que seja a causa dessa mesma dor.

Caridade é Caridade.

Quem a pratica, quem a transporta no coração, já conquistou mais um lugar nos céus, pois se alegra com o sucesso de seu irmão e em cada lágrima que enxuga, sente Deus em seu íntimo e vive feliz, encantado com o mundo em que lhe foi dado viver para cumprir a missão de se tornar útil à Humanidade.

Esse ser, de braço dado com a Caridade, nasce para viver Jesus, para lhe seguir o exemplo, pois já lhe absorveu as palavras, já o transporta dentro de si mesmo.

Essa a verdadeira vida e a vera alegria daqueles que compreendem que não vieram a este mundo para serem felizes, para conquistar e usufruir dos prazeres, mas para conquistarem as alegrias do auxílio a seus semelhantes.

Esses eleitos amam a quem os ofende, praticando a caridade do perdão e do esquecimento.

Esses seres a quem Jesus ama e chama de irmãos se alegram com cada sofrimento e humilhação, desculpando a ignorância onde os outros vêem maldade. O Mundo não os afecta, pois já não lhe pertencem.

São seres de excepção que vivem no Mundo sem serem deste mundo. O seu olhar e a sua alma se elevam aos céus e vêem aquilo que aos seres comuns lhes é vedado.

Vêem a Humanidade inteira cantando a uma só voz, num futuro próximo, louvores ao Senhor e ao Universo por Ele criado.

Amantes do Humano, sem nada quererem em troca, pois o amor é para eles o alimento por excelência.

Apreendamos todos a amar de modo semelhante, tentando cumprir a Palavra. A Palavra de Jesus: “Meus filhos: amai-vos uns aos outros como Eu vos amei”.

Um dia a Caridade chegará à Terra, se implantará definitivamente neste planeta sofrido e seremos unos com o Criador.”

Amigo Amén

Manuel

Núcleo Espírita ‘Amigo Amen

JESUS E A INTELIGÊNCIA EMOCIONAL




Afirma Daniel Goleman em seu livro “Inteligência Emocional” que os grandes mestres espirituais como Jesus e Buda “tocaram o coração dos seus discípulos falando na linguagem da emoção, ensinando por parábolas, fábulas e contos”. Segundo o escritor estes mestres espirituais falam no “vernáculo do coração”, o que do ponto de vista racional tem pouco sentido.

Goleman explica ainda que segundo Freud, em seu “conceito primário” de pensamento, essa lógica da mente emocional é a “lógica da religião e da poesia, da psicose e das crianças, do sonho e do mito”. Isto engloba também as metáforas e imagens como as artes, romances, filmes, novelas, música, teatro, ópera, etc., pois tocam de forma direta a mente emocional.

Isto nos leva a entender por que as expressões religiosas e artísticas agradam tanto: é que a imensa maioria das pessoas é dominada pela emoção. Também explica o motivo dessa preferência das multidões a essas crenças novas, rotuladas de evangélicas, que manipulam as emoções como fator de atração e direcionamento de seus adeptos.

Mas, o que é a EMOÇÃO? O dicionário registra: qualquer agitação ou perturbação da mente; sentimento; paixão; qualquer sentimento veemente ou excitado.

Segundo Goleman: “EMOÇÃO se refere a um sentimento e seus pensamentos distintos, estados psicológicos e biológicos, e a uma gama de tendências para agir.”

Não podemos perder de vista as sutilezas em que as emoções se manifestam, para melhor entendimento do assunto e encaminhamento do nosso raciocínio.

Os estudiosos do tema propõem famílias básicas (assim co­mo as cores básicas); mencionaremos algumas:

IRA: fúria, revolta, ressentimento, raiva, exasperação, indignação vexame, animosidade, aborrecimento, irritabilidade, hostilidade e, no extremo, ódio e violência patológicos.

TRISTEZA: sofrimento, mágoa, desânimo, desalento, melancolia, autopiedade, solidão, desamparo, desespero e, quando patológica, severa depressão.

MEDO: ansiedade, apreensão, nervosismo, preocupação, consternação, cautela, escrúpulo, inquietação, pavor, susto, terror e, como psicopatologia, fobia e pânico.

PRAZER: felicidade, alegria, alívio, contentamento, deleite, diversão, orgulho, prazer sensual, emoção, arrebatamento, gratificação, satisfação, bom humor, euforia, êxtase e, no extremo, mania.

AMOR: aceitação, amizade, confiança, afinidade, dedicação, adoração, paixão, ágape (caridade).

E as virtudes e vícios que vão desde a fé, compaixão, esperança, coragem, altruísmo, perdão, equanimidade até dúvida, preguiça, tédio, etc. Há um debate científico sobre como classificar as emoções, já que podem ser igualmente um estado de espírito, temperamento ou se transformarem em distúrbios emocionais como depressão, angústia, ansiedade, fobias, etc.

Depreende-se, portanto, que em várias circunstâncias de nossa vida as emoções prevalecem e nos dominam. Quantas vezes nos surpreendemos diante de nossas alternâncias de estado de espírito, pois podemos ser muito racionais num momento e irracionais no seguinte quando o calor da emoção passa a comandar nossas atitudes.

É exatamente nos estados extremos das emoções que as pessoas cometem ações das quais se arrependem amargamente no minuto seguinte, quando a mente racional começa a reagir. É este o caminho dos crimes passionais, quando se diz que houve “privação dos sentidos”.

Portanto, emoções são sentimentos a se expressarem em impulsos e numa vasta gama de intensidade, gerando idéias, condutas, ações e reações. Quando burilados, equilibrados e bem conduzidos transformam-se em sentimentos elevados, sublimados, tomando-se, aí sim — virtudes.

O livro de Daniel Goleman traz-nos preciosas contribuições que devem ser analisadas à luz da Doutrina Espirita. Observemos, em princípio, o que consideramos a contribuição fundamental de sua obra: a distinção entre inteligência emocional e racional, em que “linguagem” a primeira se manifesta e todas as conseqüências que daí advêm. Mas, iremos analisar, especificamente, o discurso de Jesus, sob esta ótica.

Segundo o autor e conforme mencionamos linhas atrás, Jesus utilizou-se do “vernáculo do coração”, falava, portanto, a linguagem da emoção, e acrescentamos: do sentimento sublimado — por isto se diz que Ele trouxe a Lei de Amor.

Todavia, para a mentalidade racional que impera no Ocidente, nas elites intelectuais, sobretudo, essa mensagem passou a ser vista como sinônimo de psicose, infantilidade, poesia e utopia. Por outro lado, os principais fatores que geraram esse tipo de leitura foram as distorções, as interpolações e mutilações que o Evangelho sofreu e que o transformaram nesse cristianismo dos tempos atuais, muito distante da verdadeira Boa-Nova.

É exatamente no momento crucial em que a Europa, liderada pela França, entroniza a “deusa Razão”, zombando dos valores espirituais cultivados pela religião dominante, que a Terceira Revelação chega à Terra. O Espiritismo veio fazer uma leitura do Evangelho através da razão. Tendo em suas bases a moral cristã em sua pureza primitiva, interpretada, todavia, na linha do raciocínio a fim de que o seu aspecto emocional passe agora pela mente racional e possa ser aceita, assimilada pela mentalidade que prevalece em nossa época.

Cremos que a resistência na aceitação da Doutrina Espírita por parte dos países europeus (e mesmo norte-americanos), deve-se ao fato de não terem conseguido ainda assimilar essa nova mentalidade, pois destacam, de forma predominante, os valores intelectuais, a linha racional, não admitindo a prevalência da emoção ou a sua equiparação com a razão.

A Doutrina Espírita vem colocar o Evangelho do Cristo na linguagem da razão, com explicações racionais, filosóficas e científicas, mas, vejamos bem, sem abandonar, sem deixar de lado o aspecto emocional que é colocado na sua expressão mais alta, tal como o pretendeu Jesus, ou seja o sentimento sublimado, demonstrando assim que o SENTIMENTO E A RAZÃO podem e devem caminhar pela mesma via, pois constituem as duas asas de libertação definitiva do ser humano: O AMOR E A SABEDORIA.

A questão 627 de “O Livro dos Espíritos” traz-nos primorosa síntese das finalidades do Espiritismo e, a certa altura da resposta transmitida pelos Espíritos Superiores afirma: “O ensino dos Espíritos tem que ser claro e sem equívocos, para que ninguém possa pretextar ignorância e para que todos o possam julgar e apreciar com a razão. Estamos incumbidos de preparar o reino do bem que Jesus anunciou. Daí a necessidade de que a ninguém seja possível interpretar a lei de Deus ao sabor de suas paixões, nem falsear o sentido de uma lei toda de amor e de caridade.”

DEPRESSÃO, DOENÇA DA ALMA



A depressão é uma doença tão antiga quanto o próprio homem. Nascida nas profundezas da alma, pode-se dizer que a depressão nasceu quando o homem experimentou a dúvida, o medo e o vazio existencial causado pela perda do paraíso. Entre os vários relatos bíblicos de personagens que em algum momento sofreram de depressão, encontraremos em Jô um dos exemplos mais clássicos. No capítulo 3, versículos 20 a 22, podemos ler: “porque se dá luz ao miserável, e vida aos amargurados de ânimo, que esperam a morte, e ela não vem; e cavam em procura dela mais do que de tesouros ocultos; que de alegria saltam, e exultam, achando a sepultura”.
Entre os apóstolos de Jesus, Pedro e Judas experimentaram a depressão em circunstâncias distintas e com repercussões diferentes. Ao longo da história muitos foram aqueles que sofreram com a depressão: Shakespeare, Beethoven, Lincoln, Fernando Pessoa, Virgínia Woof, Hemingway, M.Monroe, Lady Di e outros.
É difícil obter-se números precisos sobre a doença, contudo estima-se que 5% da população mundial seria de pessoas depressivas. A depressão é a quarta doença mais comum entre a população geral segundo a Organização Mundial da Saúde – OMS, sendo duas vezes mais freqüente no sexo feminino. A depressão pode afetar pessoas de todas as faixas etárias e condições sócio-econômicas e culturais, sem distinção de raça ou credo. O suicídio é responsável por 15% das mortes de pessoas deprimidas. Ainda segundo a OMS, a depressão será a segunda moléstia que mais roubará anos de vida da população em 2020. Como ainda não surgiu nenhum tratamento preventivo, estima-se que a cada ano surgirão mais dois milhões de novos deprimidos clínicos por ano no mundo. No Brasil calcula-se que existam 10 milhões de sofredores patológicos.
A depressão é classificada como um transtorno do humor. Para tanto é preciso diferenciar a doença depressão da tristeza. Além dos critérios de sintomas que caracterizam a doença, é necessário que estes subsistam por mais três semanas; a depressão é muito mais profunda e resistente do que a tristeza. O psiquiatra Peter Whybrow, da UCLA, descreve a depressão com uma imagem: “imagine o desconforto de várias noites sem dormir misturado à dor da perda de um ente querido que não acaba nunca. Depressão é isso”.
A depressão é vista como uma doença de múltiplas causas. Em se considerando que a doença depressão é, também, denominada doença da alma, podemos entender que as causas estão diretamente relacionadas com o perfil psico-emocional do indivíduo. A alma, ou o Espírito, é que se apresenta doente. Em termos puramente psicológicos encontramos as raízes da depressão em comportamentos imaturos, no materialismo, nas perdas de qualquer natureza, nos ressentimentos e na culpa.
A imaturidade psicológica pode ser vista nos comportamentos de pessoas que se negam a crescer e a assumir responsabilidades. Tal comportamento foi descrito como sendo uma “Síndrome de Peter Pan”, onde o ser foge para um mundo ilusório a fim de não ter de arcar com as responsabilidades do dia-a-dia. A qualquer momento evita tomar decisões, tomar atitudes ou posturas resolutivas ante os problemas. A imaturidade psicológica reflete um espírito cristalizado em um padrão comportamental infantil, sonhador. Na hora em que as dores e as decepções da vida se anunciam, trazendo o sofrimento, estes indivíduos optam por tentar fugir à responsabilidade, desistindo da luta, passando a viver num mundo de sonhos que, aos poucos, vai se transformando em pesadelos.
O materialismo é um dos grandes males da humanidade. A falta de uma postura idealista e de valores morais e éticos torna o ser humano vazio. Num primeiro momento o homem busca evitar a sensação de vazio lançando-se compulsivamente à conquista de bens materiais. Somos nós, quando nos entregamos a um ritmo de vida ditado pela satisfação dos automatismos de natureza fisiológica, vivendo em função do luxo, do conforto e do prazer pelo prazer. Esquecendo-nos dos ideais que elevam a alma ao Criador ficamos vazios, vazios de amor, vazios de solidariedade, vazios de paz. No poço vazio das nossas almas a depressão verte o seu veneno enchendo os nossos Espíritos de dor e sofrimento.
O apego excessivo às coisas e às pessoas à nossa volta contribui para agravar os sintomas depressivos. Na Gênesis, capítulo 3, versículo 19, lemos que do pó viemos e ao pó retornaremos. Se auscultássemos a palavra divina e dirigíssemos a nossa vida por ela muitas dores poderiam ser evitadas. Mas à medida em que vamos saindo do berço para ocuparmos o nosso lugar na sociedade passamos a cultivar o TER, o desejo de possuir. Este apego ao sentimento de posse, tanto das coisas materiais como das pessoas, será causa das nossas mais terríveis dores. A incapacidade de lidarmos com as perdas que farão parte das nossas vidas pode se constituir num grande fator gerador da depressão.
A culpa e o ressentimento guardados em nossos corações destroem a possibilidade de sermos felizes. Todo sentimento de culpa é lixo inútil que carregamos ao longo da vida e que acaba sufocando a nós próprios e como tal não serve para nada. O ressentimento, além de ser lixo, é ainda mais perigoso do que a culpa, posto que este último é lixo tóxico. Ressentimento significa sentir novamente, ficar recordando. Tudo bem, se nós ficássemos a recordar ou a ressentir coisas boas, coisas alegres. Mas com freqüência esquecemos rapidamente de nossas alegrias para nos dedicarmos a relembrar e a ressentir as nossas dores. Em recordando um fato doloroso eu passo a sentir novamente a mesma dor que vivenciei no passado. O ressentimento, como tóxico que é, corroi nossas almas.
Se vimos as causas da depressão, é preciso que vejamos quais as suas conseqüências. A depressão pode ser extremamente devastadora para o doente e para todos aqueles que convivem com ele.
O depressivo compromete o seu sistema imunológico, tornando-se alvo fácil de outras doenças que, aproveitando a fragilidade do indivíduo, tomarão conta do corpo. A depressão pode ser a porta de entrada para muitas outras doenças físicas como as úlceras gástricas, problemas hepáticos ou intestinais (como por exemplo, a constipação crônica), problemas cardíacos, infecções, doenças degenerativas e até do câncer.
A depressão é uma das principais causas do suicídio, sendo este a mais terrível conseqüência. A Doutrina Espírita nos ensina que o suicídio, ao invés de ser a solução dos problemas que nos afligem, é causa de maiores dores e sofrimentos.
A depressão não fica restrita ao paciente depressivo, ela se estende por todos que compartilham do ambiente doméstico. Sendo assim, a depressão é um fator de desagregação familiar. O comportamento depressivo faz com que o ser se afaste das pessoas, torne-se relaxado com as obrigações em relação ao grupo, afaste-se do trabalho chegando por vezes ao abandono do mesmo o que acarreta novos e maiores problemas para o núcleo familiar.
Como então poderemos nos livrar da depressão? Qual é o tratamento ou tratamentos de que dispomos para nos livrarmos desse mal?
Os tratamentos para depressão são tão variados como as causas das doenças. É preciso que em primeiro lugar queiramos nos curar. Para tanto teremos que reconhecer e admitirmos que estamos doentes e que precisamos de ajuda. Esta tomada de consciência da nossa própria condição como doentes é o primeiro tratamento ao nosso alcance. Quando nos conscientizamos da nossa verdadeira condição criamos em nossos Espíritos as condições de cura. Renova-se a vontade de viver e a disposição para renovarmos atitudes e emoções. Passamos a redecorar a nossa casa interior, jogando fora os móveis velhos e adquirindo móveis novos.
O desejo de nos curarmos vai nos levar a buscar a medicina. Dentro dos seus limites e da sua capacidade, a medicina pode nos ajudar através de medicamentos que diminuem os sintomas. Mas remédio nenhum pode tocar nosso Espírito. Necessário se faz que busquemos o auxílio psicológico. Será somente através de nossa reforma íntima que poderemos alcançar a cura da depressão.
Comecemos por nos tornarmos emocionalmente maduros. Assumindo o compromisso de superar as emoções infantis, passando a termos o controle da nossa vida. Surgindo os problemas vamos encara-los de frente examinando-os com serenidade e lucidez, objetivando encontrar soluções possíveis e realistas frente às nossas possibilidades. O exercício da nossa maturidade emocional nos tornará fortes e seguros, confiantes e serenos.
Ao conquistarmos a nossa maturidade emocional, vamos precisar de novas metas na vida. É a hora de voltarmos os olhos para dentro de nós mesmos, buscando sentir os anseios mais nobres e elevados que dormem em nossas almas. Vamos em busca da nossa realização interior conquistando valores morais e éticos. Esta é a hora de nos voltarmos para o sentimento religioso e de retomarmos o diálogo com o Pai Criador.
Maduros e em comunhão com o Pai, vamos entender que as únicas coisas que realmente nos pertencem são os tesouros da alma. Seguindo as palavras de Jesus narradas por Mateus, cap. 6, vv. 19-21, não percamos tempo juntando tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem destroem e onde os ladrões roubam. Busquemos SER e não TER. Desta maneira as perdas dos bens materiais e dos status social não nos afligirão, pois são riquezas que vieram da terra e a ela pertencem. A comunhão com o Pai vai nos fazer compreender que o Espírito é imortal e que o ente querido perdido será reencontrado em breve. Para aqueles que amam verdadeiramente não existe separação.
Agora, mais fortalecidos e renovados é o momento de nos livrarmos daqueles lixos velhos que pesam em nossas almas. Vamos passar a limpo os sentimentos de rancor, de mágoas e as culpas. Através do esquecimento vamos nos livrar dos ressentimentos, voltando a nossa atenção para o futuro e para todo o bem e felicidade que podemos construir em nossas vidas a partir de hoje, de agora. Livres de ressentir as dores velhas estamos prontos para o perdão que será como bálsamo divino a derramar-nos o coração e nos acalentando. Livre das culpas, aprenderemos a ver os erros que cometemos no passado como um ensinamento doloroso. Vamos aprender, então, que o erro foi formar mais útil e fácil ao nosso alcance para aprendermos como não devíamos fazer alguma coisa. Agora que aprendemos como não fazer, lancemo-nos novamente ao trabalho e à vida fazendo a coisa de maneira certa.
Mas, o melhor tratamento para a depressão é o conjunto de ensinos trazidos por Jesus. A mensagem evangélica que Jesus nos trouxe e que foi legada à humanidade pelos escritos que constituem o novo Evangelho é o mais poderoso e eficaz remédio para a cura da depressão. Através do perdão, do trabalho produtivo em benefício do próximo, da solidariedade e do amor poderemos alcançar a cura, não apenas da depressão, mas de todos os nossos males.

COMPORTAMENTO DO ESPÍRITA NO VELÓRIO




Recentemente, fomos a um velório e nos vimos constrangidos a ouvir um "pastor", pregando a insustentável tese da unicidade das existências. Aliás, assunto inoportuno para a ocasião. O religioso, sempre com a bíblia de folhas desgastadas debaixo do braço, umedecido de suor, certamente, foi convidado a falar sobre o tema por solicitação da família do desencarnante. Detalhe: tais parentes "crentes", do "morto", sabiam que espíritas estariam presentes no local. Ao revés, poderiam ter aproveitado a oportunidade do sepultamento para orar ou discorrer, sem afetação, sobre a imortalidade da alma (como ensinou Jesus) e sobre o valor da existência humana. Porém, infelizmente, para esses cristãos, narcotizados pela idéia de "salvação" e que pensam poder comprar a "felicidade eterna" através dos dez por cento "doados" para a igreja, "a morte ainda exprime realidade quase totalmente incompreendida na Terra". (1)

Em outra ocasião, fui informado, por uma grande amiga, líder espírita no DF, de que um irmão, também espírita conhecido na cidade, solicitara-lhe um espaço no salão de palestras, para velar um corpo (o desencarnado era endinheirado). Velório (2), no centro espírita? Rimos, eu e ela, muito embora, lamentando o triste episódio. É óbvio que a solicitação do imaturo confrade lhe fora negado.

Velórios! Eis o nosso tema. Essa celebração se desviou, e muito, do sentido religioso, pois, acima das emoções justificáveis, por parte dos parentes e amigos, ostenta-se um funeral por despesas excessivas com flores, santinhos, escapulários, velas [o uso de velas não tem valia para o espírita, pois só imprime um aspecto mais lúgubre à morte], etc., etc. A eventual preocupação com a conservação dos túmulos, que, normalmente, só são lembrados no dia consagrado aos mortos, no mês de novembro, respondem por um protocolo social, também, extravagante. Não devemos converter as necrópoles vazias em "salas de visita do além", qual recorda o escritor Richard Simonetti, (3) até porque, há locais mais indicados para expressarmos o nosso sentimento aos que já desencarnaram. Não aprovamos, nem reprovamos, intransigentemente, as homenagens fúnebres, em memória de alguém, pois, "são justas e de bom exemplo". (4) Todavia, a Doutrina Espírita revela que o desejo de perpetuar a lembrança que as pessoas deixam de si, nos imponentes mausoléus, vem do derradeiro ato de orgulho. "A suntuosidade dos monumentos fúnebres, determinada por parentes que desejam honrar a memória do falecido, e não por este, ainda faz parte do orgulho dos parentes, que querem honrar-se a si mesmos. Nem sempre é pelo morto que se fazem todas essas demonstrações, mas por amor-próprio, por consideração ao mundo e para exibição de riqueza ."(5)

Devemos sempre dispensar, nos funerais, as honrarias materiais exageradas e as encenações, pois, considerando que, "nem todo Espírito se desliga prontamente do corpo" (6), urge que lhe enviemos cargas mentais favoráveis de bênçãos e de paz, através da oração sincera, principalmente, nos últimos momentos que antecedem ao enterramento ou à cremação. ,Oferenda de coroas e flores deve transformar-se "em donativos às instituições assistenciais, sem espírito sectário". (7)

Pasmem! Já, até, inventaram o velório virtual (visualização à distância) das cerimônias fúnebres de entes queridos e o encaminhamento de condolências via e-mail. Salas de velório foram equipadas com câmeras que permitem, em tempo real, uma visão geral do público e da pessoa que está sendo velada. Nesses casos, parentes e amigos podem enviar as mensagens de condolências para a família por meio de um link por site que oferece técnicas de preparação de corpos como a tanatopraxia (8) e a necromaquiagem, além de produtos como, urnas, mantos, vestuário etc. Sobre isso, sabemos que, quando comparecemos a um velório, cumprimos sagrado dever de solidariedade, oferecendo conforto à família. "Infelizmente, tendemos a fazê-lo pela metade, com a presença física, ignorando o que poderíamos definir por compostura espiritual, a exprimir-se no respeito pelo ambiente e no empenho de ajudar o morto". (9)

Analisemos o fato recente de desencarnação do cantor e ator, Michael Jackson. Mais de meio milhão de admiradores, de todo o mundo, já solicitaram entradas para o serviço fúnebre de seu corpo, agendado para os próximos dias. O nosso irmão, "rei do pop", certamente, está na mais atroz penúria na dimensão póstuma, devido à tresloucada emanação de energias mentais desfavoráveis dos "fãs". Em razão disso, admitimos que, nesse caso, felizes são os obscuros indigentes, porque são velados nas câmeras dos institutos médico-legais, posto que o velório e o sepultamento são, quase sempre, mais um motivo de sofrimento para o desencarnante. É óbvio que as preces, pelos Espíritos que acabam de deixar a Terra, têm por fim, não apenas, proporcionar-lhes uma prova de simpatia, mas, sobretudo, ajudá-los a se libertarem das ligações terrenas, abreviando a perturbação que, normalmente, ocorre após a separação do corpo, e tornando mais tranquilo o seu despertar. (10) No caso em tela, os idólatras transmitem emoções angustiantes em face da saudade, razão pela qual suas súplicas desconexas têm alcance limitado.

Imaginemos a situação desconfortante do Espírito, ainda ligado ao corpo, mergulhado num oceano de vibrações heterogêneas emitidas por pessoas, em nome da admiração, mas agem como indisciplinados espectadores a dificultar a tarefa de diligente equipe de socorro, no esforço por retirar um ferido dos escombros de uma casa que desabou. "Contribuição" lamentável, essa! "Preso à residência temporária, transformada em ruína pela morte, o desencarnante, em estado de inconsciência, recebe o impacto dessas vibrações desajustantes que o atingem penosamente, particularmente as de caráter pessoal. Como se vivesse terrível pesadelo ele quer despertar, luta por readquirir o domínio do corpo, quedando-se angustiado e aflito". (11)

São muitos os que, a título de se despedirem do "defunto", fazem do cemitério uma extensão a mais do barzinho da esquina, discutindo assuntos triviais como política, negócios e futebol - quando não, coisas piores. Isso, obviamente, tornará mais penosa a travessia entre os dois mundos. Mais do que nunca, o desencarnado precisa de vibrações de harmonia, que só se formam através da prece sincera e de ondas mentais positivas. Em o livro Conduta Espírita, o Espírito André Luiz adverte: "proceder corretamente nos velórios, calando anedotário e galhofa em torno da pessoa desencarnada, tanto quanto cochichos impróprios ao pé do corpo inerte. O companheiro recém-desencarnado pede, sem palavras, a caridade da prece ou do silêncio que o ajudem a refazer-se." (12) É importante expulsar de nós "quaisquer conversações ociosas, tratos comerciais ou comentários impróprios nos enterros a que comparecermos". (13) Até porque, a "solenidade mortuária é ato de respeito e dignidade humana". (14)

Lamentavelmente, "poucos se dão ao trabalho sequer de reduzir o volume da voz, numa zoeira incrível, principalmente ao aproximar-se o horário do sepultamento, quando o recinto acolhe maior número de pessoas". (15) Temos motivos de sobra para o comedimento. Por isso, cultivemos o silêncio, conversando, se necessário, em voz baixa, de forma edificante. Falemos no morto com discrição, evitando pressioná-lo com lembranças e emoções passíveis de perturbá-lo, principalmente, se forem trágicas as circunstâncias do seu falecimento. Oremos muito em seu benefício, porque, morre-se como se vive. Se não conseguirmos manter semelhante comportamento, melhor será que nos retiremos do ambiente, evitando engrossar o barulhento coro de vozes e vibrações desrespeitosas, que tanto atormentam o desencarnado, quanto aos que lá comparecem com objetivos nobres de captar energias dos planos superiores, do foco causal, em favor do próximo que parte para outra dimensão.

É oportuno também explicar ao amigo leitor que a perturbação que se segue à morte nada tem de, insuportavelmente, dolorosa para o justo, aquele que esteve na Terra, sintonizado com o bem. Todavia, para os que viveram presos ao egoísmo, escravos dos vícios e ambições mundanas, a morte é uma noite, cheia de horrores, ansiedades e angústias, apesar de essa perturbação ser considerada o estado normal no instante da morte e perdurar por tempo indeterminado, variando de algumas horas a alguns anos. Em algumas pessoas, ela é de curtíssima duração, quase imperceptível, e nada tem de dolorosa - poderia ser comparada como um leve despertar. No entanto, para outras, o estado de perturbação pode durar muitos anos, até séculos, e pode configurar um quadro de sofrimento severo, com angústia e temores acerbos. Alguns Espíritos mergulham em sono profundo e, nesse estado, ficam durante um tempo muito variável. "O conhecimento que nos tiver sido possível adquirir das condições da vida futura exerce grande influência em nossos últimos momentos; dá-nos mais segurança; abrevia a separação da alma." (16)

O equilíbrio mental dos familiares, ante o desencarne, será de fundamental importância na recuperação do Espírito. Pensamentos de revolta e desespero o atingem como dardos mentais de dor e angústia, dificultando a sua recuperação. A atitude inconformista da família pode criar "teias de retenção", prendendo o Espírito ao seu corpo. É natural que muitos chorem na hora da morte, porém, contendo o desespero. É mister que nos resignemos diante desse fenômeno natural da vida, ainda que, por vezes, inesperado, vendo, nisso, a manifestação da Sábia Vontade que nos comanda os destinos. Em verdade, as lágrimas podem, até, aliviar-nos o coração, entretanto, a atitude do espírita deve ser de compreensão e oração. O dia que tivermos certeza de que o que enterramos não é este ou aquele ser, mas um corpo que serviu para a valorização existencial de alguém que amamos, e que esse alguém estará sempre presente em nossa memória, pois que, experimentamos, apenas, um intervalo momentâneo, se comparado à eternidade, nosso comportamento será outro, muito mais harmonioso com esse fenômeno biológico, a que denominamos "morte".