domingo, 20 de junho de 2010

A TRAIÇÃO DE JUDAS - UMA HISTÓRIA MAL CONTADA


A TRAIÇÃO DE JUDAS - UMA HISTÓRIA MAL CONTADA

“Afaste-se da boca enganosa e fique longe dos lábios falsos” (Pv 4, 24)

Introdução



É interessante como alguns temas bíblicos não resistem a uma análise mais profunda. Vários deles, que já tratamos em outros textos, nos levam a uma certeza que muitos trechos constantes da Bíblia trata-se de uma deliberada, mas sutil, montagem para se chegar a um objetivo previamente traçado. Daí, muitos textos foram amoldados a esse objetivo, passando por cima da verdade histórica que deveria conter tais escritos.
Muitas pessoas se chocam com atitudes como essa, a de uma análise crítica. Entretanto, não abrimos mão de fazer uso da inteligência com a qual nos dotou o Criador. Nós seres humanos racionais, que efetivamente somos, temos que usar esse dom, pois, não usá-la é abdicar da única capacidade que nos difere dos animais, por isso, acreditamos que só ofendemos a Deus, quando não utilizamos a nossa inteligência plenamente.
Reconhecemos, entretanto, ser muito difícil a inúmeras pessoas, principalmente as que não pesquisam, abandonar conhecimentos adquiridos, especialmente quando foram passados como verdades divinas sob coação ideológica. Ou seja, o simples questionamento da veracidade das mesmas já era, por si só, considerado como grave ofensa à divindade. Essa possibilidade de heresia acaba gerando um bloqueio mental em função do medo do conseqüente castigo por esse tipo de pecado. Assim, aceitamos sem o mínimo questionamento o que nos foi imposto como verdade absoluta. Com o tempo, passamos a defender idéias que nunca analisamos ou criticamos, como se nossas fossem.
O assunto que iremos tratar, desta vez, está relacionado a uma suposta traição a Jesus, que teria sido realizada por Judas Iscariotes, um de seus discípulos. Inclusive, tudo que consta na Bíblia sobre ele está somente nas passagens que iremos ver a seguir.


Análise das narrativas


Em Lucas 22,3-6, está escrito que, após satanás ter entrado em Judas, ele foi procurar os sacerdotes para ver de que maneira entregaria Jesus. Os sacerdotes ficaram tão satisfeitos com isso que combinaram em dar-lhe dinheiro, uma vez que eles desejavam, de há muito, eliminar esse herético. Tal acontecimento se deu, na versão de Lucas, antes da festa dos Ázimos, evidentemente, antes da ceia de páscoa, cujo prato principal eram os cordeiros que matavam especificamente para essa finalidade, entretanto, segundo João, esse fato se deu após a ceia (Jo 13, 26-29), apesar de que, um pouco antes, ele ter dito: “Enquanto ceavam, tendo já o diabo posto no coração de Judas, filho de Simão Iscariotes, que o traísse” (Jo 13,2), sendo, por conseguinte, omisso sobre qualquer combinação anterior entre Judas e os sacerdotes. Portanto, podemos verificar que há conflito entre as narrativas.
Quanto à questão dessa combinação com os sacerdotes, Mateus (26,15) diz que Judas pediu dinheiro para entregar-lhes Jesus, enquanto que Marcos (14,11) e Lucas (22, 5) afirmam que foram os sacerdotes é quem tomaram a iniciativa de retribuir ao discípulo, dando-lhe dinheiro como recompensa pelo seu ato ignominioso. Um bom observador irá perceber que, pelas suas narrativas, Mateus teve uma evidente preocupação, qual seja a de relacionar Jesus com as profecias, inclusive, muito mais que os outros Evangelistas. Daí ser ele o único que diz sobre o quanto Judas teria recebido, dando como certa a importância de trinta moedas de prata (Mt 26,15; 27,3). Essas passagens que falam disso são relacionadas a Zc 11,12-13, no pressuposto de que ela seja uma profecia, entretanto, os fatos ali narrados se referem ao próprio profeta Zacarias, não é, por conseguinte, uma revelação sobre algo que viesse a ocorrer no futuro.
Ao narrar os acontecimentos durante a ceia, Mateus relata que Jesus, ao responder aos discípulos sobre quem o iria trair, teria dito: “Quem vai me trair, é aquele que comigo põe a mão no prato. O Filho do Homem vai morrer, conforme a Escritura fala a respeito dele..." (Mt 26,23-24). Passagem relacionada ao Sl 41,10, onde Davi reclama sobre um amigo que o trai. O que nos leva a concluir que tal passagem não é uma profecia, assim, não poderia estar relacionada a Jesus, como querem os que buscam, nas Escrituras, apoio para seus dogmas. Davi foi traído por um amigo, seu próprio conselheiro, de nome Aquitofel, conforme narrativa em 2Sm 15,12.31. O final trágico da vida desse “amigo da onça” foi enforcar-se (2Sm17,23), por isso, querem, igualmente, atribuir esse mesmo destino a Judas, como iremos ver mais à frente.
Outra coisa que nos parece sem nenhum sentido, principalmente por tudo que Ele fez, é que Jesus tenha realmente se preocupado em delatar o seu traidor, conforme narra Jo 13,26, quando, para identificar quem o trairia, diz aos que o acompanhava, naquela ceia, que seria a quem desse um pão molhado, dito isso, imediatamente, entrega-o a Judas. Talvez a preocupação aqui seja buscar mais uma forma de relacionar tal episódio a uma suposta profecia sobre esse acontecimento.
Mateus (26,48) e Marcos (14,44) dizem que Judas havia combinado com os sacerdotes um sinal – o beijo – para que pudessem identificar quem era Jesus. Lucas, apesar de não relatar absolutamente nada sobre esse sinal, diz que Judas aproximando-se de Jesus o saúda com um beijo (Lc 22,47). Enquanto que João não fala de ter havido uma combinação de sinal, nem que Jesus teria dito algo a respeito e nem mesmo coloca Judas beijando a Jesus, já que, para ele, foi o Mestre que se adiantou aos guardas acompanhados de Judas se identificando a eles como sendo Jesus, o Nazareno, a quem procuravam (Jo 18,3-5). Fatos novamente conflitantes.
Nenhum outro evangelista, a não ser João, coloca Judas como sendo aquele que, entre os discípulos, cuidava da “bolsa” (Jo 13,29). Vai mais longe ainda, o acusa de ladrão (12,6). Como uma acusação grave dessa não foi feita por mais ninguém? Se Judas fosse realmente ladrão, por que motivo o deixaram tomando conta do dinheiro? Alguém colocaria um ladrão como seu administrador financeiro? Não seria, evidentemente, para colocar a honra desse discípulo em jogo, fórmula encontrada para se justificar que, por ser assim, ele não teria também nenhum escrúpulo em trair o seu próprio Mestre?
Não bastassem os que já encontramos, aparecem-nos agora mais dois evidentes conflitos.
O primeiro está relacionado à forma pela qual Judas deu cabo à sua vida, movido, segundo relata Mateus, por profundo remorso. Estranhamente ele é o único evangelista que fala disso, nenhum outro apresenta uma linha sequer sobre Judas ter se arrependido. Continuando seu relato Mateus diz que Judas enforcou-se (27, 5), entretanto em Atos (1,18) está se afirmando que ele “precipitando-se, caiu prostrado e arrebentou pelo meio, e todas as suas entranhas se derramaram”, mudando-se, desta maneira, a versão anterior a respeito de sua morte. Encontramos a seguinte explicação para esse passo: “Possivelmente a narração da morte de Judas enforcando-se, está inspirada na história da morte de Aquitofel (cf. 2Sm 17,23)” (Bíblia Sagrada Santuário, p. 1463). Conforme citamos anteriormente Aquitofel enforcou-se, mas querer daí, apenas por inspiração, atribuir a Judas uma morte semelhante é lamentável, pois os fatos bíblicos deveriam relatar fielmente o ocorrido, não como o autor quer que tenha acontecido, o que nos coloca diante de uma mera suposição.
O segundo diz respeito ao destino dado às moedas. Mateus menciona que Judas as teria devolvido, atirado-as dentro do santuário, que recolhidas pelos sacerdotes foram, por deliberação, destinadas à compra do campo do oleiro, para servir de cemitério aos estrangeiros (27,3-10). Citando que isso aconteceu para se cumprir o que dissera o profeta Jeremias. Mas essa história parece-nos mal contada, pois em Atos se diz que o próprio Judas teria comprado um campo (At 1,18), que até poderia ser esse do oleiro, mas de qualquer forma está em conflito com a versão anterior.
Na maioria das Bíblias em que consultamos, dizem que as profecias relacionadas a Mt 27,9: “Cumpriu-se, então, o que foi dito pelo profeta Jeremias: Tomaram as trinta moedas de prata,, preço do que foi avaliado, a quem certos filhos de Israel avaliaram e deram-nas pelo campo do oleiro, assim como me ordenou o Senhor”, seriam: Zc 11,12-13 e Jr 32,5-16, ou Jr 18,1-4 e 19,1-3, havendo, portanto, sérias dúvidas quanto à identificação da profecia especifica relacionada ao episódio. Como já falamos sobre a citação de Zacarias, fica-nos, por conseguinte, apenas as de Jeremias para dizermos alguma coisa. Em notas explicativas sobre elas encontramos que: “A citação é uma combinação artificial de Jr 32,6-9 e Zc 11,12-12” (Bíblia do Peregrino, p. 2386), isso deixa-nos diante da realidade de que, por se admitir que seja “uma combinação artificial”, estamos, sem dúvida, diante de mais uma tentativa de se relacionar acontecimentos no Novo Testamento com ocorrências registradas no Antigo Testamento tidas como se fossem verdadeiras profecias.
Quem tiver a curiosidade de consultar a passagem citada de Zacarias não encontrará nela nenhum aspecto de profecia, são apenas fatos relacionados àquele momento vivido por esse profeta. E quanto a Jeremias, não se encontra absolutamente nada que ele tenha comprado alguma coisa por trinta moedas. Sobre a compra de um terreno, sim, como podemos ver em 32,1-44, mas uma situação circunstancial, explicada da seguinte forma:
“À primeira vista se trata de um incidente: a compra e venda de um terreno segundo as normas e o procedimento da legislação judaica. O narrador se compraz em registrar todos os detalhes, mostrando que a lei foi estritamente cumprida e que o ato é juridicamente válido. O surpreendente dessa compra-e-venda é que se realiza às vésperas da catástrofe inevitável. Que sentido tem nesse momento comprar um terreno para que fique em poder da família? Tudo já está perdido. Mas o absurdo do ato é a chave do seu sentido. Para efeitos legais imediatos, a compra nada servirá; para efeitos proféticos, é admirável ato de esperança no futuro. É um oráculo em ação, Jeremias profetiza ao vivo: não só palavras, nem ação simbólica, mas ato real jurídico. Esse ato significa o futuro que ele antecipa: a jarra de barro onde se guarda o contrato é um penhor que Deus concede. Apesar do que está para acontecer, a terra continua sendo propriedade dos judaítas: a terra prometida aos patriarcas e possuída durante séculos...” (Bíblia do Peregrino, p. 1928).
Podemos ainda confirmar isso com a seguinte explicação: “A citação [Mt 27,9] é tirada na realidade de Zacarias (11,12-13). Mas, ele lembra também diversos versículos de Jeremias onde se faz menção do campo e do oleiro (32,6-6; 18,2-12)”. (Bíblia Ave Maria, p. 1319). Ressaltamos que a expressão “ela lembra”, é uma afirmativa que depõe contra o próprio texto que, positivamente, diz ser de Jeremias essa profecia.


Conclusão


Percebemos que as narrativas possuem diversos fatos conflitantes entre si, deixando-nos na convicção que tudo não passa de um ajuste dos textos para se chegar a um objetivo pré-determinado, conforme já falávamos, desde o início. Para se ter uma idéia mais exata sobre isso, colocaremos a passagem Mateus 27,1-26, que, para tornar a explicação mais fácil de ser entendida, iremos dividi-la em três partes:
I) 1-2: De manhã cedo, todos os chefes dos sacerdotes e os anciãos do povo convocaram um conselho contra Jesus, para o condenarem à morte. Eles o amarraram e o levaram, e o entregaram a Pilatos, o governador.
II) 3-10: Então Judas, o traidor, ao ver que Jesus fora condenado, sentiu remorso, e foi devolver as trinta moedas de prata aos chefes dos sacerdotes e anciãos, dizendo: "Pequei, entregando à morte sangue inocente". Eles responderam: "E o que temos nós com isso? O problema é seu". Judas jogou as moedas no santuário, saiu, e foi enforcar-se. Recolhendo as moedas, os chefes dos sacerdotes disseram: "É contra a Lei colocá-las no tesouro do Templo, porque é preço de sangue". Então discutiram em conselho, e as deram em troca pelo Campo do Oleiro, para aí fazer o cemitério dos estrangeiros. É por isso que esse campo até hoje é chamado de "Campo de Sangue". Assim se cumpriu o que tinha dito o profeta Jeremias: "Eles pegaram as trinta moedas de prata - preço com que os israelitas o avaliaram - e as deram em troca pelo Campo do Oleiro, conforme o Senhor me ordenou".
III) 11-26: Jesus foi posto diante do governador, e este o interrogou: "Tu és o rei dos judeus?" Jesus declarou: "É você que está dizendo isso". E nada respondeu quando foi acusado pelos chefes dos sacerdotes e anciãos. Então Pilatos perguntou: "Não estás ouvindo de quanta coisa eles te acusam?" Mas Jesus não respondeu uma só palavra, e o governador ficou vivamente impressionado. Na festa da Páscoa, o governador costumava soltar o prisioneiro que a multidão quisesse...”
Para o que queremos colocar não é necessário citar toda a narrativa, assim omitimos o restante da seqüência dessa última (vv. 16-26), pois até aqui, no versículo 15, já encontramos o suficiente para entendermos e percebermos que os versículos de 3-10 nada têm a ver com o contexto geral daquilo relatado na passagem. Inclusive, no versículo 3 está dito que Judas viu que Jesus havia sido condenado, quando, no desenrolar do texto, esse fato ainda não havia acontecido, que só veio acontecer mais à frente. A quebra brusca na seqüência dessa narrativa, não deixou de ser percebida pelo tradutor da Bíblia do Peregrino, conforme nos explica:
“O episódio da morte de Judas interrompe estranhamente o curso do relato, como se a entrega de Jesus ao governador ultrapassasse suas previsões. Sabemos que a figura de Judas alimentou desde cedo fantasias legendárias. Lucas dá versão diferente (At 1,18-20). A morte violenta do perseguidor ou culpado é tema literário conhecido (p. ex. Absalão, 2Sm 18: Antíoco Epífanes, 2Mc9; em versão poética vários oráculos proféticos, p.ex. Is 14; Ez 28). Antes de morrer, Judas acrescenta seu testemunho sobre a inocência de Jesus. Confessa o pecado, mas desespera do perdão...” (pp. 2385-2386).
Isso vem confirmar todas as nossas suspeitas de que tudo foi um calculado arranjo visando ajustar os textos às conveniências dos interessados para que eles tivessem referências às suas idiossincrasias. E em relação ao assunto tratado, temos fortes suspeitas que vários outros trechos foram intercalados às narrativas bíblicas, para se amoldá-los ao propósito determinado. Podemos citar, como exemplo, Mt 26,14-16, 21-25, Mc 10,10-11; 14, 18-21, Lc 22,3-6, 21-23, para que você, caro leitor, faça uma análise mais aprofundada.
Ficamos a pensar como se sentiu e como ainda pode estar se sentido Judas sobre tudo quanto lhe imputaram como procedimento. O pobre coitado ainda é julgado e condenado, anos após anos, pelos ditos “cristãos”, que, com certeza, não cumprem: “Não julgueis os outros para não serdes julgados, porque com o julgamento com que julgardes, sereis julgados e com a medida que medirdes sereis medidos” (Mt 7,1-2). Não bastasse isso ainda é humilhado, malhado e, ao final, é espetacularmente “detonado”. Infelizmente esse nos parece ser o seu destino cruel, que se perpetua anualmente nas comemorações da Semana Santa realizadas por determinadas religiões cristãs tradicionais.

sábado, 12 de junho de 2010

A Visão Espírita do Sono e Sonhos


O tema de hoje está muito bem abordado por Allan Kardec, no capítulo VIII de "O Livro dos Espíritos", quando trata da emancipação da alma.

O sono é uma necessidade fisiológica para descanso do corpo, mas o espírito não precisa desse descanso. Enquanto o corpo se relaxa, afrouxam-se os liames entre o espírito e o corpo. Assim, o espírito tem a possibilidade de entrar em contato com o mundo espiritual.

Após esse encontro, que está sempre regido pelo centro de interesse do espírito que se emancipa do corpo, provisoriamente, ele retorna ao corpo, cujos implementos orgânicos, cerebrais, não têm possibilidade de percepção total da experiência vivida pelo espírito no contato com o plano espiritual.

Desta maneira, permanecem a nível consciente retalhos, fragmentos de lembranças daquela experiência. No entanto, a nível subliminar, subconsciente, a emoção da experiência permanece viva. Quando o espírito encarnado está no estado de vigília e entra em relação com pessoas que estejam relacionadas com o teor do sonho, dentro do centro de interesse do sonho, automaticamente este espírito encarnado sente a emoção invadir o seu ser como o mar invade a praia, sem que ele consiga explicar conscientemente como foi que se processou isso.

Na pergunta 459 de "O Livro dos Espíritos", as entidades que auxiliaram Kardec informaram que os espíritos influenciam em nossas vidas muito mais do que nós supomos. Através do sono, há maior possibilidade de influência dos espíritos em nossas vidas, uma vez que, liberto do jugo da matéria, o espírito adquire uma abertura maior de percepção, podendo até perceber algo da vida passada e até prever fatos da vida futura. Neste caso, o Espírito vai ao encontro de pessoas encarnadas igualmente desdobradas do corpo, percebem a situação e, ao retornarem ao corpo, mantendo alguma lembrança do encontro, têm uma antecipação do fato que vai ocorrer. O pensamento é a vestimenta das idéias. O perispírito é ideoplástico, sofrendo uma grande influência do pensamento.

Assim sendo, temos que incluir nessas percepções do espírito emancipado do corpo suas visões referentes às formas-pensamento, idealizações concretizadas sob uma forma que podem ser vistas pelo espírito encarnado desdobrado do corpo.

Está claro que esta é a visão da Doutrina Espírita, que não é compartilhada pela Psicologia, notadamente pela teoria freudiana que estabelece na "interpretação dos sonhos" algo que é explicado da seguinte maneira:

Temos desejos que estão nas profundidades do nosso inconsciente (Id) que não temos condições de admití-los, pois nosso eu (ego) não está estruturado para considerá-los verossímel. Ele diz também que temos uma estrutura de fiscalização, chamada superego, que de alguma maneira nos protege pelos aspectos morais, educacionais estabelecidos pelo meio onde a pessoa vive.

Para Freud, o sonho é um "escape" de algo do inconsciente que vem à tona como um "ato falho", ou seja, uma expressão do desejo que vem ao consciente. Freud era materialista e, como todos os médicos e psicólogos materialistas, consideram que o pensamento é uma secreção do cérebro.

Apesar de considerarmos ser verdadeiro o sonho decorrente de algum distúrbio fisiológico, ficamos com a idéia espírita sobre a emancipação da alma. (t)

Perguntas/Respostas:

<|Moderadora|> [01] Quais são os perigos, reais, para os praticantes de Viagem Astral, se é que existe algum?

O termo "Viagem Astral" pode ser definido com a terminologia espírita como sendo um desdobramento ou como um aspecto sonambúlico. O espírito sai do corpo e, consciente, vive a experiência da emancipação.

O perigo que pode ocorrer é quando há treinamentos para realizar essas "viagens astrais" sem que se tenha uma consciência maior das conseqüências desta experiência, ou seja, o espírito fora do corpo, ele vai ao encontro do seu centro de interesse e, se não estiver muito bem protegido e se não houver um motivo justo para este desdobramento consciente, poderá cair em ciladas de fascinadores que têm como objetivo subtrair a energia do espírito encarnado desdobrado do corpo. Nosso corpo é uma proteção maravilhosa e, ao nos despojarmos dele, tão-somente pela curiosidade, estaremos então dentro das conseqüências advindas do gesto irresponsável.

Questionamos bastante as escolas de projeciologia, como as que desenvolve Waldo Vieira, pois temos a impressão que é necessário nos apropriarmos da existência corpórea, realizar todo o bem possível para que possamos estar em condições espirituais favoráveis para uma experiência fora do corpo. (t)

<|Moderadora|> [02] Em geral, ouve-se muito no meio espírita, como explicação para os sonhos, a libertação provisória da alma e as lembranças guardadas na memória dessa libertação noturna. As imagens e sentimentos e impressões diárias não podem ser causas também dos sonhos?

Como eu disse nas considerações iniciais, o sonho pode ser influenciado pelas questões cotidianas, uma vez que o espírito encarnado, preocupado com essa ou aquela questão mais grave, pode deixar o seu imaginário se desenvolver, passando por "pesadelos", que são diretamente proporcionais ao grau de dificuldade da situação cotidiana que ele está passando.

O psicólogo Lacan (freudiano e francês) escreveu um tratado sobre uma rede de significantes que implementamos em nossa mente desde tenra idade, ou seja, todos os valores recebidos no lar através da influência de pai e mãe e da sociedade ficam guardados no aparelho psíquico sob a forma de verdadeiros "chips", que têm uma possibilidade de serem acessados em qualquer momento de nossas existências.

Assim sendo, pela visão de Lacan, todo e qualquer fenômeno que nós nos defrontamos na vida cotidiana, fatalmente remetemo-la àquela rede de significantes, impulsionando, automaticamente, uma resposta sob a forma de medo, alegria, tristeza, etc. Ora, se isso for uma verdade, podemos dizer que temos uma rede de significantes de outra vida, portanto, não só dessa vida.

Portanto, quando estamos na vigília ou emancipados do corpo, ao lidarmos com as pessoas da vida cotidiana ou com os espíritos desencarnados, temos a nossa rede de significantes sendo acionada. Isso então pode responder à luz da Psicologia materialista, colocada agora com uma visão maior, porque as coisas da vida cotidiana se refletem nos sonhos. Reagimos porque somos espíritos imortais, em vigília ou na emancipação da alma (sono). (t)

<|Moderadora|> [03] Por que sonhamos com situações e pessoas desconhecidas?

Uma pessoa conhecida é aquela em que temos uma lembrança, um registro claro do nome, da fisionomia, da época que a conhecemos. Logo estaremos meramente subordinando a palavra "conhecida" ao registro de dados. Ora, eu posso ter conhecido alguém que passou pela minha vida em certa época da minha infância, mas que eu não detive o registro dos dados na minha memória, assim como vivi experiências com outros espíritos encarnados em reencarnação anterior.

O fato de não termos acesso aos registros de dados não caracteriza, portanto, que eu não tenha conhecido alguém. O que caracteriza o "conhecimento de alguém" é o vínculo emocional que eu tenho com ela.

"O Livro dos Espíritos" nos ensina que esses vínculos afetivos são magnéticos e o Magnetismo nos aproxima sem determinar o que deveremos fazer dessa aproximação, pois será o uso do nosso livre-arbítrio que terá essa função. Assim sendo, é necessário que se verifique que emoção bateu quando se encontrou uma pessoa dita desconhecida: Antipatia? Simpatia? Alegria? Medo? Ou indiferença?

Quando encontramos com um espírito encarnado ou desencarnado, no plano espiritual, durante o sono, estes espíritos poderão ter um significado para nós. Por exemplo: alguém muito paternal, que me lembra muito o meu pai, sem que ele seja exatamente o meu pai. Pode ser um espírito desconhecido que pode estar ali em relação comigo e que eu emprestei um significado a esse espírito.

Por outro lado, posso encontrar um pai de outra vida e funcionar tudo às avessas. Como esses registros estão muito na profundidade do inconsciente, é como se eu não o conhecesse. (t)

<|Moderadora|> [04] <_celinha_> O sono é considerado um tipo de mediunidade só porque nesse momento ocorre um contato com o plano espiritual e, em conseqüência, com os desencarnados?

Em conversa particular com a médium Yvonne Pereira, ela me contou que as experiências espirituais narradas nos livros de sua autoria, foram quase todas em estado sonambúlico, uma espécie de sono profundo, quando então ela, emancipada do corpo, entrava em contato com Léon Denis, com espíritos sofredores, com Charlies, e, ao voltar ao corpo, escrevia tudo que ela se lembrava desses encontros.

Pensando por esse aspecto, o sono nada mais é do que uma necessidade fisiológica de necessidade do corpo, enfraquecendo os liames entre o espírito e o corpo e favorecendo uma maior percepção do espírito emancipado. (t)

<|Moderadora|> Duas perguntas correlatas: [06] O espírito não necessita do repouso, do sono, no entanto em livros como "Nosso Lar" vemos situações aonde os desencarnados estão descansando. [07] Tanto em "Nosso Lar", quanto em "Violetas na Janela", os desencarnados realizam inúmeras atividades semelhantes às do mundo físico. Descansam e dormem, muitas vezes, para que se recuperem de sofrimentos, doenças e dores, caem em sono profundo. Como explicar esse sono?

O sono é uma necessidade fisiológica decorrente do desgaste físico proporcionado pela vida cotidiana. Os espíritos desencarnados recentemente e que não se apropriaram bem da sua condição de espírito desencarnado, permanecem com os condicionamentos decorrentes das necessidades fisiológicas, pois mesmo quando encarnado, o espírito vivencia tantas vezes as necessidades fisiológicas (satisfeitas ou não) que, ao chegarem no plano espiritual naquelas condições citadas, permanecem como se estivessem encarnados ainda. Então, sentem cansaço, sentem necessidade do repouso e até de uma alimentação mais sólida, como nos relata André Luiz, no livro "Nosso Lar".

Com o passar do tempo, dependendo do nível espiritual desse espírito desencarnado, ele vai se descondicionando, permanecendo tão somente a condição respiratória, que é uma função nobre, superior do espírito. André Luiz cita que em determinado estágio de sua experiência em Nosso Lar ele respirava prece impregnada no ambiente e que era uma forma de alimento para os espíritos daquele nível. (t)

<|Moderadora|> [08] A passagem da vigília para o sonho pode ser dirigida conscientemente?

Para que possa existir o sonho será necessário um relaxamento dos laços entre o espírito e o corpo e isto pode ocorrer mediante treinamento, portanto consciente. A auto-hipnose, mediante treinamento, pode proporcionar o sono que seria então provocado. No entanto, consideramos que será sempre melhor deixar que a natureza trabalhe dentro dos seus limites, pois, estando o corpo necessitado de repouso, o que o espírito encarnado deve fazer é orar e solicitar aos amigos espirituais que o ajudem a ter um bom sono.

Não nos esqueçamos de que Santo Agostinho, na questão 919 de "O Livro dos Espíritos", recomenda esvaziar as preocupações do dia dentro de um processo de auto-conhecimento. Para uns, isso não é motivo para perder o sono, mas para outros pode ser motivo de insônia, portanto depende de como a pessoa lida com a possibilidade de entrar em contato com a verdade, desdobrada do corpo, com os amigos espirituais, etc.

Há também casos em que pessoas que têm graves complicações epiléticas, entram em crise durante o sono porque vêem espíritos obsessores próximos a si. Como ficaria a situação dessa pessoa se fizéssemos um sono provocado? Como ficaria uma pessoa que sofre o terror noturno se fizéssemos o sono provocado?

Creio firmemente que é necessário para o espírito encarnado entrar em oração, em harmonia para ter um excelente sono e, quando não consegue, deve procurar fazer leituras leves ou receber passes para que possa dormir tranqüilamente. (t)

<|Moderadora|> [09] Para a doutrina espírita ,o que significariam os sonhos recorrentes, principalmente com pessoas e situações. Teríamos ligações anteriores com esses espíritos?

Como já respondi numa questão anterior, temos vínculos magnéticos com inúmeros espíritos que têm maior ou menor aproximação conosco. Alguns podem ter sido relações de vida passada, outros podem ser decorrentes de conhecimentos desta vida. O importante não é identificar se é de outra vida ou desta. A questão fundamental é qual o teor deste vínculo afetivo?

Se for de inimizade, de medo, de vingança, etc., deve-se solicitar ao próprio coração uma reserva maior de compaixão para conseguir orar por eles. Se a relação for boa, deve-se, de alguma maneira, emitir pensamentos positivos para a manutenção dessa vinculação.

Então, a questão fundamental é "Diga-me com quem andas e dir-te-ei quem és." Esta palavra "andas" fala de vínculo e diz muito da sua maneira de ser no mundo, pela forma como faz os seus vínculos nesta vida. (t)

<|Moderadora|> [10] Desencarnar dormindo, em situação de tranqüilidade, sem sofrimento aparente, é um privilégio?

Não há privilégios. Desencarnar dormindo não significa situação de tranqüilidade, ou seja, sem sofrimento. Desencarnar dormindo tem a ver com o quadro provacional deste espírito, cujo alcance, muitas vezes, não temos condições de aferir, pois tem a ver com as questões de vida passada.

O espírito, por estar fora do corpo, ele sofre um choque tremendamente violento ao desencarnar. Posso citar o exemplo de um grande amigo, chamado Telêmaco, que participava do grupo "Spiritvs" com Carlos Torres Pastorino, Jorge Andréa e outros. Ele era um médico muito bom, tarefeiro do bem e estava dormindo num ônibus na Rodovia Rio-São Paulo, na altura de Resende, quando o veículo foi lançado de cima de um viaduto. Ele desencarnou e narrou, através de comunicação mediúnica, posteriormente, o choque imenso pelo rompimento do laço entre o espírito e o corpo enquanto dormia. Permaneceu durante muito tempo em recuperação no plano espiritual. Mais tarde, foram reveladas uma série de questão que revelavam a razão de ser do desencarne durante o sono, uma delas referia-se ao mérito do citado médico que, devido aos débitos do passado, poderia ter sofrido muito mais se em estado de vigília. (t)

<|Moderadora|> [11] Porque, muitas vezes, ao acordamos, nos sentimos bem mais cansados do que quando deitamos para dormir?

O espírito se desdobra do corpo durante o sono, mas continua com as preocupações do dia-a-dia e, em muitas ocasiões, reencontra pessoas em ambientes que têm a ver com os conflitos desse dia-a-dia e continuam discutindo as questões difíceis que consumiram esta pessoa durante o dia.

O corpo se ressente porque, afinal de contas, as angústias são originárias do espírito, o corpo só as decodifica. Não podemos afastar também a hipótese de que espíritos fascinadores e obsessores possam estar subtraindo energias deste encarnado que, ao sair do corpo, se submete às falácias do espírito inteligente e mau (obsessor). (t)

Três conselhos...


Um casal de jovens recém-casados, era muito pobre e vivia de favores num sítio do interior. Um dia o marido fez a seguinte proposta para a esposa: "Querida eu vou sair de casa, vou viajar para bem longe, arrumar um emprego e trabalhar até ter condições para voltar e dar-te uma vida mais digna e confortável. Não sei quanto tempo vou ficar longe, só peço uma coisa, que você me espere e enquanto eu estiver fora, seja FIEL a mim, pois eu serei fiel a você. " Assim sendo, o jovem saiu. Andou muitos dias a pé, até que encontrou um fazendeiro que estava precisando de alguém para ajudá-lo em sua fazenda. O jovem chegou e ofereceu-se para trabalhar, no que foi aceito. Pediu para fazer um pacto com o patrão, o que também foi aceito. O pacto foi o seguinte: "Me deixe trabalhar pelo tempo que eu quiser e quando eu achar que devo ir, o senhor me dispensa das minhas obrigações. EU NÃO QUERO RECEBER O MEU SALÁRIO. Peço que o senhor o coloque na poupança até o dia em que eu for embora. No dia em que eu sair o senhor me dá o dinheiro e eu sigo o meu caminho". Tudo combinado. Aquele jovem trabalhou DURANTE VINTE ANOS, sem férias e sem descanso. Depois de vinte anos chegou para o patrão e disse: "Patrão, eu quero o meu dinheiro, pois estou voltando para a minha casa." O patrão então lhe respondeu: "Tudo bem, afinal, fizemos um pacto e vou cumpri-lo, só que antes quero lhe fazer uma proposta, tudo bem? Eu lhe dou o seu dinheiro e você vai embora, ou LHE DOU TRÊS CONSELHOS e não lhe dou o dinheiro e você vai embora. Se eu lhe der o dinheiro eu não lhe dou os conselhos; se eu lhe der os conselhos, eu não lhe dou o dinheiro. Vá para o seu quarto, pense e depois me dê a resposta. Ele pensou durante dois dias, procurou o patrão e disse-lhe: "QUERO OS TRÊS CONSELHOS." O patrão novamente frisou: "Se lhe der os conselhos, não lhe dou o dinheiro." E o empregado respondeu: "Quero os conselhos." O patrão então lhe falou: 1. NUNCA TOME ATALHOS EM SUA VIDA. Caminhos mais curtos e desconhecidos podem custar a sua vida. 2. NUNCA SEJA CURIOSO PARA AQUILO QUE É MAL, pois a curiosidade para o mal pode ser mortal. 3. NUNCA TOME DECISÕES EM MOMENTOS DE ÓDIO OU DE DOR, pois você pode se arrependere ser tarde demais. Após dar os conselhos, o patrão disse ao rapaz, que já não era tão jovem assim: "AQUI VOCÊ TEM TRÊS PÃES, estes dois são para você comer durante a viagem e este terceiro é para comer com sua esposa quando chegar a sua casa.“ O homem então, seguiu seu caminho de volta, depois de vinte anos longe de casa e da esposa que ele tanto amava. Após primeiro dia de viagem, encontrou um andarilho que o cumprimentou e lhe perguntou: "Pra onde você vai?“ Ele respondeu: "Vou para um lugar muito distante que fica a mais de vinte dias de caminhada por essa estrada." O andarilho disse-lhe então: "Rapaz, este caminho é muito longo, eu conheço um atalho que é dez, e você chega em poucos dias...“ O rapaz contente, começou a seguir pelo atalho, quando lembrou-se do primeiro conselho, então voltou e seguiu o caminho normal. Dias depois soube que o atalho levava a uma emboscada. Depois de alguns dias de viagem, cansado ao extremo, achou pensão à beira da estrada, onde pode hospedar-se. Pagou a diária e após tomar um banho deitou-se para dormir. De madrugada acordou assustado com um grito estarrecedor. Levantou-se de um salto só e dirigiu-se à porta para ir até o local do grito. Quando estava abrindo a porta, lembrou-se do segundo conselho. Voltou, deitou-se e dormiu. Ao amanhecer, após tomar café, o dono da hospedagem lhe perguntou se ele não havia escutado gritos durante a noite, e ele respondeu que sim. O hospedeiro perguntou-lhe se não estava curioso a respeito, e ele respondeu que não.. O hospedeiro prosseguiu: “VOCÊ É O PRIMEIRO HÓSPEDE A SAIR DAQUI VIVO, pois meu filho tem crises de loucura, grita durante a noite... e quando o hóspede sai, mata-o e enterra-o no quintal.” O rapaz prosseguiu na sua longa jornada, ansioso por chegar a sua casa. Depois de muitos dias e noites de caminhada... Já ao entardecer, viu entre as árvores a fumaça de sua casinha, andou e logo viu entre os arbustos a silhueta de sua esposa. Estava anoitecendo, mas ele pode ver que ela não estava só. Andou mais um pouco e viu que ela tinha entre as pernas, um homem a quem estava acariciando os cabelos. Quando viu aquela cena, seu coração se encheu de ódio e amargura e decidiu-se a correr de encontro aos dois e a matá-los sem piedade. Respirou fundo, apressou os passos, quando lembrou-se do terceiro conselho. Então parou, refletiu e decidiu dormir aquela noite ali mesmo e no dia seguinte tomar uma decisão. Ao amanhecer, já com a cabeça fria, ele pensou: "NÃO VOU MATAR MINHA ESPOSA E NEM O SEU AMANTE. Vou voltar para o meu patrão e pedir que ele me aceite de volta. Só que antes, quero dizer a minha esposa que eu sempre FUI FIEL A ELA". Dirigiu-se à porta da casa e bateu. Quando a esposa abre a porta e o reconhece, atira-se em seu pescoço e o abraça afetuosamente. Ele tenta afastá-la, mas não consegue. Então, com lágrimas nos olhos lhe diz: "Eu fui fiel a você e você me traiu..." Ela espantada lhe responde: "Como? Eu nunca lhe trai, esperei durante esses vintes anos!" Ele então lhe perguntou: "E aquele homem que você estava acariciando ontem ao entardecer?" "AQUELE HOMEM É NOSSO FILHO. Quando você foi embora, descobri que estava grávida. Hoje ele está com vinte anos de idade.“ Então o marido entrou, conheceu, abraçou o filho e contou-lhes toda a sua história, enquanto a esposa preparava o café. Sentaram-se para tomar café e comer juntos o último pão. APÓS A ORAÇÃO DE AGRADECIMENTO, COM LÁGRIMAS DE EMOÇÃO, ele parte o pão e, ao abri-lo, encontra todo o seu dinheiro, o pagamento por seus vinte anos de dedicação! Muitas vezes achamos que o atalho "queima etapas" e nos faz chegar mais rápido, o que nem sempre é verdade... Muitas vezes somos curiosos, queremos saber de coisas que nem ao menos nos dizem respeito e que nada de bom nos acrescentará... Outras vezes, agimos por impulso, na hora da raiva, e fatalmente nos arrependemos depois.... Espero que você, assim como eu, não se esqueça desses três conselhos e que, principalmente, não se esqueça de CONFIAR em DEUS... (mesmo que a vida, muitas vezes já tenha te dado motivos para a desconfiança). Outra coisa.... Não guarde essa mensagem numa pasta, envie para seus amigos... Não perca a oportunidade de fazer (mais) feliz o dia de alguém, pois esta bela história nos instiga à boas atitudes em situações extremas.. Forte abraço e que Deus te abençoe!

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Harmonia das diferenças



Harmonia das diferenças

Você já pensou que o nosso grande problema, nas relações pessoais, é que desejamos que os outros sejam iguais a nós?

Em se falando de amigos, desejamos que eles gostem exatamente do que gostamos, que apreciem o mesmo gênero de filmes e música que constituem o nosso prazer.

No âmbito familiar, prezaríamos que todos os componentes da família fossem ordeiros, organizados e disciplinados como nós.

No ambiente de trabalho, reclamamos dos que deixam a cadeira fora do lugar, papel espalhado sobre a mesa e que derramam café, quando se servem.

Dizemos que são relaxados e que é muito difícil conviver com pessoas tão diferentes de nós mesmos. Por vezes, chegamos às raias da infelicidade, por essas questões.

E isso nos recorda da história de um menino chamado Pedro. Ele tinha algumas dificuldades muito próprias.

Por exemplo, quando tentava desenhar uma linha reta, ela saía toda torta.

Quando todos à sua volta olhavam para cima, ele olhava para baixo. Ficava olhando para as formigas, os caracóis, em sua marcha lenta, as florzinhas do caminho.

Se ele achava que ia fazer um dia lindo e ensolarado, chovia. E lá se ia por água abaixo, todo o piquenique programado.

Um dia, de manhã bem cedo, quando Pedro estava andando de costas contra o vento, ele deu um encontrão em uma menina, e descobriu que ela se chamava Tina. E tudo o que ela fazia era certinho.

Ela nunca amarrava os cordões de seus sapatos de forma incorreta nem virava o pão com a manteiga para baixo.

Ela sempre se lembrava do guarda-chuva e até sabia escrever o seu nome direito.

Pedro ficava encantado com tudo que Tina fazia. Foi ela que lhe mostrou a diferença entre direito e esquerdo. Entre a frente e as costas.

Um dia, eles resolveram construir uma casa na árvore. Tina fez um desenho para que a casa ficasse bem firme em cima da árvore.

Pedro juntou uma porção de coisas para enfeitar a casa. Os dois acharam tudo muito engraçado. A casa ficou linda, embora as trapalhadas de Pedro.

Bem no fundo, Tina gostaria que tudo que ela fizesse não fosse tão perfeito. Ela gostava da forma de Pedro viver e ver a vida.

Então Pedro lhe arranjou um casaco e um chapéu que não combinavam. E toda vez que brincavam, Tina colocava o chapéu e o casaco, para ficar mais parecida com Pedro.

Depois, Pedro ensinou Tina a andar de costas e a dar cambalhotas.

Juntos, rolaram morro abaixo. E juntos aprenderam a fazer aviões de papel e a fazê-los voar para muito longe.

Um com o outro, aprenderam a ser amigos até debaixo d’água. E para sempre.

Eles aprenderam que o delicioso em um relacionamento é harmonizar as diferenças.

Aprenderam que as diferenças são importantes, porque o que um não sabe, o outro ensina. Aquilo que é difícil para um, pode ser feito ou ensinado pelo outro.

É assim que se cresce no mundo. Por causa das grandes diferenças entre as criaturas que o habitam.

***

A sabedoria divina colocou as pessoas no mundo, com tendências e gostos diferentes umas das outras.

Também em níveis culturais diversos e degraus evolutivos diferentes.

Tudo para nos ensinar que o grande segredo do progresso está exatamente em aprendermos uns com os outros, a trocar experiências e valorizar as diferenças.

A palavra sincera

Você sabia que a palavra "sincera" foi inventada pelos romanos?

Eles fabricavam certos vasos com uma cera especial tão pura e perfeita que os vasos se tornavam transparentes.

Em alguns casos era possível distinguir os objetos guardados no interior do vaso.

Para um vaso assim, fino e límpido, diziam os romanos:

Como é lindo! Parece até que não tem cera!

"Sine cera" queria dizer "sem cera", uma qualidade de vaso perfeito, finíssimo, delicado, que deixava ver através de suas paredes.

Com o tempo, o vocábulo "sine cera" se transformou em sincero e passou a ter um significado relativo ao caráter humano.

Sincero é aquele que é franco, leal, verdadeiro, que não oculta, que não usa disfarces, malícias ou dissimulações.

A pessoa sincera, à semelhança do vaso, deixa ver através de suas palavras os nobres sentimentos de seu coração.

Assim, procuremos a virtude da sinceridade em nossos corações. Sim, pois na forma de potencialidade ela está lá, aguardando o momento em que iremos despertá-la, e cultivá-la em nossos dias.

Se buscamos a riqueza do espírito, esculpindo seus valores ao longo do tempo, devemos lembrar da sinceridade, deste revestimento que nos torna mais límpidos, mais delicados.

Por que razão ocultar a verdade, se é a verdade que nos liberta da ignorância?

Por que razão usar disfarces, se cedo ou tarde eles caem e seremos obrigados a enfrentar as conseqüências funestas da mentira?

Por que razão dissimular, se não desejamos jamais ouvir a dissimulação na voz das pessoas que nos cercam?

Quem luta para ser sincero conquista a confiança de todos, e por conseqüência seu respeito, seu amor.

Quem é sincero jamais enfrentará a vergonha de ser descoberto em falsidades.

Quem luta pela sinceridade é defensor da verdade do Cristo, a verdade que liberta.

***

Sejamos sinceros, lembrando sempre que esta virtude é delicada, é respeitosa, jamais nos permitindo atirar a verdade nos rostos alheios como uma rocha cortante.

Sejamos sinceros como educadores de nossos filhos. Primemos pela honestidade ensinando-lhes valores morais, desde cedo, principalmente através de nossos exemplos.

Sejamos sinceros e conquistemos as almas que nos cercam.

Sejamos o vaso finíssimo que permite, a quem o observa, perceber seu rico conteúdo.

Sejamos sinceros, defensores da verdade acima de tudo, e carreguemos conosco não o fardo dos segredos, das malícias, das dissimulações, mas as asas da verdade que nos levarão a vôos cada vez mais altos.

Por fim, lembremo-nos do vaso transparente de Roma, e procuremos tornar assim o nosso coração.

Portugal fala sobre os Homossexuais Brasileiros ....... Parada gay 2010 São Paulo








A situação no Brasil ?está péssima? em relação aos direitos homossexuais, acusam vários intervenientes na questão, criticando sectores religiosos "que impedem avanços na legislação". ?No Brasil não se aceita nem a união estável do mesmo sexo, que seria o primeiro passo para o reconhecimento do casamento. São algumas concessões do judiciário, mas são poucos os juízes que aceitam. É uma lotaria?, disse à Lusa Sylvia Maria do Amaral. Apesar de haver alguns avanços no poder judiciário, os direitos civis de homossexuais permanecem barrados no Brasil, afirmam os especialistas consultados pela Lusa. No âmbito legislativo, não há lei federal que proíba a discriminação. ?Discriminação não é crime no Brasil?, critica Sylvia Amaral que se dedica há nove anos a defender os direitos homoafectivos. Os casos de discriminação ainda são muito frequentes, destaca a advogada, ?em várias situações e em diferentes classes sociais?. Actualmente, já é mais fácil ganhar causas na Justiça contra a homofobia, ?mas existe também um preconceito no poder Judiciário?. As indemnizações por danos morais chegam a variar de três mil a 100 mil reais (de 1.200 a 40 mil euros). Já segundo Toni Reis, presidente da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), o ?grande problema no Brasil são os fundamentalistas religiosos que vão contra os direitos e têm o poder de atravancar o cumprimento da cidadania plena da comunidade? gay. Na esfera federal, não há lei aprovada para as necessidades da comunidade LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e trangêneros), mas em 112 cidades e em 13 Estados brasileiros, já há leis que coíbem a discriminação. No Congresso Nacional, estão a tramitar dois projectos de lei para crimes de homofobia e para o reconhecimento da união estável. No poder Executivo, o representante brasileiro da comunidade LGBT destaca alguns avanços como a criação do programa nacional de combate à homofobia, o Plano Nacional de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos e a primeira Conferência Nacional de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transsexuais, realizada em 2008. ?A mentalidade da sociedade ainda precisa ser educada, o que barra é a concepção tradicional que se tem de casamento?, ressalta Reis. O movimento gay tem crescido em pressão e em importância no Brasil. Em 2009, foram realizadas 189 paradas gays em várias cidades brasileiras, sendo a mais famosa na cidade de São Paulo, que reúne todos os anos milhões de pessoas na Avenida Paulista. Só a ABGLT reúne 220 organizações e movimentos do segmento gay e contribui para criar centros de referência com apoio psicológico e jurídico à comunidade. Actualmente, existem 30 centros no país. A ABGLT tornou-se em Julho de 2009 na primeira organização LGBT de um país em desenvolvimento com estatuto consultivo das Nações Unidas. Por não haver proteção específica na legislação brasileira contra a discriminação por orientação sexual e identidade de género, a ABGLT estima que 10 por cento da população brasileira, cerca de 18 milhões de pessoas, sofre diversos tipos de discriminação, como agressão verbal, violência física e assassínios. Numa sondagem feita pela Unesco entre jovens, 40 por cento dos adolescentes disseram que não gostariam de estudar numa mesma sala de aula em que estivesse um gay ou lésbica. E ainda, 60 por cento de homossexuais afirma já ter sido discriminado nas grandes capitais federais no Brasil, tendo sofrido algum tipo de discriminação na rua, no trabalho, entre amigos e, sobretudo, na família.


Parada Gay deve atrair 3,2 milhões de pessoas em SP

Maior evento do tipo no mundo acontece no próximo domingo e promete injetar R$ 190 milhões à economia do município

iG São Paulo | 04/06/2010 11:40

Foto: AE

Avenida Paulista recebe arco-íris inflável como parte da decoração para a Parada Gay

No próximo domingo, dia 6, a avenida Paulista ganhará as cores do arco-íris para receber cerca de 3,2 milhões de pessoas para a 14ª Parada do Orgulho GLBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais), o maior evento do tipo no mundo.

Neste ano, a Prefeitura aumentou o investimento de R$ 600 mil para R$ 1 milhão na intenção de melhorar a segurança e infraestrutura. Tudo porque a Parada Gay é o evento que mais atrai turistas à cidade. Segundo dados do Observatório do Turismo de São Paulo, a expectativa é que os turistas deixem cerca de R$ 190 milhões no município.

“A parada é um evento inclusivo, moderno, que mostra a diversidade humana de nossa cidade e traz, com suas cores, a bandeira do respeito aos direitos humanos, junto a demais benefícios turísticos e econômicos”, considera Franco Reinaudo, da Coordenadoria de Assuntos de Diversidade Sexual (Cads).

Voto pela diversidade

Em ano de eleição, o tema da Parada Gay é “Vote contra a Homofobia: Defenda a Cidadania”. Eles pedem que o público escolha candidatos que “defendam a causa e acreditam que os direitos devam ser garantidos”.

“Votar contra a homofobia é dizer um basta às imposições de uma classe conservadora, que defende valores arcaicos, baseados unicamente em interesses próprios e sem visão democrática”, afirma Alexandre Santos, o Xande, presidente da Associação da Parada.

Programação

A concentração para a caminhada começará às 12h, em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp), na avenida Paulista. Dali, os participantes seguirão rumo à rua da Consolação e terminarão na Praça Roosevelt. Segundo a organização, 17 trios elétrios prometem animar o percusso de 3,5 km. Ao longo da Parada, agentes distribuirão preservativos e panfletos com instruções de saúde e prevenção.

A segurança será feita por cerca de 3 mil policiais militares, além de 700 guardas civis. Uma das intenções da Guarda Civil Metropolitana (GCM) para evitar incidentes é coibir o consumo excessivo de álcool pelo público. “É impossível proibir o álcool, mas pretendemos bloquear o acesso dos vendedores à Parada. Iremos fiscalizar o comércio irregular e estar em todo percurso para garantir que esta atividade, que é pacífica, ocorra sem nenhum problema grave”, afirma Gevanildo de Souza, inspetor da GCM.

A polícia orienta que todos os pais coloquem identificação nas crianças. Aqueles que forem vistos com objetos pontiagudos ou cortantes, como garrafas ou até mesmo sombrinhas, terão os itens apreendidos. A PM afirma que terá um grupo de policiais bilíngues para atender turistas ingleses, franceses e espanhóis. Eles estarão indentificados com bandeiras dos países.

Quinze caçambas de lixo estarão espalhadas pelo percurso na tentativa de impedir o acúmulo de lixo pelas ruas. A idéia dos organizadores é fazer uma “Parada ecologicamente mais correta”. Outros 900 banheiros públicos, sendo 70 para portadores de deficiência física, estarão pelo trajeto.

Trânsito

Por conta da Parada, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) irá realizar bloqueios no trânsito da região. A interdição na avenida Paulista começará às 10h, em ambos o sentidos, entre a Alameda Joaquim Eugenio de Lima e rua Peixoto Gomide. Depois das 11h, a interdição se estenderá até a rua da Consolação. Depois das 12h, com o início do evento, serão realizados os seguinte bloqueios:

• Rua da Consolação, em ambos os sentidos, entre as avenidas Paulista e a Ipiranga;
• Rua da Consolação, sentido Centro, pista da esquerda, entre as avenidas Ipiranga e São Luis;
• Rua Rego Freitas, entre as ruas da Consolação e a Major Sertório;
• Avenida Ipiranga, entre a Rua da Consolação e a Avenida São Luís


Evolução



    Ninguém colhe em seara alheia, o que não haja semeado, no que diz respeito aos valores morais.

    Cada um é herdeiro de si mesmo. Espírito imortal que é, evolui de etapa em etapa, como aluno em educandário de amor, repetindo a lição quando erra e sendo promovido quando acerta.

    Assim, numa existência dá prosseguimento ao que deixou interrompido na outra, corrige o que fez errado ou inicia uma experiência nova.

    O que, porém, não realiza por amor, a dor o convocará a executar.








Ouvi dois amigos conversando e um deles se queixava da incompreensão das pessoas, das agressões verbais, dos desentendimentos. Isto o revoltava e ele dizia invejar a serenidade e o equilíbrio do interlocutor.
- Qual é o segredo? perguntou.
- Não existe segredo, mas somente paixão pela vida e esforços contínuos para aprender, respondeu o outro.
- Aprender o que?
- A aceitar as pessoas, mesmo que ela nos desapontem, quando não aceitam os ideais que escolhemos. Quando nos agridem e nos ferem com palavras e atitudes impensadas.
- Mas é muito difícil aceitar pessoas assim.
- É verdade. É difícil aceitá-las como elas são e não como gostaríamos que elas fossem. Mas qual é o nosso direito de mudá-las?
- E como você consegue?
- Estou aprendendo a amar. Estou aprendendo a escutar, mas não apenas com os ouvidos, também com os olhos, com o coração, com a alma, com todos os sentidos. Muitas vezes as pessoas não falam com palavras, mas com a postura. Fique atento para os que falam com os ombros caídos, os olhos e as mãos irrequietas.

Assim como você pode ler as entrelinhas de um texto, pode ouvir coisas entre as frases de uma conversa corriqueira, banal, que somente o coração pode ouvir. Não raro, há angústia e desespero disfarçados, insegurança escondida em palavras ásperas, solidão fantasiada na tagarelice. Aos poucos estou aprendendo a amar, e amando estou aprendendo a perdoar. Perdoando, apago as mágoas e curo as feridas, sem deixar cicatrizes nos corações magoados e tristes. Aprendo com a vida o valor de cada vida e procuro entender os rejeitados, os incompreendidos. Nem sempre consigo, mas estou tentando.
Quanto a nós, vamos tentar construir a paz, sem desânimo, com muito amor, muito amor no coração.





































































"Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude e se há algum louvor, nisso pensai." - Paulo. (Filipenses, 4:8).

Todas as obras humanas constituem a resultante do pensamento das criaturas. O mal e o bem, o feio e o belo viveram, antes de tudo, na fonte mental que os produziu, nos movimentos incessantes da vida.

O Evangelho consubstancia o roteiro generoso para que a mente do homem se renove nos caminhos da espiritualidade superior, proclamando a necessidade de semelhante transformação, rumo aos planos mais altos. Não será tão-somente com os primores intelectuais da Filosofia que o discípulo iniciará seus esforços em realização desse teor. Renovar pensamentos não é tão fácil como parece à primeira vista. Demanda muita capacidade de renúncia e profunda dominação de si mesmo, qualidades que o homem não consegue alcançar sem trabalho e sacrifício do coração. É por isso que muitos servidores modificam expressões verbais, julgando que refundiram pensamentos. Todavia, no instante de recapitular, pela repetição das circunstâncias, as experiências redentoras, encontram, de novo, análogas perturbações, porque os obstáculos e as sombras permanecem na mente, quais fantasmas ocultos.

Pensar é criar. A realidade dessa criação pode não se exteriorizar, de súbito, no campo dos efeitos transitórios, mas o objeto formado pelo poder mental vive no mundo íntimo, exigindo cuidados especiais para o esforço de continuidade ou extinção.

O conselho de Paulo aos filipenses apresenta sublime conteúdo. Os discípulos que puderem compreender-lhe a essência profunda, buscando ver o lado verdadeiro, honesto, justo, puro e amável de todas as coisas, cultivando-o, em cada dia, terão encontrado a divina equação.















Portugal fala sobre os Homossexuais Brasileiros

A situação no Brasil ?está péssima? em relação aos direitos homossexuais, acusam vários intervenientes na questão, criticando sectores religiosos "que impedem avanços na legislação". ?No Brasil não se aceita nem a união estável do mesmo sexo, que seria o primeiro passo para o reconhecimento do casamento. São algumas concessões do judiciário, mas são poucos os juízes que aceitam. É uma lotaria?, disse à Lusa Sylvia Maria do Amaral. Apesar de haver alguns avanços no poder judiciário, os direitos civis de homossexuais permanecem barrados no Brasil, afirmam os especialistas consultados pela Lusa. No âmbito legislativo, não há lei federal que proíba a discriminação. ?Discriminação não é crime no Brasil?, critica Sylvia Amaral que se dedica há nove anos a defender os direitos homoafectivos. Os casos de discriminação ainda são muito frequentes, destaca a advogada, ?em várias situações e em diferentes classes sociais?. Actualmente, já é mais fácil ganhar causas na Justiça contra a homofobia, ?mas existe também um preconceito no poder Judiciário?. As indemnizações por danos morais chegam a variar de três mil a 100 mil reais (de 1.200 a 40 mil euros). Já segundo Toni Reis, presidente da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), o ?grande problema no Brasil são os fundamentalistas religiosos que vão contra os direitos e têm o poder de atravancar o cumprimento da cidadania plena da comunidade? gay. Na esfera federal, não há lei aprovada para as necessidades da comunidade LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e trangêneros), mas em 112 cidades e em 13 Estados brasileiros, já há leis que coíbem a discriminação. No Congresso Nacional, estão a tramitar dois projectos de lei para crimes de homofobia e para o reconhecimento da união estável. No poder Executivo, o representante brasileiro da comunidade LGBT destaca alguns avanços como a criação do programa nacional de combate à homofobia, o Plano Nacional de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos e a primeira Conferência Nacional de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transsexuais, realizada em 2008. ?A mentalidade da sociedade ainda precisa ser educada, o que barra é a concepção tradicional que se tem de casamento?, ressalta Reis. O movimento gay tem crescido em pressão e em importância no Brasil. Em 2009, foram realizadas 189 paradas gays em várias cidades brasileiras, sendo a mais famosa na cidade de São Paulo, que reúne todos os anos milhões de pessoas na Avenida Paulista. Só a ABGLT reúne 220 organizações e movimentos do segmento gay e contribui para criar centros de referência com apoio psicológico e jurídico à comunidade. Actualmente, existem 30 centros no país. A ABGLT tornou-se em Julho de 2009 na primeira organização LGBT de um país em desenvolvimento com estatuto consultivo das Nações Unidas. Por não haver proteção específica na legislação brasileira contra a discriminação por orientação sexual e identidade de género, a ABGLT estima que 10 por cento da população brasileira, cerca de 18 milhões de pessoas, sofre diversos tipos de discriminação, como agressão verbal, violência física e assassínios. Numa sondagem feita pela Unesco entre jovens, 40 por cento dos adolescentes disseram que não gostariam de estudar numa mesma sala de aula em que estivesse um gay ou lésbica. E ainda, 60 por cento de homossexuais afirma já ter sido discriminado nas grandes capitais federais no Brasil, tendo sofrido algum tipo de discriminação na rua, no trabalho, entre amigos e, sobretudo, na família.


Parada Gay deve atrair 3,2 milhões de pessoas em SP

Maior evento do tipo no mundo acontece no próximo domingo e promete injetar R$ 190 milhões à economia do município

iG São Paulo | 04/06/2010 11:40

Foto: AE

Avenida Paulista recebe arco-íris inflável como parte da decoração para a Parada Gay

No próximo domingo, dia 6, a avenida Paulista ganhará as cores do arco-íris para receber cerca de 3,2 milhões de pessoas para a 14ª Parada do Orgulho GLBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais), o maior evento do tipo no mundo.

Neste ano, a Prefeitura aumentou o investimento de R$ 600 mil para R$ 1 milhão na intenção de melhorar a segurança e infraestrutura. Tudo porque a Parada Gay é o evento que mais atrai turistas à cidade. Segundo dados do Observatório do Turismo de São Paulo, a expectativa é que os turistas deixem cerca de R$ 190 milhões no município.

“A parada é um evento inclusivo, moderno, que mostra a diversidade humana de nossa cidade e traz, com suas cores, a bandeira do respeito aos direitos humanos, junto a demais benefícios turísticos e econômicos”, considera Franco Reinaudo, da Coordenadoria de Assuntos de Diversidade Sexual (Cads).

Voto pela diversidade

Em ano de eleição, o tema da Parada Gay é “Vote contra a Homofobia: Defenda a Cidadania”. Eles pedem que o público escolha candidatos que “defendam a causa e acreditam que os direitos devam ser garantidos”.

“Votar contra a homofobia é dizer um basta às imposições de uma classe conservadora, que defende valores arcaicos, baseados unicamente em interesses próprios e sem visão democrática”, afirma Alexandre Santos, o Xande, presidente da Associação da Parada.

Programação

A concentração para a caminhada começará às 12h, em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp), na avenida Paulista. Dali, os participantes seguirão rumo à rua da Consolação e terminarão na Praça Roosevelt. Segundo a organização, 17 trios elétrios prometem animar o percusso de 3,5 km. Ao longo da Parada, agentes distribuirão preservativos e panfletos com instruções de saúde e prevenção.

A segurança será feita por cerca de 3 mil policiais militares, além de 700 guardas civis. Uma das intenções da Guarda Civil Metropolitana (GCM) para evitar incidentes é coibir o consumo excessivo de álcool pelo público. “É impossível proibir o álcool, mas pretendemos bloquear o acesso dos vendedores à Parada. Iremos fiscalizar o comércio irregular e estar em todo percurso para garantir que esta atividade, que é pacífica, ocorra sem nenhum problema grave”, afirma Gevanildo de Souza, inspetor da GCM.

A polícia orienta que todos os pais coloquem identificação nas crianças. Aqueles que forem vistos com objetos pontiagudos ou cortantes, como garrafas ou até mesmo sombrinhas, terão os itens apreendidos. A PM afirma que terá um grupo de policiais bilíngues para atender turistas ingleses, franceses e espanhóis. Eles estarão indentificados com bandeiras dos países.

Quinze caçambas de lixo estarão espalhadas pelo percurso na tentativa de impedir o acúmulo de lixo pelas ruas. A idéia dos organizadores é fazer uma “Parada ecologicamente mais correta”. Outros 900 banheiros públicos, sendo 70 para portadores de deficiência física, estarão pelo trajeto.

Trânsito

Por conta da Parada, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) irá realizar bloqueios no trânsito da região. A interdição na avenida Paulista começará às 10h, em ambos o sentidos, entre a Alameda Joaquim Eugenio de Lima e rua Peixoto Gomide. Depois das 11h, a interdição se estenderá até a rua da Consolação. Depois das 12h, com o início do evento, serão realizados os seguinte bloqueios:

• Rua da Consolação, em ambos os sentidos, entre as avenidas Paulista e a Ipiranga;
• Rua da Consolação, sentido Centro, pista da esquerda, entre as avenidas Ipiranga e São Luis;
• Rua Rego Freitas, entre as ruas da Consolação e a Major Sertório;
• Avenida Ipiranga, entre a Rua da Consolação e a Avenida São Luís




WALDO VIEIRA fala sobre ALLAN KARDEC - 2009 (parte 1 de 2)

Ação da Amizade








A amizade é o sentimento que imanta as almas unas às outras, gerando alegria e bem-estar.

A amizade é suave expressão do ser humano que necessita intercambiar as forças da emoção sob os estímulos do entendimento fraternal.

Inspiradora de coragem e de abnegação. a amizade enfloresce as almas, abençoando-as com resistências para as lutas.

Há, no mundo moderno, muita falta de amizade! O egoísmo afasta as pessoas e as isola.

A amizade as aproxima e irmana.

O medo agride as almas e infelicita.

A amizade apazigua e alegra os indivíduos.

A desconfiança desarmoniza as vidas e a amizade equilibra as mentes, dulcificando os corações.

Na área dos amores de profundidade, a presença da amizade é fundamental.

Ela nasce de uma expressão de simpatia, e firma-se com as raízes do afeto seguro, fincadas nas terras da alma.

Quando outras emoções se estiolam no vaivém dos choques, a amizade perdura, companheira devotada dos homens que se estimam.

Se a amizade fugisse da Terra, a vida espiritual dos seres se esfacelaria.

Ela é meiga e paciente, vigilante e ativa.

Discreta, apaga-se, para que brilhe aquele a quem se afeiçoá.

Sustenta na fraqueza e liberta nos momentos de dor.

A amizade é fácil de ser vitalizada.

Cultivá-la, constitui um dever de todo aquele que pensa e aspira, porquanto, ninguém logra êxito, se avança com aridez na alam ou indiferente ao elevo da sua fluidez.

Quando os impulsos sexuais do amor, nos nubentes, passam, a amizade fica.

Quando a desilusão apaga o fogo dos desejos nos grandes romances, se existe amizade, não se rompem os liames da união.

A amizade de Jesus pelos discípulos e pelas multidões dá-nos, até hoje, a dimensão do que é o amor na sua essência mais pura, demonstrando que ela é o passo inicial para essa conquista superior que é meta de todas as vidas e mandamento maior da Lei Divina.

domingo, 6 de junho de 2010

Eurípedes Barsanulfo: "Homem Magnético"


Eurípedes Barsanulfo: "Homem Magnético"

Floriano Legado do Amaral


Há 94 anos, em 1º de Abril de 1907, Eurípedes Barsanulfo inaugurava o primeiro Colégio Espírita do Mundo, que tomou o nome Allan Kardec. O prédio, onde funciona até hoje é um monumento da arte arquitetônica, feito com alvenaria de primeira qualidade e com muito gosto artístico.

Não há história sem referencias numéricas e humanas. Na história do Espiritismo há uma infinidade delas. Na galeria dos referenciais humanos encontramos Eurípedes Barsanulfo, que amiúde é citado em palestras, artigos, ensaios, reportagens e livros, que viveu na cidade de Sacramento, no Estado de Minas Gerais, de 1º de Maio de 1880 a 1º de Novembro de 1918. Hoje, Eurípedes Barsanulfo é Patrono de inúmeras instituições espíritas.

Extraordinário médium e grande educador, cuja Pedagogia semelhava-se à metodologia do Emérito Professor Pestalozzi, mestre de Allan Kardec. Eurípedes Barsanulfo foi um herói, pois já em 1º de Abril de 1907, ele inaugurava o primeiro Colégio Espírita do Mundo, que tomou o nome Colégio Allan Kardec. O prédio, onde funciona até hoje é um monumento da arte arquitetônica, feito com alvenaria de primeira qualidade e com muito gosto artístico. Por tudo que Eurípedes Barsanulfo fez pela educação e pela divulgação da Doutrina Espírita num tempo em que o Catolicismo imperava e as dificuldades eram imensas para os que não freqüentavam as sacristias, cheguei a pensar que o Movimento Espírita está a lhe dever um importante e vistoso monumento. Hoje já não penso assim, porque vejo que ele em si mesmo é um monumento. Sua obra educacional e mediúnica é impar. Ela avalia perfeitamente o Professor e o valoroso espírita que foi, é o será sempre. Possuidor de várias faculdade paranormais, soube usá-las, com decoro e disciplina, em benefício do próximo necessitado. Curou muita gente com os recursos de sua paranormalidade e com remédios homeopáticos que distribuía graciosamente. "O trabalho mediúnico de Eurípedes Barsanulfo no Grupo Espírita "Esperança e Caridade" tomava proporções imensas,exigindo muitas horas de trabalho do médium. Ele quase não tinha tempo para se alimentar. Pela manhã, tomava dois ovos crus, no almoço comia empadinhas especiais que sua irmã Mariquinha (Maria Neomísia) lhe preparava. E frutas. E dormia, tão somente, de quatro a cinco horas por dia; sono, aliás, constantemente interrompido por pessoas que pediam remédios ou vinham chamá-lo para fazer um parto ou uma cirurgia mediúnica urgente. Em verdade, nem de madrugada tinha ele sossego.

"A Igreja, preocupada com o gigantesco trabalho que o Apóstolo da Caridade vinha desenvolvendo em nome do Espiritismo procurava, de alguma forma, obstá-lo - embora, no atendimento aos sofredores, Eurípedes Barsanulfo jamais lhes perguntasse a que religião pertenciam...

E a campanha dos padres e beatos começou a ser dirigida aos pais católicos no sentido de retirarem seus filhos do Liceu Sacramentano (em que Eurípedes Barsanulfo era professor). A campanha atingiu, inclusive, diretores e professores, os quais se demitiram em massa no mês de setembro. E Eurípedes Barsanulfo, para não deixar os alunos perderem um ano de estudos, apressou o exame final - marcado para novembro - foi realizado em outubro. Watersides Wilson, seu irmão, auxiliou- o nessa tarefa.

Eurípedes Barsanulfo já havia deixado a vereança para melhor cumprir sua missão espiritual e, agora, corria perigo do Liceu Sacramentano fechar suas portas...

A campanha clerical parecia vitoriosa. Só parecia, porque no lugar do Liceu Sacramentano surgiria, por iniciativa de Eurípedes Barsanulfo, o Colégio Allan Kardec, que superou as melhores expectativas e ganhou fama e muitos alunos.

"Durante seis anos consecutivos pode Eurípedes Barsanulfo desenvolver com relativo sossego sua dupla missão: a mediúnica e a de educador, ambas a exigir total abnegação. Dir-se-ia que os perseguidores o haviam esquecido..."

"Em 1913, porém, estando com trinta anos de idade viu-se, pela primeira vez, obrigado a defender, publicamente, as verdades espirituais. Duas polêmicas teve ele de sustentar quase ao mesmo tempo com líderes católicos; uma pela imprensa, outra em praça pública - e em ambas Eurípedes Barsanulfo, amparado pela Espiritualidade Superior, fez a Doutrina Espírita sair vitoriosa".

"O primeiro debate foi com o padre Feliciano Yague, de Campinas, missionário do Imaculado Coração de Maria e considerado notável pregador. Era homem de muita cultura e consta que dirigia o Colégio Saleziano. Veio ele a Sacramento a convite dos padres da Igreja Matriz com um único objetivo: destruir com sua poderosa dialética a influência de Eurípedes Barsanulfo e, pois, o famoso Colégio Allan Kardec..."

"Padre Yague chegou apoiado por intensa publicidade. E, no domingo pela manhã, a Igreja Matriz estava superlotada de curiosos. Compareceram, inclusive, chefes políticos da região. Terminada a missa, padre Yague subiu ao púlpito e, apoplético, fez desabar sobre o Espiritismo uma tempestade de inverdades, classificando os espíritas de "adeptos do diabo".

"A figura de Eurípedes Barsanulfo o padre deixou para o fim do sermão". Arrasou-a, inclusive, com impropérios e, para provar que a Doutrina Espírita era diabólica, cometeu um grave erro: desafiou o médium para um debate em praça pública..."

"Ora, Eurípedes Barsanulfo desdobrava-se com muita facilidade e fora, em Espírito, ouvir a pregação do padre. Quando os amigos vieram contar-lhe sobre o desafio o apóstolo, tranqüilo, respondeu:

- O nosso irmão pregador está exaltado. Mas não posso silenciar neste caso. Não que me sinta ofendido, mas porque a Doutrina Espírita foi desfigurada, publicamente. Digam ao padre Feliciano Yague que desejo encontrar- me com ele na casa do coronel José Afonso de Almeida para acertarmos o dia, local, hora e outros detalhes que se fizeram necessários.”

"Quem levou o recado foi o espírita João Gonçalves Rios. E, logo depois, José Afonso de Almeida, um dos homens mais respeitados de Sacramento (era coronel da Guarda Nacional e presidente da Câmara Municipal) recebia em sua sala de visitas o padre Feliciano Yague, Eurípedes Barsanulfo, Watersides Wilson, Orígenes Tormim e o padre Julião Nunes. O coronel aceitou a proposta de dirigir o debate e determinou que seria realisado no dia vinte e oito de outubro (1913), a uma hora da tarde, no coreto da Praça da Matriz. E mais ficou estipulado: os oradores fariam uso da palavra, alternadamente - trinta minutos cada um pelo espaço de duas horas."

- E o tema? perguntou o coronel, alisando o cavanhaque. O tema central?"

"O padre Feliciano, então, prontificou-se a provar que o Espiritismo é o ateísmo; que os fenômenos de Espiritismo não se podem explicar sem a intervenção diabólica; que o Espiritismo não é religião e nem ciência... Cinco pontos capitais. E o coronel José Afonso de Almeida, a pedido de Eurípedes Barsanulfo e com a concordância do padre Yague mandou que se lavrasse uma ata da reunião, o que foi feito, imediatamente. Leu-a em seguida em voz alta e pediu aos presentes que assinassem. Era uma medida de precaução: com a ata nenhuma das partes poderia fugir ao compromisso...

"Uma hora depois a população ficou a par da polêmica religiosa. No centro da cidade e na periferia não se falava de outro assunto. A notícia atravessou as fronteiras e vieram de outras cidades caravanas espíritas. E, no dia marcado, agruparam-se na Praça da Matriz aproximadamente duas mil pessoas! No coreto já se viam Eurípedes Barsanulfo ao lado de seu desafiante padre Yague, o coronel José Afonso de Almeida, padre Julião Nunes e o padre Pedro Ludovico de Santa Cruz; este último, é preciso que se diga, por força das circunstâncias, possuía um clube de jogo de baralho, era banqueiro do jogo do bicho e carregava dentro da batina dois revólveres."

"O ambiente era nefasto; mas a presença do coronel José Afonso de Almeida representava uma garantia. E a palavra foi franqueada ao padre Feliciano Yague, o qual, quase freneticamente, entrou direto no tema inicial. Mas, sua dialética aplicada contra o Espiritismo em nada o ajudou porque o padre partia de uma inverdade, ou seja; o Espiritismo é o ateísmo. Os intelectuais de Sacramento sentiram logo que ele perderia a polêmica. Suas divagações tornaram-se por demais tortuosas e, como era de esperar-se, trouxe à baila o "Inferno" e, assim, fugiu do tema, certamente para confundir Eurípedes Barsanulfo...

"Deus (disse o padre, gesticulando para a multidão) declara existir o inferno; o Espiritismo o nega; logo, o Espiritismo acha Deus ignorante, porque ignora a existência do inferno ou mentiroso, porque, em sabendo, declara ser irreal a sua existência.

"E, assim, com um sofisma silogístico o padre Yague viu o coronel apontar-lhe o relógio; trinta minutos se haviam passados. As duas mil pessoas entreolharam-se. Eurípedes Barsanulfo, então, sempre cavalheiro, cumprimentou o seu opositor e pediu aos presentes que pensassem em Deus - e, arrebatado, com sua voz atenorada e com timbre cristalino fez de improviso uma prece, sem esquecer de implorar a proteção para o padre Feliciano Yague e todos os que não compreendiam, ainda, as Verdades Divinas. E deu início ao seu discurso sob a inspiração de Santo Agostino.

"As frases fluíam de sua boca vertiginosamente, cheias de sabedoria e bondade. E mais: eram eles compreendidas, inclusive, pelos homens mais simples. Então, todos os andaimes do edifício construído pelo padre Yague com sofisma e expressões violentas começaram a ruir: o Espiritismo é o ateísmo... os fenômenos do Espiritismo não se podem explicar sem a intervenção diabólica... O Espiritismo não é religião... O Espiritismo não é ciência... Foi em vão a réplica do padre.

"No final da polêmica Eurípedes Barsanulfo estava, ainda, como que transfigurado. A multidão, então, aplaudi-o e quis carregá-lo em triunfo pelas ruas. Mas, o médium pediu calma e rodeado por parentes e amigos regressou, rápido, à sua casa.

"No dia seguinte, sem que ninguém notasse, o padre Feliciano Yague tomou o caminho para Campinas, enquanto os beatos mais exaltados de Sacramento espalhavam pelas esquinas, armazéns e bares dúvidas a respeito da derrota do pregador campineiro... Eurípedes Barsanulfo, então, mandou imprimir um boletim com a síntese da polêmica e distribuiu-o entre o povo e cidades vizinhas. E encerrou a questão."

Que pena, tenho tanto ainda para falar de Eurípedes Barsanulfo, mas o espaço acabou. Remeto, então, os que quiserem saber mais sobre essa figura maravilhosa à obra Eurípedes Barsanulfo, O Apóstolo da Caridade, de Jorge Rizzini, publicado por Edições Correio Fraterno. Jorge Rizzini, fez ampla pesquisa de campo em Sacramento e pôs tudo no papel, para que a posteridade saiba quem foi Eurípedes Barsanulfo.