domingo, 28 de março de 2010

BREVE BIOGRAFIA DE MADRE TERESA DE CALCUTÁ


Agnes Gonxha Bojaxhiu, a futura madre Tereza, nasceu no dia 26 de agosto de 1910 em Skopje, Macedonia, de una familia de ogirem albaneza. O pai, respeitado homem de negócios, morreu quando ela tinha oitos anos, deixando a mãe de Agnes na condiçao de ter que abrir uma atividade de bordado e fazenda para poder manter a família. Depois de ter transcorrido a adolescencia impenhada fervorosamente nas atividades parroquiais, Agnes deixou a sua casa em setembro de 1928, entrando no convento de Loreto a Rathfarnam, (Dulim), Irlanda, onde foi acolhida como postulante no dia 12 de outubro e recebeu o nome de Tereza, como a sua padroeira, Santa Tereza de Lisieux.

Agnes foi enviada pela congregação de Loreto para a India e chegou em Calcutá no dia 6 de janeiro de 1929. Tendo apenas chegado lá, entrou no noviciado de Loreto, em Darjeerling. Fez a profissão perpétua come irmã de Loreto no dia 24 de maio de 1937, e daquele dia em diante foi chamada Madre tereza. Quando viveu em Calcutá durante os anos 1930-40, ensinou na escola secundária bengalese, Sta Mary.

No dia 10 de setembro de 1946, no trem que a conduzia de Calcutá para darjeeling, Madre Tereza recebeu aquilo que ela chamou “a chamada na chamada”, que teria feito nascer a família dos Missionários da Caridade, Irmãs, Irmãos, Padres e Colaboradores. O conteúdo desta inspiração é revelado no objetivo e na missão que ela teria dado ao seu novo Instituto: “Saciar a infinita sede de Jesus sobre a cruz de amor e pelas almas, trabalando para a salvação e para a santificação dos mais pobres entre os pobres”. No dia 7 de outubro de 1950, a nova congregação das Missionárias da Caridade foi instituida oficialmente como instituto religioso pela Arquidiocese de Calcutá.

Ao longo dos anos 50 e no inicio dos anos 60, Madre Tereza estendeu a opera das Missionárias da Caridade seja internamente dentro Calcutá, seja em toda a India. No dia 1 de fevereiro de 1965, Paulo VI concedeu à Congregação o “Decretum Laudis”, elevando-a a direito pontificio. A primeira casa de missão aberta fora de Calcuta foi em Cocorote, na Venezuela em 1965. A congregação se expandiu em toda a Europa (na periferia de Roma, a Torre Fiscale) e na Africa (em Tabora, em Tanzania) em 1968.

Do final dos anos 60 até 1980, as Missionárias da Caridade cresceram seja em número de casas de missão abertas em todo o mundo, seja no número dos seus membros. Madre Tereza abriu fundações na Australia, no Vizinho Oriente, na America do Norte, e o primerio noviciado fora de Calcutá em Londres. Em 1979 Madre Tereza recebeu o Premio Nobel pela Paz. No mesmo ano existiam já 158 casas de missão.

As Missionárias da Caridade chegaram aos países comunistas em 1979, abrindo uma fundação em Zagabria, na Croácia, e em 1980 em Berlim Este. Continuaram a estender a sua missão nos anos 80 e 90 abrindo casas em quase todos os países comunistas, incluindo 15 fundações na ex União Soviética. Não obstante os repetidos esforços, Madre Tereza não pode abrir nenhuma fundação na China.

Em outubro de 1985 Madre tereza falou no quadragésimo aniversário da Assembleia Geral das Nações Unidas. Na vigilia de Natal do mesmo ano, abriu em Nova York o “Dom de Amor”, a primeira casa para os doentes de AIDS. Nos anos seguintes, outras casa seguiram esta casa de acolhimento nos Estados Unidos e alhures, sempre especificadamente para doestes de AIDS.

No final dos anos 80 e durante os anos 90, não obstante os crescentes problemas de saúde, Madre tereza continuou a viajar pelo mundo para a profissão das noviças, para abrir novas casas de missão e para servir os pobres e aqueles que tinham sido atingidos por diversas calamidades. Foram fundadas novas comunidades na Africa do Sul, Albania, Cuba e Iraque, que estava dilacerado por causa da guerra. Em 1997 as irmãs eram cerca de 4000, presentes em 123 países do mundo nas mais ou menos 600 fundações.

Depois de ter viajado por todo o verão a Roma, New York e Washington, em condições de saúde delicadas, Madre Tereza voltou a Calcutá em 1997. Às 9:30 da noite do dia 05 de setembro de 1997, ela morreu na Casa Geral. O seu corpo foi transferido para a Igreja de São Tomas, adjacente ao Convento de Loreto, exatamente onde tinha chegado 69 anos antes. Centenas de milhões de pessoas de todas as classes sociais religiões, da India e do exterior lhe renderam homenagem. No dia 13 de setembro recebeu o funeral de Estado e o seu corpo foi conduzido em um longo cortejo através as estradas de Calcutá, sobre uma carreta de canhão que tinha trazido tambem os corpos de Mohandas Gandhi Jawaharlal Nehru. Chefes de nações, primeiros Ministros, Rainhas e enviados especiais chegaram para representar os países de todo o mundo.




Orar e perdoar


Madre Teresa, de Calcutá na Índia, deixou muitos ensinamentos para todos aqueles que querem chegar um pouco mais perto de Deus e da verdadeira felicidade.

Longe de dogmas e preconceitos contra outras religiões, ela ensinou a importância de orar.
Orar e meditar, falar e escutar à Deidade.
Poucos entenderiam toda profundidade de seus ensinamentos. Tampouco eu sou um dos que compreendem plenamente.

O que posso afirmar que o pouco que entendo é lindíssimo e muito sincero.

Tenho orado um pouco mais esses dias. Não para pedir resultado, mas para pedir força e entregar o meu futuro à vontade do Pai.

Um dos segredos da oração é orar pelos outros. Mesmo precisando tanto, o mais importante é orar pelos outros. Principalmente para aqueles que não estão orando por ninguém.

Em uma das lições de mad. Teresa, ela responde que os casais que estão brigando devem Orar e Perdoar. Orando eu estou. E querendo perdoar também. Muito tempo é preciso para o passado virar lição? Espero que não.

Encontro-me hoje atordoado. Sem inspiração. Muito diferente de quando muito queria escrever, sentindo muitas palavras voarem pela racionalidade partidas dos sentimentos, mas o que faltava era tempo. Hoje não sei o que pensar, como agir, e muito menos o quê esperar. Mesmo estando de férias, com tempo 'relativamente' livre, pouco quero escrever.

Conselhos de Madre Teresa de Calcutá

Madre Teresa de Calcutá, dentre tantos conselhos preciosos que legou à humanidade, deixou um conselho especial para aqueles que desejam construir na intimidade as mais nobres virtudes, dizendo:

"Muitas pessoas são irracionais, ilógicas e egocêntricas. Ame-as, mesmo assim."

"Se você tem sucesso em suas boas realizações, ganhará falsos amigos e verdadeiros inimigos. Tenha sucesso, mesmo assim."

"O bem que você faz será esquecido amanhã. Faça o bem, mesmo assim."

"A honestidade e a franqueza o tornam vulnerável. Seja honesto, mesmo assim."

"Aquilo que você levou anos para construir, pode ser destruído de um dia para o outro. Construa, mesmo assim."

"Os pobres têm verdadeiramente necessidade de ajuda, mas alguns deles podem atacá-lo se você os ajudar. Ajude-os, mesmo assim."

"Se você der ao mundo e aos outros o melhor de si mesmo, você corre o risco de se machucar. Dê o que você tem de melhor, mesmo assim."



0 dia mais belo? Hoje
A coisa mais fácil? Equivocar-se
O obstáculo maior? 0 medo
0 erro maior? Abandonar-se
A raiz de todos os males? 0 egoísmo
A distração mais bela? 0 trabalho
A pior derrota? 0 desalento
Os melhores professores? As crianças
A primeira necessidade? Comunicar-se
0 que mais faz feliz? Ser útil aos demais
0 mistério maior? A morte
0 pior defeito? 0 mau humor
A coisa mais perigosa? A mentira
0 sentimento pior? 0 rancor
0 presente mais belo? 0 perdão,
0 mais imprescindível? 0 lar
A estrada mais rápida? 0 caminho correto
A sensação mais grata? A paz interior
0 resguardo mais eficaz? 0 sorriso
0 melhor remédio? 0 otimismo
A maior satisfação? 0 dever cumprido
A força mais potente do mundo? A fé
As pessoas mais necessárias? Os pais
A coisa mais bela de todas? 0 amor



Madre Teresa de Calcutá fala sobre o Aborto
Discurso proferido no dia 3 de fevereiro de 1994

(...) "Eu sinto que o grande destruidor da paz hoje é o aborto, porque é uma guerra contra a criança, uma matança direta de crianças inocentes, assassinadas pela própria mãe.

E se nós aceitamos que uma mãe pode matar até mesmo seu próprio filho, como é que nós podemos dizer às outras pessoas para não se matarem? Como é que nós persuadimos uma mulher a não fazer o aborto? Como sempre, nós devemos persuadi-la com amor e nós devemos nos lembrar que amor significa estar disposto a doar-se até que machuque. Jesus deu Sua vida por amor de nós. Assim, a mãe que pensa em abortar, deve ser ajudada a amar, ou seja, a doar-se até que machuque seus planos, ou seu tempo livre, para respeitar a vida de seu filho. O pai desta criança, quem quer que ele seja, deve também doar-se até que machuque.

Através do aborto, a mãe não aprende a amar, mas mata seu próprio filho para resolver seus problemas.

E, através do aborto, diz-se ao pai que ele não tem que ter nenhuma responsabilidade pela criança que ele trouxe ao mundo. Este pai provavelmente vai colocar outras mulheres na mesma situação. Logo, o aborto apenas traz mais aborto.

Qualquer país que aceite o aborto não está ensinando o seu povo a amar, mas a usar de qualquer violência para conseguir o que se quer. É por isso que o maior destruidor do amor e da paz é o aborto.

Muitas pessoas são muito, muito preocupadas com as crianças da Índia, com as crianças da África onde muitas delas morrem de fome, etc. Muitas pessoas também são preocupadas com toda a violência nos Estados Unidos. Estas preocupações são muito boas. Mas freqüentemente estas mesmas pessoas não estão preocupadas com os milhões que estão sendo mortos pela decisão deliberada de suas próprias mães. E isto é que é o maior destruidor da paz hoje - o aborto que coloca as pessoas em tal cegueira.

E por causa disto eu apelo na Índia e apelo em todo lugar - "Vamos resgatar a criança." A criança é o dom de Deus para a família. Cada criança é criada `a imagem e semelhança de Deus para grandes coisas - para amar e ser amada. Neste ano da família nós devemos trazer a criança de volta ao centro de nosso cuidado e preocupação. Esta é a única maneira pela qual nosso mundo pode sobreviver porque nossas crianças são a única esperança do futuro. Quando as pessoas mais velhas são chamadas para Deus, somente seus filhos podem tomar seus lugares.

Mas o que Deus diz para nós? Ele diz: "Mesmo se a mãe se esquecer de seu filho, Eu jamais te esquecerei. Eu gravei seu nome na palma de minha mão." (Is 49). Nós estamos gravados na palma da mão de Deus; aquela criança que ainda não nasceu está gravada na mão de Deus desde a concepção e é chamada por Deus a amar e ser amada, não somente nesta vida, mas para sempre. Deus jamais se esquece de nós.

Eu vou lhe contar uma coisa bonita. Nós estamos lutando contra o aborto pela adoção - tomando conta da mãe e da adoção de seu bebê. Nós temos salvo milhares de vidas. Nós mandamos a mensagem para as clínicas, para os hospitais e estações policiais: "Por favor não destrua a criança, nós ficaremos com ela." Nós sempre temos alguém para dizer para as mães em dificuldade: "Venha, nós tomaremos conta de você, nós conseguiremos um lar para seu filho". E nós temos uma enorme demanda de casais que não podem ter um filho - mas eu nunca dou uma criança para um casal que tenha feito algo para não ter um filho. Jesus disse: "Aquele que recebe uma criança em meu nome, a mim recebe." Ao adotar uma criança, estes casais recebem Jesus mas, ao abortar uma criança, um casal se recusa a receber Jesus.

Por favor não mate a criança. Eu quero a criança. Por favor me dê a criança. Eu estou disposta a aceitar qualquer criança que estiver para ser abortada e dar esta criança a um casal que irá amar a criança e ser amado por ela.

Só de nosso lar de crianças em Calcutá, nós salvamos mais de 3000 crianças do aborto. Estas crianças trouxeram tanto amor e alegria para seus pais adotivos e crescem tão cheias de amor e de alegria.

Eu sei que os casais têm que planejar sua família e para isto existe o planejamento familiar natural.

A forma de planejar a família é o planejamento familiar natural, não a contracepção.

Ao destruir o poder de dar a vida, através da contracepção, um marido ou esposa está fazendo algo para si mesmo. Atrai a atenção para si e assim destrói o dom do amor nele ou nela. Ao amar, o marido e mulher devem voltar a atenção entre si como acontece no planejamento familiar natural, e não para si mesmo, como acontece na contracepção. Uma vez que o amor vivo é destruído pela contracepção, facilmente segue-se o aborto.

Eu sei também que existem enormes problemas no mundo - que muitos esposos não se amam o suficiente para praticar o planejamento familiar natural. Nós não temos condições de resolver todos os problemas do mundo, mas não vamos trazer o pior problema de todos, que é a destruição do amor. E isto é o que acontece quando dizemos às pessoas para praticarem a contracepção e o aborto.

Os pobres são grandes pessoas. Eles podem nos ensinar tantas coisas belas. Uma vez uma delas veio nos agradecer por ensinar-lhe o planejamento familiar natural e disse: "Vocês que praticam a castidade, vocês são as melhores pessoas para nos ensinar o planejamento familiar natural porque não é nada mais que um auto-controle por amor de um ao outro." E o que esta pobre pessoa disse é a pura verdade. Estas pessoas pobres talvez não tenham algo para comer, talvez não tenham uma casa para morar, mas eles ainda podem ser ótimas pessoas quando são espiritualmente ricos.

Quando eu tiro uma pessoa da rua, faminta, eu dou-lhe um prato de arroz, um pedaço de pão. Mas uma pessoa que é excluída, que se sente não desejada, mal amada, aterrorizada, a pessoa que foi colocada para fora da sociedade - esta pobreza espiritual é muito mais difícil de vencer. E o aborto, que com freqüência vem da contracepção, faz uma pessoa se tornar pobre espiritualmente, e esta é a pior pobreza e a mais difícil de vencer.

Nós não somos assistentes sociais. Nós podemos estar fazendo trabalho de assistência social aos olhos de algumas pessoas, mas nós devemos ser contemplativas no coração do mundo. Pois estamos tocando no corpo de Cristo e estamos sempre em Sua presença.

Você também deve trazer esta presença de Deus para sua família, pois a família que reza unida, permanece unida.

Existe tanto ódio, tanta miséria, e nós com nossas orações, com nosso sacrifício, estamos começando em casa. O amor começa em casa, e não se trata do quanto nós fazemos, mas quanto amor colocamos naquilo que fazemos.

Se somos contemplativas no coração do mundo com todos os seus problemas, estes problemas jamais podem nos desencorajar. Nós devemos nos lembrar o que Deus fala na Escritura: "Mesmo se a mãe esquecer-se do filho que amamenta - algo impossível, mesmo se ela o esquecesse - Eu não te esqueceria nunca."

E aqui estou eu falando com vocês. Eu desejo que vocês encontrem os pobres daqui, na sua própria casa primeiro. E comece a amar ali. Seja a boa nova para o seu próprio povo primeiro. E descubra sobre o seu vizinho ao lado. Você sabe quem são eles?

Deus jamais nos esquecerá e sempre existe algo que você e eu podemos fazer. Nós podemos manter a alegria do amor de Jesus em nossos corações, e partilhar esta alegria com todos aqueles de quem nos aproximarmos.

Vamos insistir que - cada criança não seja indesejada, mal amada, mal cuidada, ou morta e jogada fora. E doe-se até que machuque - com um sorriso.

Porque eu falo muito sobre doar-se com um sorriso nos lábios, uma vez um professor dos Estados Unidos me perguntou: "Você é casada?" E eu disse: "Sim, e algumas vezes eu acho difícil sorrir para meu esposo, Jesus, porque Ele pode ser muito exigente - algumas vezes." Isto é mesmo algo verdadeiro.

E é aí que entra o amor - quando exige de nós, e ainda assim podemos dar com alegria.

Se nos lembrarmos que Deus nos ama, e que nós podemos amar os outros como Ele nos ama, então a América pode se tornar um sinal de paz para o mundo.

Daqui deve sair para o mundo, um sinal de cuidado para o mais fraco dos fracos - a futura criança. Se vocês se tornarem uma luz ardente de justiça e paz no mundo, então vocês serão verdadeiramente aquilo pelo qual os fundadores deste país lutaram. Deus vos abençoe!"


Madre Teresa de Calcutá










PENA DE MORTE SOB A ÓTICA DO ESPIRITISMO

PENA DE MORTE SOB A ÓTICA DO ESPIRITISMO


Bismael B. Moraes (*)

"Se tivessem os legisladores promulgado tantas leis para recompensar as boas ações quantas promulgaram para castigar os crimes, o número de virtuosos teria aumentado mais pela atração da recompensa do que o número dos perversos tem diminuído pelo medo do castigo".
(Luis XVI, Rei da França, 1754 – 1793)

SUMÁRIO: 1. Introdução ao tema; 2. Alguns pensadores e o conhecimento;3. Cesare Lombroso e Jean Charon; 4- Ensino da Doutrina Espírita; 5. Finalidade da Reencarnação; 6. Beccaria na Visão Espírita; 7. Discussão da Pena Capital e os Filões Rentáveis; 8. Observações de um Professor Cubano; 9. Razões Contra a Pena de Morte.

1. INTRODUÇÃO AO TEMA

Quanto mais as notícias sobre a violência e o crime aumentam – e, com elas, o medo -, há também, na busca por saídas para a paz social, aqueles que pensam imediatamente na exacerbação das penas e até na pena capital, para "combater os criminosos frios e violentos". Como a Doutrina Espírita analisa este problema? Vejamos.

O senso crítico é próprio dos seres que pensam. Qualidade do ser humano. Por outro lado, há uma assertiva do filósofo alemão Arthur Schopenhauer, no que tange à verdade, mostrando que esta passa sempre por três estágios: no primeiro, ela é ridicularizada; num segundo momento, é veementemente antagonizada, e, por fim, acaba sendo aceita.

Registra a história que, durante a Idade Média, muitos pensadores foram excomungados pela Igreja e, com o aval ou o silêncio do monarca, condenados à morte. Qualquer avanço da ciência, que pusesse em xeque o ensinamento eclesiástico, era tido como obra do demônio e classificado como heresia. Basta um exemplo: Galileu Galilei, condenado como herege por defender o heliocentrismo de Nicolau Copérnico, e que não se coadunava com o pensamento ensinado pela Religião Católica, contrária ao movimento da Terra em torno do Sol, somente agora, em 1992, com os pedidos de escusas pelo Papa João Paulo II, foi reabilitado da injustiça que, em 1663, lhe impôs a Inquisição. Imagine-se o risco de pensar e expor, àquela época, que a Terra era redonda!

Aliás, não foi apenas a reabilitação de cientistas: a Igreja Católica, ainda na Idade Média, aprovou que Joana D`Arc fosse queimada como feiticeira (em 30 de maio de 1431), porque esta dissera ter "ouvido vozes do céu" e foi logo associada ao diabo; porém, séculos depois (por decreto da Igreja, em 18 de abril de 1909), foi canonizada como Santa, saindo do inferno, para onde fora despachada, e sendo conduzida para o céu!

O preconceito, a ignorância, o interesse, a vaidade, a hipocrisia, tudo, enfim, é entrave ao progresso da humanidade. É por isso que as próprias Religiões ainda se digladiam, execrando umas às outras, sob alegação de que o fazem em nome de Deus, porque a verdade está do seu lado ou lhes pertence. Assim procedendo, envolvem as pessoas simples, que aceitam tudo sem raciocinar, sendo também convenientes aos comodistas, que não querem pensar –e, se pudessem, até comprariam um lugar cativo "no céu"!

2. ALGUNS PENSADORES E O CONHECIMENTO

O Espiritismo é a Doutrina da fé raciocinada, porque pede que cada pessoa – espírito encarnado -, diante de qualquer informação ou dúvida, reflita ou pergunte à sua própria consciência, somente aceitando como verossímil aquilo que a razão não desmentir.

Henri Bergson, filósofo francês, afirmou: "Materialistas constitucionais, estamos acostumados a lidar com matéria e mecanismos; e, a não ser que olhemos para dentro de nós, tudo figuraremos como máquinas materiais".

Herbert Spencer, filósofo inglês, reconheceu: "Somos obrigados a confessar que a vida, em sua essência, não pode ser concebida apenas em termos físico-químicos".

Jiddu Krishnamurti, filósofo indiano, alerta: "O homem ignorante não é o homem sem instrução; é aquele que não conhece a si próprio".

Sócrates, filósofo grego, de modo sucinto, ensinou: "Conhece-te a ti mesmo..., e conhecerás o Universo de Deus".

Se o intelecto e a moral caminhassem no mesmo patamar, não seriam necessárias as leis dos homens ou as leis do Estado; bastariam as Leis Morais, ou as Leis de Deus, ou as Leis da Natureza. Mas, a propósito, é bom que se repita: a filosofia já reconheceu que nenhuma lei humana será perfeita, se não for baseada nas Leis da Natureza, porque só estas são perfeitas e imutáveis, sendo, portanto, essenciais à felicidade do ser humano. Assim, só alcançaremos o progresso moral, quando, olhando para dentro de nós e refletindo sobre a nossa pequenez e o quanto somos presunçosos, tivermos a humildade de buscar nas Leis de Deus a inspiração para as nossas leis. Do contrário, não poderemos nos colocar como cristãos ou religiosos e – muito menos – dizer que amamos a Deus (causa primária de todas as coisas, inteligência suprema).

Em tudo isso, os seres humanos jamais devem esquecer que as bases biológicas são materiais ou físicas, mas as bases lógicas são espirituais ou racionais. Se a razão deve prevalecer sobre o instinto, o Espírito deve prevalecer sobre a matéria. Ou não há motivo de nos orgulharmos como seres pensantes!

O princípio cartesiano (do filósofo Descartes) – "Cogito; ergo sum": "penso; logo, existo", é uma verdade de que não se duvida, sob pena de o ser humano não poder vangloriar-se como ser dotado de razão, em oposição aos irracionais! Por isso, devemos evitar, quando tratando de assunto sério – como é a Doutrina Espírita -, expressões como: "Não acredito", ou: "Isso é bobagem", sem estudar.

3. CESARE LOMBROSO E JEAN CHARON

Mesmo o cientista Cesare Lombroso, tão conhecido pelos penalistas e criminólogos, que começou suas observações sobre o criminoso - especialmente, sobre o homicida – partindo do elemento físico ou da herança atávica, por intermédio do que procurava provar que, quanto maior fosse o número de indivíduos com as mesmas características na família (que indicasse o instinto sanguinário), mais próxima estaria tal indivíduo do tipo criminoso nato, evoluiu em suas pesquisas e, em 1909, lançou seu livro "Fenomeni Ipnotici e Spiritici" (tradução de Carlos Imbassahy, edição Lake, SP, como "Hipnotismo e Espiritismo"). Procurou ir mais fundo nos estudos do ser humano, com base nas experiências de De Vesme, Crookes, Richet, Lodge, De Rochas, Morselli, Aksakof e outros, em busca dos segredos da alma, enquanto os chamados criminólogos materialistas, ao que parece, estacionaram.

Ainda recentemente, um cientista francês, grande estudioso da obra de Alberto Einstein, o professor de Física Jean E. Charon, no seu livro "O Espírito, Este Desconhecido" (Editora Melhoramentos,SP, 1990), procurou, na pesquisa e na análise sérias, explicar e reconhecer a eternidade do Espírito, partindo do estudo dos elétrons. Aliás, como todo cientista consciente, explica: "O presente trabalho se dirige a todos que refletem sobre o mistério de nosso corpo e de nossa consciência, e mais globalmente às relações do Espírito com a Matéria, na escala do Universo inteiro". E, criticando os "cientistas ortodoxos" que "se recusam a ver a Metafísica penetrar sua linguagem e seu campo de experiência, como se estes problemas" (morte, espírito, matéria) "fossem indignos do conhecimento científico" (páginas 15,17,18), o professor Charon, de modo categórico, reconhece que "dentro de cada homem, há individualidades microscópicas que pensam, que sabem, que transportam o Espírito dentro do Universo, e que podemos chamar, segundo os antigos agnósticos, de ÉONS, mas que são, na realidade, os ELÉTRONS".

4. ENSINO DA DOUTRINA ESPÍRITA

A Doutrina Espírita (com base na Filosofia, na Ciência e na Moral Religiosa) ensina e prova, a quantos queiram aprender, que o corpo é passageiro, mas a alma é eterna. Quando fora do corpo, a alma chama-se Espírito. O corpo humano, na Terra, é instrumento de aprendizado – com expiações e provas – para o progresso do Espírito, que é o seu elemento nobre, pois todo conhecimento se manifesta por intermédio dele (Espírito), regente dos pensamentos, palavras e atos conscientes e voluntários do ser humano. Um pouco de ponderação e persistência fará com que cada pessoa, mesmo a mais descrente, descubra esta realidade.

Não se pode, ou melhor, não se deve fechar a porta ao arrependimento do criminoso, cortando-lhe a oportunidade de passar pelas provas e expiações naturais desta vida, mas, sim, procuram auxiliar o Plano Espiritual Superior em fazê-lo, mesmo vagarosamente, progredir, pois o Espírito atrasado, em relação à descoberta do amor fraterno, acha-se enfermo e precisa do tempo necessário à sua cura, nesta ou noutras existências.

5. FINALIDADES DA REENCARNAÇÃO

Falando da reencarnação (o Espírito retornando à Terra em outro corpo, masculino ou feminino, negro, branco, vermelho ou amarelo, no mesmo país, na mesma família, ou em outros lugares do globo terrestre, em outras sociedades, na riqueza ou na pobreza, na sabedoria ou na ignorância, perfeito fisicamente ou defeituoso, para viver poucos dias ou muitos anos, até o desencarne ou a morte, retornando ao plano espiritual ou à erraticidade – tempo que medeia uma e outra reencarnação), o filósofo Allan Kardec pergunta ao Espírito, na questão 166(de "O Livro dos Espíritos"):

"A alma que não atingiu a perfeição durante a vida corpórea, como acaba de depurar-se?" (E a resposta do Espírito, a esta indagação e às seguintes – a, b e c -, é esclarecedora).

"Submetendo-se à prova de uma nova existência. Ao se depurar, a alma sofre sem dúvida uma transformação, mas para isso necessita da prova da vida corpórea". Porque "a alma tem muitas existências corpóreas". Todos nós temos muitas existências. Os que dizem o contrário querem manter-vos na ignorância em que eles mesmos se encontram; esse é o seu desejo". E, por fim, mostra ser "evidente" que o princípio reencarnatório resulta do fato de que, "após ter deixado o corpo, a alma toma outro; ela se reencarna em novo corpo".

E quando Kardec pergunta, na questão 167, qual a finalidade da reencarnação, a resposta do Espírito é a seguinte:

"Expiação, melhoramento progressivo da Humanidade. Sem isso, onde estaria a justiça?"

E, na questão 171, perguntado ao Espírito sobre o que se funda o dogma da reencarnação, este responde:

"Sobre a justiça de Deus e a revelação, pois não nos cansamos de repetir: um bom pai deixa sempre aos filhos uma porta aberta ao arrependimento". (...)

E, a seguir, Allan Kardec esclarece melhor esse tópico:

"Todos os Espíritos tendem à perfeição, e Deus lhes proporciona os meios de consegui-la, com as provas da vida corpórea. Mas, na sua justiça, permite-lhes realizar, em novas existências, aquilo que não puderam fazer ou acabar numa primeira prova. (...). A doutrina da reencarnação, que consiste em admitir para o homem muitas existências sucessivas, é a única que corresponde à idéia da justiça de Deus, com respeito aos homens de condição moral inferior; a única que pode explicar o nosso futuro e fundamentar nossas esperanças, pois oferece-nos os meios de resgatarmos os nossos erros através de novas provas. A razão assim nos diz, e é o que os Espíritos nos ensinam".

6. BECCARIA NA VISÃO ESPÍRITA

Embora ainda se encontrem algumas pessoas que, falando de justiça, pretendam, de fato, a vingança (e que, para o Espiritismo, são espíritos com grande atraso moral, mesmo que, por vezes, sejam portadores da boa educação formal), nota-se um lento progresso nas legislações humanas, o que demonstra que a evolução é uma realidade; com entraves, mas ela prossegue.

Da vingança privada, chegou-se à pena de talião: tal mal, tal a pena, mais conhecida como "dente por dente, olho por olho". Explicava o saudoso professor Basileu Garcia, em suas "Instituições de Direito Penal", vol. I (Max Limonad, Editor, SP-1972), que "a pena de talião, embora hoje se afigure brutal, significa uma conquista", porque já apresenta o "princípio da personalidade da responsabilidade criminal", o que não ocorria na época da vingança, em que pelo fato praticado por um indivíduo, não só este pagava, mas também os que lhe fossem solidários.

Ensinava o mestre Basileu, na sua obra citada, que "O Direito antigo desconhecia o cárcere; "daí a utilização, tão generalizada da pena de morte. Aliás, mostra que, por volta do Século XVII, na França, a pena capital era imposta de cinco maneiras: 1 – o esquartejamento; 2 – morte na fogueira, em praça pública; 3- suplício da roda – com os membros partidos e o rosto virado para o céu, até morrer; 4- o enforcamento; 5- decapitação, depois aperfeiçoada pela invenção da guilhotina (para a morte ser mais rápida). Havia, ainda, outras modalidades cruéis de morte, sem contar os suplícios corporais – ferro em brasa, amputações das mãos, arrastamento por animais nas ruas, corte da língua, vazamento dos olhos etc.

No Século 18, Cesare Bonesana, o Marquês de Beccaria, investiu contra os castigos cruéis e, principalmente, contra a pena capital: "partindo da teoria do contrato social" (de Jean Jacques Rousseau), "raciocina Beccaria: o homem, cedendo uma parcela mínima de sua liberdade, para tornar possível a vida em coletividade, não se privou de todos os seus direitos; não poderia conferir a outrem o direito de matá-lo. Portanto, a pena de morte é desautorada pelo contrato social". (Basileu, op. cit., p. 56).

Evidentemente, todos os penalistas são unânimes em reconhecer a luta de Beccaria e a sua importância para a moderação das penas e a busca para a humanização do cárcere. No seu livro "Dos Delitos e das Penas", mostra que, "para que uma pena não seja um ato de violência contra o cidadão, deve ser essencialmente pública, pronta, necessária, a menor das penas aplicáveis, proporcionada ao delito e determinada pela lei". Tudo isso é básico no Direito Penal Moderno. (Por essas razões, e muito mais, se tivermos que analisar Beccaria à luz do Espiritismo, não há dúvida de nele reconhecer um Espírito de alta hierarquia, um grande missionário de luz da sua época).

Para aqueles que, ainda hoje, defendem a pena de morte (à luz do Espiritismo, tais pessoas são Espíritos vingadores, não afeitas à justiça), é bom lembrar um nome que, ainda no Século 19, pugnava pelo correcionalismo da pena: a pensadora espanhola Concepción Arenal, que entendia não haver "criminosos incorrigíveis, e sim incorrigidos", e que a pena só teria razão de existir se fosse "essencialmente correcional", argumentando, ainda, que as penitenciárias deveriam ser "grandes enfermarias do espírito".

7. DISCUSSÃO DA PENA CAPITAL E OS FILÕES RENTÁVEIS

Pena é sofrimento imposto pelo Estado; pena capital é pena de morte. E a pena de morte sempre foi e continua sendo discutida no mundo inteiro. Hoje, graças ao progresso das sociedades humanas, embora lento, ela vem sendo aplicada em poucos países. Mas existem, infelizmente, defensores dessa pena. Aqui e agora, devemos analisar a PENA DE MORTE SOB A ÓTICA DO ESPIRITISMO. Antes, porém, uma constatação: o crime, a violência e o medo vêm rendendo dividendos, sob várias formas: econômicos, políticos e até intelectuais, sem contar a fama de alguns pela ignorância de muitos. Mas não se pode deixar de observar que os crimes são, grosso modo, praticados por ação e por omissão, tanto dos indivíduos como dos órgãos públicos e privados. Basta parar pensar.

É o medo e o crime como filões rentáveis, assim como a ignorância sobre o Espírito, que, deliberadamente mantida por alguns segmentos que se dizem religiosos, têm rendido fama e fortuna a espertalhões e mistificadores, abusando da credulidade de muitos que não têm tempo para raciocinar.

A propósito do medo e do crime industrializado, seria conveniente uma vista d´olhos no livro "O Medo – Mal n.º I", de Georges Barbarin (Edição Forense, Rio, 1968), em que o autor, depois de falar sobre a fabricação do medo pelos meios de comunicação e de tratar das empresas que embrutecem o pensamento, falando até da responsabilidade das igrejas pela difusão das várias formas de tormentos e suplícios, chama a atenção de todos, com a seguinte observação: "Imagine-se o que pode ser a administração das coletividades humanas por chefes que o Medo produz e cujos reflexos físicos, mentais e morais estão ofuscados. Em verdade, o Medo povoou o mundo de loucos e de semi-loucos, tanto mais perigosos quanto mais elevada sua situação social e quanto mais afluem para os governos, as administrações, as igrejas, as universidades e os parlamentos!" (p.14).

Sobre a pena de morte, à luz do Espiritismo, há um livro clássico do professor Fernando Ortiz, da Universidade de Havana, denominado "A Filosofia Penal dos Espíritas", em que o autor faz um estudo jurídico, analisando as escolas penalógicas em confronto com os ensinamentos constantes de "O Livro dos Espíritos", de Allan Kardec.

Aliás, a tradução da obra do Professor Ortiz deve-se a Carlos Imbassahy, também tradutor de "Hipnotismo e Espiritismo", de Cesare Lombroso, e também autor de várias obras, destacando-se "A Mediunidade e a Lei" (Edição FEB/Rio), em que analisa questões envolvendo o Espiritismo e decisões dos Tribunais. Mas, agora, vejamos algumas observações e conclusões do mestre da Universidade de Havana.

8. OBSERVAÇÕES DE UM PROFESSOR CUBANO

O Professor Fernando Ortiz, da Universidade de Havana, no seu livro "A Filosofia Penal dos Espíritas" (Edição FEESP), faz a seguinte afirmação:

"Se classificarmos a teoria espírita da penalidade" – (com dois fundamentos: 1 – imediato – a defesa social humana; 2 – mediato – a tutela, a correção do delinqüente, seu melhoramento, seu progresso) – "entre as conhecidas teorias da ciência criminal, teremos que incluir a penalogia espírita na escola neocorrelaciolista de filosofia penal".

O mesmo Professor Ortiz, analisando o pensamento da chamada escola antropológica, de que há delinqüentes incorrigíveis, mostra que "o pensador de ciência positivista, que encerra suas idéias no campo de visualidade restrito da observação positiva dos fenômenos da vida, não vê além do que esta vida lhe oferece", enquanto que, "segundo a filosofia espírita, não há Espíritos incorrigíveis; todos são capazes de emendar-se e progredir".

Evidentemente, o positivista, especialmente se não houver perquirido, com profundidade e persistência, sobre a sua origem intelectiva, em comparação aos demais seres de sua espécie,- de onde venho e para onde vou? – (quando a própria Igreja Católica, recentemente, no mês de setembro de 1998, com a Encíclica "Fides et Ratio", para analisar a fé à luz da razão, já procura se redimir do seu dogmatismo de séculos) -, continuará com a impressão de que sua existência e a de todos os homens se resumem ao mero período que seu corpo atual suportar, tempo ínfimo diante da eternidade ou das muitas vidas para o progresso do Espírito (inteligência que anima o corpo passageiro), pontos basilares do Espiritismo.

Assim, no que tange ao fato de a corrigibilidade ser um problema de duração para os positivistas e defensores potenciais da pena capital para os criminosos incorrigíveis, mostra o Professor Fernando Ortiz que eles "erram por vezes, visto que o tempo de que dispõem para seus diagnósticos éticos é escasso, dura somente uma vida", enquanto "os espíritas podem crer-se vitoriosos, porque sua metafísica lhes amplia indefinidamente o tempo para a ação correcional, lhes concede várias vidas, ou melhor, lhes dá o infinito".

E, ainda em seu livro de confronto das teorias penais e com a Doutrina Espírita, o Professor Ortiz, depois de analisar a visão dos positivistas radicais da criminologia, que pretendem fundamentar a pena de morte na lei natural de seleção, fazendo sucumbir o delinqüente incorrigível, em nome da defesa social, traz à luz um argumento lógico intransponível:

"Hoje..., a ninguém ocorre, pelo mesmo princípio da defesa social, matar um leproso"- e nós acrescentamos: um aidético, um hemofílico – "incurável; e, a menos que se tenham em conta motivos de vingança na reação contra o delito, não há razão científica para raciocinar de um modo contra o delinqüente, e de outro contra o enfermo incurável e contagioso".

"Pode a morte de ambos" (o delinqüente e o doente) "ser desculpável em idades bárbaras, quando se ignoravam outros meios de defesa e de humana solidariedade; hoje, porém, são inexplicáveis. Assim o entende a ciência contemporânea e assim também o entende o Espiritismo, negando expressamente a necessidade e a justiça da pena de morte".

9. RAZÕES CONTRA A PENA DE MORTE

Assim, há três razões fundamentais contrárias à pena de morte:

a primeira, de ordem religiosa ou espiritual, pois não parece coerente com os ensinamentos cristãos ou com os que se dizem tementes a Deus, pugnar pela pena capital, sob a alegação de que os reincidentes em certos crimes hediondos não têm recuperação e, como animal peçonhento ou erva daninha, devem ser eliminados; isso, além do mais, mostra que os defensores desse ato irreversível, mascarando seus desejos de vingança, parecem pretender ombrear-se a Deus – onisciente, onipotente e onipresente - , pois, embora não criando o ser humano, antecipa-lhe o tempo de vida terrena, afirmando que o mesmo é irrecuperável para a sociedade; dessa forma, à luz do Espiritismo, a morte antecipada (pois a vida só a Deus pertence) estará contrariando a caminhada para o progresso do Espírito, que se dá por meio de provas e expiações, para que aprenda;

a segunda, de ordem moral ou social, porque o ser humano não é um número ou um objeto, pelo que não podem o Estado e a sociedade falhar na prevenção material, permitindo, por negligência ou falta de solidariedade, a fome, a miséria, a falta de moradia, de emprego e de escola, e na prevenção policial, possibilitando, por imprevisão, ignorância ou desconhecimento dos governantes, ou por mero interesse econômico ou político, que os delinqüentes atinjam as vítimas, para, em seguida, com argumentações estatísticas de fatos que poderiam ter sido evitados, pretenderem justificar a instituição da pena de morte;

a terceira, de ordem ético-jurídica, pois o Estado – pelos seus Três Poderes (Legislativo, criando a lei; Judiciário, aplicando a lei e Executivo, fazendo cumprir a lei), especialmente condenando os que praticam friamente crimes hediondos, os criminosos insensíveis e calculistas, também de modo aberrante, estará, de forma ainda mais cruel, agindo com data e hora marcadas, de modo "cientificamente" requintado – injeção letal, cadeira elétrica, câmara de gás, fuzilamento, enforcamento, decapitação, etc. -, e até contando com servidores públicos da hora – carrascos oficiais ou profissionais do extermínio -, pagos pelos cofres estatais, para a execução da funesta missão de matar, agora, não mais em legítima defesa, mas num hipotético "exercício regular de um direito", o que só envergonha a condição do ser humano, que se diz "pensante" e "civilizado".

Para o Espiritismo, com base na justiça divina da reencarnação, matar o criminoso, ao invés de fazê-lo cumprir a pena que lhe permita a reflexão e a correção de sua vida, é cortar-lhe a oportunidade de progredir, e - o mais grave – representa um cruel ato de vingança, contrário a qualquer princípio cristão.

A Doutrina Espírita ainda será, em futuro não distante, a base segura para os autênticos criminólogos e penalistas que, abolindo todas as formas de preconceito, queiram alcançar a verdadeira justiça, visando a uma sociedade mais humana e fraterna.

(*) Bismel B. Moraes, Mestre em Direito Processual pela USP, Professor da Academia de Polícia "Dr. Coriolano Nogueira Cobra" de São Paulo e da Faculdade de Direito de Guarulhos, é ex-Presidente da Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo.

OBSERVAÇÃO:

Caso queira maiores informações, Adquira o livro de Bismael B. Moraes, cujo título é Pena de Morte & Cremação Numa Visão Espírita (Dados Históricos, Procedimentos Legais - Normas, Requisitos e Objeções

sexta-feira, 26 de março de 2010

A visão espírita da violência






A onda de violência que assola o país tem merecido debates e análises diversas. Uma reação contra o nível de insegurança deu-se quando uma organização criminosa orquestrou a maior rebelião penitenciária do país, atingindo simultaneamente cerca de 15 delas em diversas cidades. Necessário investir em segurança pública e na construção de novos presídios, verdadeiros barris de pólvora por motivos de todos já conhecidos.

Das causas mais comuns listadas pelos especialistas temos: pobreza e desigualdades sociais, corrupção na polícia causada por impunidade e má remuneração, falta de verbas e recursos tecnológicos no trabalho repressivo, descompassos metodológicos e burocráticos entre as atuações das polícias Civil e Militar e no Judiciário, leis excessivamente brandas ou mal aplicadas, etc.

Para o sociólogo americano John Laub, muitos abandonam a criminalidade motivados por uma ligação afetiva ou pela identificação com o trabalho. Relaciona ainda a educação e a religião. O casamento é o mais importante enquanto as pesquisas no terreno da influência da religião não seriam conclusivas. "À primeira vista, as pessoas religiosas são menos propensas ao crime, mas como as crianças ligadas à religião são as mesmas que têm uma relação mais próxima com a família, já não se sabe qual dos dois fatores é o determinante." O resultado da atuação das religiões tradicionais ocidentais é secundário e conseqüente à boa estruturação familiar. A religião ajuda a disciplinar as pessoas porque é ministrada em lares de boa formação. Sozinha, fora do lar ou em condições econômicas miseráveis ou ambiente de contato com os vícios, nos moldes como é ensinada e vivenciada, raramente logra êxito.

Diferente do conjunto de conhecimentos de ordem filosófica e moral, com respaldo científico como o Espiritismo. Uma vez o indivíduo fosse informado adequadamente a respeito da reencarnação e da lei de causa e efeito Deus e a sobrevivência da alma são princípios comuns a todas as religiões certamente se preocupariam mais com o futuro. Longe a ingenuidade de crer que ser espírita resolveria todos os problemas. É claro que violência é o reflexo de situação conjuntural. A questão é que no Brasil até bandido acredita e pede ajuda a Deus.

Nas respostas às questões 629 e 630 de O Livro dos Espíritos vemos que moral é "a regra da boa conduta" com a possível distinção entre o bem e o mal porque "bem é tudo o que está de acordo com a lei de Deus e mal tudo o que dela se afasta, este com diferentes graus de responsabilidade, proporcional ao conhecimento. Na questão 644, Allan Kardec indaga se o meio em que certos homens vivem não é o motivo principal de muitos de seus vícios e crimes. "Sim dizem os benfeitores , mas é a conseqüência de prova escolhida pelo espírito antes de reencarnar; desejou expor-se à tentação para ter mérito na resistência. Há arrastamento, mas não irresistível." O progresso se dá pela melhor compreensão do que é o mal e correção de seus abusos. "É preciso que haja excesso do mal para fazer-lhe compreender a necessidade do bem e das reformas."

Há necessidade de mobilização geral da sociedade em prol da paz. A violência deve ser combatida de diversas formas, coercitiva e preventivamente, pelas autoridades e pelo cidadão comum, pela eliminação dos fatores mais presentes nos discursos dos especialistas, mas principalmente banida dos corações dos homens. O orgulho e o egoísmo são os maiores entraves ao progresso e o medo, a aflição, as agressões, seqüestros, estupros e mortes são indícios de atraso moral e distanciamento da felicidade humana. Maior que estes seja a ignorância espiritual, fruto da falta da educação no sentido amplo. Os princípios espíritas bem conhecidos e assimilados por um grande número de indivíduos, estabelecendo maioria e desencadeando processo de conscientização sobre o nosso ser, estar e agir no mundo, traduzido na prática diária, transformariam a sociedade para melhor. Somos egoístas e orgulhosos, tolos e arrogantes, corruptos e cruéis porque ignoramos de fato quem somos, de onde viemos; por que estamos aqui; e para onde vamos. A falta de espiritualização do homem é a causa de tudo. Miséria, crueldade, egoísmo, injustiças, leis imperfeitas, fanatismo, desagregação familiar, ódios, corrupção não passam de efeitos.

PENSAMENTO E SAÚDE






A Doutrina espírita, enquanto filosofia e ciência de conseqüências religiosas, conforme nos afirmou Allan Kardec no livro Obras Póstumas, analisa o ser humano e a suas manifestações sob o prisma da imortalidade da alma. Nessa visão, o homem é mais que matéria, é o princípio inteligente do universo, que manifesta-se na matéria utilizando-se de inúmeros corpos, matérias em estados vibratórios diferenciados, que vão da materialidade máxima do corpo físico à sutileza espiritual, transcendente, do espírito, inteligência que espelha, de certa maneira, a inteligência suprema do universo, da qual foi criado à imagem e semelhança.

Allan Kardec, em O Livro dos Espíritos, cunhou o termo perispírito para designar o conjunto de corpos que envolvem o espírito (Per, prefixo grego = em volta de). Conhecemos, por meio da literatura mediúnica, o duplo etérico, corpo de vitalidade, presente somente nos encarnados, que vitaliza a matéria orgânica; o corpo astral, corpo das emoções, de que se utiliza o espírito para se manifestar nas dimensões mais próximas à Terra, mais ou menos materializadas, corpo este sutil, controlado pela mente do espírito, maleável e sensível às transformações do sentimento e do padrão mental; e o corpo mental, sede da mente do espírito. Haveria ainda dois outros corpos, indicados pelo conhecimento esotérico, porém ainda sem estudos na literatura espírita: corpo átmico e corpo búdico. Essa introdução é necessária para que compreendamos que o pensamento, ondas de energia sutil, emana da mente do espírito que está localizada em região supra-cerebral, não se limitando a uma secreção neuroquímica do cérebro físico, como acredita a fisiologia e a Medicina terrena.

Segundo Emmanuel, pela psicografia de Chico Xavier, “assim como a aranha vive no centro da própria teia, o homem vive submerso nas criações do seu pensamento”. Imagem muito feliz, pois o espírito, pensando ininterruptamente, afeta com sua vibração peculiar o mundo em que vive, estabelecendo ligações com criaturas, circunstâncias e localidades, bem como edifica ou destrói o seu mundo íntimo, das células ao organismo, conforme elege a qualidade do que cultiva em seu campo mental e emocional. A aranha constrói a própria teia, que nasce dela, e nela se locomove, captura insetos, interage com o ambiente e reside. Da mesma forma o espírito, pensando cria e criando se alimenta daquilo que elegeu para sua vida interior. Afirma-nos Emmanuel, no livro Pão Nosso: “Pensar é criar. A realidade dessa criação pode não exteriorizar-se, de súbito, no capo dos efeitos transitórios, mas o objeto formado pelo poder mental vive no mundo íntimo, exigindo cuidados especiais para o esforço de continuidade ou extinção”.

Analisaremos a criação do pensamento inicialmente no mundo íntimo e, após, na realidade exterior, para compreendermos um pouco mais como o pensamento cria e controla a vida, como expressão do espírito imortal.


O Pensamento e o controle celular


No livro Roteiro, Emmanuel no ensina que “O pensamento é o gerador dos infra-corpúsculos ou das linhas de força do mundo subatômico, criador de correntes de bem ou mal, grandeza ou decadência, vida ou morte, segundo a vontade que o exterioriza e dirige”. Compreendemos com isso que o pensamento atua na base da matéria, no mundo subatômico, influenciando seu funcionamento.

No organismo humano temos a célula como unidade básica, o tijolo do corpo. Células se agrupam formando tecidos, os tecidos formam órgãos, os órgãos formam sistemas e os sistemas, o organismo. Na intimidade da célula encontramos o núcleo celular, onde se localiza o DNA, que, acredita-se, rege a vida na intimidade orgânica. Do núcleo celular partem as ordens, os comandos para produção de todas as substâncias, que são fabricadas no citoplasma da célula. Em evolução em dois mundos, André Luiz no informa que o pensamento atua influenciando e alterando, por meio do que ele chamou de bióforos (que sofrem a ação do pensamento), a interpretação a execução das ordens vindas do núcleo: Portanto, como é fácil de sentir e apreender, o corpo herda naturalmente do corpo, segundo as disposições da mente que se ajusta a outras mentes, nos circuitos da afinidade, cabendo, pois, ao homem responsável reconhecer que a hereditariedade relativa mas compulsória lhe talhará o corpo físico de que necessita em determinada encarnação, não lhe sendo possível alterar o plano de serviço que mereceu ou de que foi incumbido, segundo as suas aquisições e necessidades, mas pode, pela própria conduta feliz ou infeliz, acentuar ou esbater a coloração dos programas que lhe indicam a rota, através dos bióforos ou unidades de forca psicossomática que atuam no citoplasma, projetando sobre as células e, conseqüentemente, sobre o corpo os estados da mente, que estará enobrecendo ou agravando a própria situação, de acordo com a sua escolha do bem ou do mal”

O DNA representa a herança de cada um de seu passado espiritual, aquilo que é necessário ser trabalhado nessa encarnação ou que foi conseqüência imediata das escolhas do passado. É selecionado pelo ser reencarnante que elege (ou tem eleitas pelos espíritos superiores que dirigem o processo encarnatório) as necessidades espirituais mais prementes, as tendências biológicas que afetarão a vida do indivíduo de tal ou tal maneira, conforme as predisposições que o espírito construiu para sua vida. Dessa forma, o DNA representa o presidente da empresa e o citoplasma, os funcionários da mesma. Acreditávamos que a célula funcionasse em regime ditatorial: o núcleo mandou, está mandado. Mas a medicina vem descobrindo, por meio da epigenética (ramo da biologia que estuda as moléculas que interferem na regulação do núcleo celular), que a realidade é outra, a célula se comporta como uma democracia, sendo que variadas condições do meio (nutrição, estresse, etc) e do comportamento mental e moral controlam a expressão do genoma humano. No DNA estão as predisposições, que serão ativadas, inibidas ou reforçadas, conforme o padrão mental, emocional e comportamental do espírito ao longo da encarnação, no que configura o seu livre arbítrio. O DNA, expressando o carma, se modifica somente de encarnação para encarnação, porém sua expressão sofre a regulação e potencialização da vontade do indivíduo que re-decide a vida à medida em que a vive. E aí temos uma das manifestações da misericórdia divina, deixando ao ser que viva não em regime de fatalidade, mas de ação e reação, em todos os instantes da vida.

O pensamento, vertendo continuamente da mente do espírito, atua na intimidade celular, por meio dos circuitos e sistema circulatório energético do organismo humano (chacras, nadis, etc) de forma a autorizar ou desautorizar continuamente os movimentos biológicos que a reencarnação apresenta. Exemplificando: se uma pessoa reencarna com uma tendência a drenagem energética e de algum conteúdo psíquico desarmônico, na forma de um câncer, aos 40 anos de idade, conclamando-a ao reequilíbrio perante a vida, a sua consciência e as leis divinas, terá a oportunidade de, durante todo esse período, trabalhar em sua intimidade as circunstâncias que a levaram ao desequilíbrio, bem como suas tendências e características interiores. Dessa maneira, ao chegar aos 40 anos de idade, poderá ter confirmado sua predisposição, reforçando a necessidade pedagógica e re-harmonizadora de um tumor maligno ou ter amenizado sua experiência, tendo aprendido e se renovado por outros caminhos, atuando beneficamente em seu mundo celular, se conectando ao amor que tudo renova e amenizando a sua experiência, que poderá ser mais branda, ou mesmo inexistir, dependo da intensidade de suas conquistas. Por isso afirmou Pedro, sabiamente: “O amor cobre a multidão de pecados” (I Pedro 4:7) , o que André Luiz, no livro Nos domínios da Mediunidade, traduziu como “a mente reanimada reergue as vidas microscópicas (células) que a servem”. No entanto, caso a pessoa em questão tenha não só deixado de aprender por outros caminhos, mas agravado suas características pela repetição das escolhas, pode, pelo mesmo mecanismo, agravar suas características biológicas, complicando a saúde e determinando lições mais intensas da vida para seu despertamento e reequilíbrio.

Saúde e doença, nessa perspectiva, são, portanto, frutos da somatória e balanço entre predisposição e necessidade, tendência e renovação, a serviço da educação espiritual do espírito imortal e seu conseqüente despertamento para o amor, síntese das leis divinas.


Pensamento e criações mentais


Do ponto de vista exterior, aprendemos com Kardec e os espíritos codificadores, em O Livro dos Espíritos, que estamos rodeados, em nossa atmosfera espiritual, por um fluido básico, denominado fluido cósmico universal e suas transformações (fluidos de variadas espécies). Na revista espírita de Junho de 1868, Kardec nos ensina que O pensamento e a vontade são para os espíritos o que a mão é para o homem. Pelo pensamento, eles imprimem a esses fluidos tal ou tal direção; aglomeram-nos, combinam-nos ou os dispersam; com eles formam conjuntos tendo uma aparência, uma forma, uma cor determinada (...) Algumas vezes, essas transformações são o resultado de uma intenção; freqüentemente, são o produto de um pensamento inconsciente; basta ao espírito pensar numa coisa para que essa coisa se produza...”. O pensamento, sendo onda de energia sutil, em associação com o sentimento, plasma na realidade etérica a natureza de nossos interesses e preocupações, sentimentos e fixações, na forma de criações mentais, formas-pensamentos, parasitas astrais, conforme a natureza da criação, que habitam em torno do seu foco de origem, fazendo com cada indivíduo esteja permanentemente rodeado pela representação das coisas, objetos, pessoas, interesses e intenções que povoem o seu campo mental e sua vida íntima. Isso ocorre de tal forma que qualquer espírito menos obnubilado espiritualmente que de nós se aproxime poderá perceber o teor de nossas ocupações e interesses, pelo halo energético, psíquico que irradia de cada um de nós. Talvez por isso Jesus tenha afirmado que “nada há oculto, que não haja de manifestar-se, nem escondido, que não venha a ser conhecido e revelado (Lucas 8:17), visto que não há como esconder do universo nossas criações mentais e emocionais.

André Luiz, em Nos domínios da Mediunidade, nos afirma que “onde há pensamento há correntes mentais, e onde há correntes mentais existe associação. E toda associação é interdependência e influenciação recíproca”. As formas pensamentos que são criadas pela nossa vida mental e são vitalizadas pelo nosso sentimento, se associam no universo àquelas de mesmo teor energético, vibratório, formando correntes mentais de acordo com sua natureza íntima. Assim como as ondas de rádio, televisão e telefonia, existem inúmeras correntes mentais e emocionais viajando na atmosfera espiritual do planeta, tantas quantas são as emoções e pensamentos predominantes na humanidade terrestre, localizando-se em cada comunidade as que forem criadas e estiverem em sintonia com o interesse coletivo daqueles que habitam aquela área.

Quando pensamos fixa e continuadamente em algo criamos e criando nos vinculamos às correntes de mesma natureza, dela nos retroalimentando, fortalecendo o teor vibratório íntimo, em sistema de feedback. Marlene Nobre, citando André Luiz em seu livro A Alma da Matéria nos diz que “Uma vez emitidos, os pensamentos voltam inevitavelmente ao próprio emissor, de forma a envolver o ser humano em suas próprias ondas de criações mentais, e, muitas vezes, podem estar acrescidos dos produtos de outros seres, que com eles se harmonizam”. Essa realidade se apresenta de forma automática, natural no dia a dia de encarnados e desencarnados, de forma inconsciente mesmo, conforme ensinou Kardec. Porém se torna ainda mais complexa quando envolve situações e intenções conscientes, conforme nos explica André Luiz em Ação e Reação: “Ora, sabendo que o bem é expansão da luz e que o mal é condensação da sombra, quando nos transviamos na crueldade para com os outros, nossos pensamentos, ondas de energia sutil, de passagem pelos lugares e criaturas, situações e coisas que nos afetam a memória, agem e reagem sobre si mesmos, em circuito fechado, e trazem-nos, assim, de volta, as sensações desagradáveis, hauridas ao contacto de nossas obras infelizes”. A Medicina hoje nos explica que ao relembrarmos determinado fato temos a produção neuroquímica cerebral compatível com o ato, como se ele ocorresse naquele mesmo instante, configurando verdadeiramente um re-sentimento da circunstância feliz ou infeliz vivenciada. E André Luiz nos afirma que mesmo ao relembrar, revisitamos energeticamente os lugares, criaturas, situações e coisas ligadas ao fato, nos conectando a elas e recebendo delas seu teor energético particular. Baseado nessa consciência, Emmanuel nos adverte em Pão Nosso: “Nosso espírito residirá onde projetarmos nossos pensamentos, alicerces vivos do bem e do mal. Por isto mesmo, dizia Paulo, sabiamente: - "Pensai na coisas que são de cima.". Todo esse retorno energético, sendo reabsorvido por sintonia pelo ser espírito, visita a intimidade celular do mesmo, determinando harmonia ou desarmonia, saúde ou doença conforme a natureza da vibração.


Correntes mentais e formas parasitas


As correntes mentais de natureza inferior, distantes da vibração harmônica do amor, vivem alimentadas pelos sentimentos de ódio, vingança, maldade, inveja, etc, que são expressões da alma em perturbação interior. Essas criações, vitalizadas pela emoção e sentimento afins, ganham vida própria, existindo enquanto houver teor energético suficiente para mantê-las vitalizadas, em manifestação de vida artificial e temporária. O Espírito Ângelo Inácio, pela psicografia de Robson Pinheiro, no livro Legião, nos apresenta essa realidade em uma visita na parte astral de um grande centro urbano: “Vimos uma fina camada de algo que mais parecia uma rede, tecida em material do plano astral semelhante a fios de nylon, com coloração dourada. Com mais atenção ainda, vimos que o material se espalhava por uma área imensa da cidade ou daquele bairro onde estávamos”. Tratava-se de uma criação mental coletiva, de natureza inferior que, pairando sob o bairro, parasitava energeticamente, com sua irradiação magnética, à semelhança de tentáculos, todos aqueles que entravam em sintonia com seu teor vibratório. Estes tinham sua energia vital sugada, alimentando a criação mental, enquanto recebiam seu teor energético nocivo e deletério, que aumentava as emoções, sentimentos e pensamentos de natureza afim, agravando os conflitos internos e afetando negativamente a saúde dos indivíduos.

Todo ambiente tem a sua criação mental peculiar, de acordo com a somatória dos interesses daqueles que ali freqüentam, convivem e trabalham: “Uma assembléia é um foco onde irradiam pensamentos diversos; é como uma orquestra, um coro de pensamentos onde cada um produz a sua nota. Disto resulta uma porção de correntes e de eflúvios fluídicos dos quais cada um recebe a impressão dos sons pelo sentido da audição”, afirmou Allan Kardec na Revista Espírita de 1864. Ângelo Inácio apresenta essa realidade falando do ambiente de saunas, igrejas e outras localidades e exortando a cada um a selecionar onde freqüentar, quando, como e com quem, visto que nos alimentamos psiquicamente e energeticamente daquilo que nos excita o interesse. Visitando um hospital de grande porte, ele narra: “Estávamos agora em um hospital, um pronto-socorro municipal (...) diversos indivíduos, que exalavam odores desagradáveis pareciam atrair formas mentais assemelhadas a aranhas, que andavam sobre seus corpos e, em determinado momento, inseriam pequenos ferrões nos corpos de suas vítimas, como se injetassem algum veneno nelas”. Sabemos que essas aranhas são criações mentais nocivas que tem essa forma devido à influência do inconsciente coletivo, que fornece os modelos de repugnância e medo daquela comunidade, formatando as formas mentais compatíveis com esses sentimentos e que são atraídas para aqueles que possuem padrão mental semelhante. No caso, os doentes afetados mantinham-se em atitude mental de rebeldia, inconformação e revolta interior, atraindo para si as formas mentais em sintonia com esse estado do pensamento e do sentimento. Da mesma forma, quando alimenta-se de esperança, paz, otimismo e alegria, o homem se conecta com as correntes mentais dessa natureza, haurindo delas a força para continuidade desse estado e a manutenção da paz interior. A prece, recurso psíquico de autodefesa mental, energética e emocional, como manifestação de nosso desejo de contato com o alto, com as correntes superiores de luz e de paz, é a força mais poderosa do universo. Não só alimenta-nos a fé, a “confiança nas coisas que se esperam e a certeza das que não se vêem (Hebreus 11:1)”, conforme asseverou Paulo, como nutre as matrizes mentais superiores, os pensamentos que nos conectam com a fonte, determinando conexão com o belo e o bem e auxiliando-nos na produção de criações e correntes mentais que nos sustentam a caminhada nos caminhos do equilíbrio e da paz.


Perdão, criações mentais superiores e saúde


Baseado em todo esse conhecimento, podemos concluir que Jesus nos legou elevado código científico de saúde e harmonia quando nos afirmou que ele, expressão do amor, é o caminho, a verdade e a vida, exortando-nos a perdoar incondicionalmente. A mágoa, como nódoa energética interior, símbolo de nossas fragilidades feridas em contato com o mundo, e a postura e o desejo de vingança, representam sintonia e conexão com criaturas e criações mentais deletérias, que nos fortalecem a desconexão com o Pai e nos afastam da paz de consciência tão desejada. Não perdoar, dizia Shakespeare, é “tomar veneno desejando que o outro morra”. O perdão, em contrapartida, sendo uma decisão pela paz, uma postura de humildade no reconhecimento de nossas necessidades íntimas, nossas fragilidades e desafios, nossas susceptibilidades e carências, beneficia primeiramente a nós mesmos, conectando-nos à fonte e às criações mentais sublimes que nos elevam e dão centramento na caminhada da vida.


Conclusão


Tendo em vista o poder do pensamento, em conexão com as emoções e o sentimento, dos quais não há como se dissociar, nos mostra que cada espírito é senhor de si mesmo, construtor de seu destino e de sua realidade física, energética e espiritual, escolhendo a cada instante ao que se liga ou desliga, conforme elege no que pensa e cultiva em sua intimidade. Renovar as matrizes mentais, tantas vezes já comprometidas com o reflexo de nosso passado espiritual, pelos caminhos do desamor, se apresenta como a necessidade urgente de todo filho de Deus que constata e deseja assumir a sua felicidade como responsabilidade pessoal e intransferível.

O amor, longe de ser apenas um símbolo religioso, se converte em uma verdade científica à luz da Ciência espírita, apresentando-se como o caminho mais fácil curto e o menos dispendioso para a paz e a felicidade, construção do reino de Deus em nós. Disse Jesus: “Vinde a mim todos vós que estais cansados e oprimidos que vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve”. (Mateus 11 28-30). Pensar amorosamente, conectado à compaixão e à ternura divina, manifestações da misericórdia do senhor, é o caminho para a vitalização da alma e a conexão com o bem, construtores de saúde física e espiritual. Concluímos com Emmanuel, que com sua sabedoria afirma, pela psicografia de Chico Xavier, em Pensamento e vida: “O nosso pensamento cria a vida que procuramos, através do reflexo de nós mesmos, até que nos identifiquemos, um dia, no curso dos milênios, com a Sabedoria Infinita e com o Infinito Amor, que constituem o pensamento e a Vida de Nosso Pai.”